Quando o autor brinca de desaparecer: figurações autoriais e mistificações na época romântica (Les Veillées du Tasse e Les Soirées de Walter Scott à Paris)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i12p88-105Palavras-chave:
Romantismo, Autoria, Figuração do autor, Litera- tura e história cultural, Falsificação, Oralidade.Resumo
Este artigo ilustra como o modelo teórico das “figurações autorais” recentemente contribuiu para renovar o estudo do autor e da autoria em pesquisas sobre a literatura francesa. Esse modelo permite ir além da depreciação que o estru-turalismo e a teoria da desconstrução haviam lançado sobre as manifestações do autor no texto e as representações diretas de sua voz: a proposta do artigo é ler a presença autoral à luz da história cultural e mostrar que essas figurações autorais não pretendem dar uma representação fiel do verdadeiro autor, nem imitar as autoridades narrativas reais do texto. A falsificação romântica é uma ilustração exemplar deste modelo: o autor parece desaparecer atrás de uma figura enganosa, apenas para afirmar melhor seu poder narrativo. A falsificação estabelece uma estratégia híbrida: os escritores atraem os seus leitores com a promessa de um contato direto com o autor, mas desenvolvem uma manipulação narrativa em que o leitor é deixado com apenas o texto em si.
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