Heterogeneidade estrutural e informalidade no Brasil: produtividade por setor de produção na década de 2010
DOI:
https://doi.org/10.1590/1980-53575524tatPalavras-chave:
Produtividade do trabalho, Setores formal e informal, Sistema de Contas Nacionais, Economia brasileiraResumo
Investiga-se o papel dos setores de produção (formal/informal) e de suas atividades econômicas de acordo com as recomendações internacionais e dentro da fronteira de produção do Sistema de Contas Nacionais. Os setores formal e informal são investigados pela ótica da produção, e não pela usual ótica da ocupação. Em um primeiro momento, estimam-se o valor adicionado, as ocupações e a produtividade do trabalho do Brasil no período de 2010 a 2019 (e em subperíodos). Posteriormente, decompõe-se a taxa de crescimento da produtividade agregada a partir da metodologia proposta por Diewert (2015), a qual lida explicitamente com mudanças de preços relativos. A análise desconsidera atividades com elevada parcela de produção não-mercantil e/ou imputada para não viesar a dinâmica da produtividade, embora também se coteje os resultados considerando todas as atividades da economia. Os resultados indicaram que cerca de 44% das ocupações se encontram fora do setor formal e que tais atividades geram menos de 21% do valor adicionado da economia. Verificou-se grande heterogeneidade produtiva tanto entre os setores de produção quanto dentro de cada um deles. Alterações nas ocupações e na produtividade dos segmentos formal e informal da economia se apresentaram como fontes importantes na explicação do baixo dinamismo da produtividade agregada.
Downloads
Referências
Amin, M.; Okou, C. 2020. “Casting a shadow: productivity of formal firms and informality”. Review of Development Economics 24 (4): 1-21.
Amitrano, C. R.; Squeff, G. C. 2017. “Notas sobre informalidade, produtividade do trabalho e grau de utilização e seus impactos sobre o crescimento econômico no Brasil nos anos 2000”. Nova Economia 27 (3): 511-550.
Chacaltana, J.; Bonnet, F.; Garcia, J. M. 2022. “Growth, economic structure and informality”. ILO Working Paper, n. 69. Geneva: International Labour Organization.
Chatterjee, U.; Kanbur, R. 2015. “Non-compliance with India’s factories act: magnitude and patterns”. International Labour Review 154 (3): 393-412.
Chen, M. A. 2012. “The informal economy: definitions, theories and policies”. WIEGO Working Paper, n. 1. Manchester: Women in Informal Employment Globalizing and Organizing.
Cimoli, M.; Primi, A.; Pugno, M. 2006. “A low-growth model: informality as a structural constraint”. Cepal Review 88: 85-102.
De Soto, H. 1989. “The other path: the invisible revolution in the third world”. New York: Harper and Row. de Vries, G. J.; Erumban, A. A.; Timmer, M. P.; Voskoboynikov, I.; Wu, H. X. 2012. “Deconstructing the BRICs: structural transformation and aggregate productivity growth”. Journal of Comparative Economics 40 (2): 211-227.
Deléchat, C.; Medina, L. 2021. “Introduction: what do we know about the informal economy”. In: Deléchat, C.; Medina, L. (Eds.) The global informal workforce: priorities for inclusive growth. Washington, DC: International Monetary Fund, p. 1-9.
Dell’Anno, R. 2022. “Theories and definitions of the informal economy: a survey”. Journal of Economic Surveys 36 (5): 1610-1643.
Diewert, W. E. 2015. “Decompositions of productivity growth into sectoral effects”. Journal of Productivity Analysis 43 (3): 367-387.
Docquier, F.; Müller, T.; Naval, J. 2017. “Informality and long-run growth”. The Scandinavian Journal of Economics 119 (4): 1040-1085.
Elgin, C; Kose, M. A.; Ohnsorge, F.; Yu, S. 2021. “Understanding the informal economy: concepts and trends”. In: Ohnsorge, F.; Yu, S. (Eds.) The long shadow of informality: challenges and policies. Washington, DC: The World Group Bank, p. 35-91.
Farrell, D. 2004. “The hidden dangers of the informal economy”. McKinsey Quarterly, 3: 27–37.
Feijó, C. A.; Silva, D. B. do N.; Souza, A. C. de. 2009. “Quão heterogêneo é o setor informal brasileiro? Uma
proposta de classificação de atividades baseada na Ecinf”. R. Econ. Contemp 13 (2): 329-354.
Fevereiro, J. B. R. T.; Freitas, F. N. P. de. 2015. “Produtividade do trabalho e mudança estrutural: uma comparação entre diferentes métodos de decomposição a partir da experiência brasileira entre 2000-2011”. In: Anais do Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira. Uberlândia-MG: AKB.
Fields, G. S. 1975. “Rural-urban migration, urban unemployment and underemployment, and job-search activity in LDCs”. Journal of Development Economics 2 (2): 165-187.
Furtado, C. 1961. “Desarrollo y subdesarrollo”. México, D.F.: Fondo de Cultura Económica.
Guha-Khasnobis, B.; Kanbur, R.; Ostrom, E. 2006. “Beyond formality and informality”. In: Guha-Khasnobis,
B.; Kanbur, R.; Ostrom, E. (Eds.) Linking the formal and informal economy: concepts and policies. Oxford: Oxford University Press.
Hallak Neto, J.; Namir, K.; Kozovits, L.; Pereira, S. R. 2008. “Setor e emprego informal no Brasil: análise dos
resultados da nova série do Sistema de Contas Nacionais”. Texto para Discussão, n. 31. Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de Contas Nacionais.
Hallak Neto, J.; Namir, K.; Kozovits, L. 2012. “Setor e emprego informal no Brasil: análise dos resultados da nova série do sistema de contas nacionais – 2000/07”. Economia e Sociedade 21 (1): 93-113.
Harris, J. R.; Todaro, M. P. 1970. “Migration, unemployment, and development: a two-sector analysis”. American Economic Review 60 (1): 126-142.
Hart, K. 1973. “Informal income opportunities and urban employment in Ghana”. The Journal of Modern African Studies 11 (1): 61-89.
Infante, R.; Mussi, C.; Oddo, M. (eds.) 2015. “Por um desenvolvimento inclusivo: o caso do Brasil”. Santiago do Chile: CEPAL/OIT/IPEA.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2016. “Sistema de contas nacionais: Brasil: ano de referência 2010”. Série relatórios metodológicos, v. 24, 3ª ed. Rio de Janeiro: IBGE.
International Labour Organization (ILO). 1972. “Employment, incomes and equality: a strategic for increasing productive employment in Kenya”. Geneva: ILO.
International Labour Organization (ILO). 2018. “Women and men in the informal economy: a statistical picture (third edition)”. Geneva: International Labour Organization.
Kanbur, R. 2009. Conceptualising informality: regulation and enforcement. IZA Discussion Paper, n. 4186. Institute of Labor Economics, Bonn, Germany.
Kupfer, D.; Rocha, F. 2005. “Productividad y heterogeneidade estructural en la indústria brasileña”. In: Cimoli, M. (ed.) Heterogeneidad estructural, asimetrías tecnológicas y crecimiento en América Latina. Santiago de Chile: Cepal/BID, p. 72-100.
La Porta, R.; A. Shleifer, A. 2014. “Informality and development”. Journal of Economic Perspectives 28 (3): 109-126.
Levy, S. 2008. “Good intentions, bad outcomes: social policy, informality and economic growth in Mexico”. Washington, DC: Brookings Institution Press.
Lewis, W. A. 1954. “Economic development with unlimited supplies of labour”. The Manchester School 22 (2): 139-191.
Loayza, N. V. 2016. “Informality in the process of development and growth”. The World Economy 39 (12): 1856-1916.
Loayza, N. V. 2018. “Informality: why is it so widespread and how can it be reduced?” Research & Policy Brief, n. 20. Kuala Lumpur, Malaysia: World Bank Group.
Maloney, W. F. 1999. “Does informality imply segmentation in urban labor markets? Evidence from sectoral transitions in Mexico”. The World Bank Economic Review 13 (2): 275-302.
Medina, L.; Schneider, F. 2021. “The evolution of shadow economies through the 21st century”. In: Deléchat, C.;
Medina, L. (Eds.) The global informal workforce: priorities for inclusive growth. Washington, DC: International Monetary Fund, p. 10-69.
Nogueira, M. O. 2017. “Um pirilampo no porão: um pouco de luz nos dilemas da produtividade das pequenas empresas e da informalidade no Brasil”. Brasília: IPEA.
Perry, G. E.; Maloney, W. F.; Arias, O. S.; Fajnzylber, P.; Madson, A. D.; Saavedra-Chanduvi, J. 2007. “Informality: exit and exclusion”. Latin American and Caribbean Studies. Washington, DC: World Bank.
Pinto, A. 1970. “Naturaleza e implicaciones de la “heterogeneidad estructural” de la América Latina”. El Trimestre Económico 37 (145): 83-100.
Prebisch, R. 1949. “El desarrollo económico de la América Latina y algunos de sus principales problemas”. (E/CN.12/89), Santiago de Chile: CEPAL.
Rauch, J. E. 1991. “Modeling the informal sector formally”. Journal of Development Economics 35 (1): 33-47.
Schneider F.; Enste, D. H. 2000. “Shadow economies: size, causes and consequences”. Journal of Economic Literature 38 (1): 77–114.
Squeff, G. C. 2015. “Produtividade do trabalho nos setores formal e informal no Brasil: uma avaliação do período recente”. Texto para Discussão, n. 2084. Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada. Brasília: Ipea.
Squeff, G. C.; De Negri, F. 2014. “Produtividade do trabalho e mudança estrutural no Brasil nos anos 2000”.
In: De Negri, F; Cavalcante, L. R. (orgs.). Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes, v. 1. Brasília: ABDI-Ipea.
Tang, J.; Wang, W. 2004. “Sources of aggregate labour productivity growth in Canada and the United States”. The Canadian Journal of Economics / Revue Canadienne d’Economique 37 (2): 421-444.
Torezani, T. A. 2022. “Decomposição do crescimento da renda per capita do Brasil: uma abordagem regional-setorial”. Nova Economia 32 (2): 427-476.
Torezani, T. A. 2025. "Contribuições setoriais ao crescimento da produtividade brasileira no limiar do século XXI a partir de diferentes métodos de decomposição". Rev. Econ. Contemp. 29: 1-47.
Ulyssea, G. 2018. “Firms, informality, and development: theory and evidence from Brazil”. American Economic Review, 108 (8): 2015-2047.
Ulyssea, G. 2020. “Informality: causes and consequences for development”. Annual Review of Economics 12 (1): 525-546.
United Nations. 1993. “System of National Accounts 1993” [SNA 1993]. New York: United Nations.
United Nations. 2009. “System of National Accounts 2008” [SNA 2008]. New York: United Nations.
Vahdat, V. S.; Borsari, P. R.; Lemos, P. R.; Ribeiro, F. F.; Benatti, G. S. S.; Cavalcante Filho, P. G.; Farias, B. G. 2022. “Retrato do trabalho informal no Brasil: desafios e caminhos de solução”. São Paulo: Fundação Arymax, B3 Social, Instituto Veredas.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Tomás Amaral Torezani

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A submissão de artigo autoriza sua publicação e implica o compromisso de que o mesmo material não esteja sendo submetido a outro periódico.
A revista não paga direitos autorais aos autores dos artigos publicados.