Desigualdades interseccionais nos programas de pós-graduação stricto sensu em educação física

Autores

  • Giannina do Espírito-Santo Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)
  • Alexandre Palma Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Renata Veloso Vasconcelos Centro Universitário Mauricio de Nassau
  • Monique Ribeiro de Assis Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Claudia Paulich Loterio Centro Universitário Augusto Motta

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349252722por

Palavras-chave:

Interseccionalidade, Racismo, Sexismo, Ciência, Colonialidade

Resumo

O objetivo foi identificar se há, no corpo docente, assimetrias de gênero, raça e especialmente a interseccionalidade de gênero e raça no acesso acadêmico aos programas de pós-graduação stricto sensu em educação física no Brasil; bem como verificar se as linhas de pesquisa envolvem as referidas temáticas. Foi realizado um levantamento do quantitativo de pesquisadores/professores de todos os programas de pós-graduação stricto sensu em educação física no Brasil a partir de busca prévia dos dados cadastrados e disponibilizados pela CAPES e de posterior consulta aos sítios eletrônicos de cada programa para identificação de sexo, cor da pele e linhas de pesquisa. Observamos que 65,8% dos docentes são homens brancos, enquanto uma pequena parte (0,52%) corresponde a mulheres negras. As linhas e projetos existentes têm pouca relação com as questões raciais e de gênero. Além disto, verificou-se que os pesquisadores contemplados com bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) são majoritariamente pessoas do sexo masculino, de cor de pele branca ou amarela e que produzem a partir das ciências biomédicas. Conclui-se, portanto, que as desigualdades interseccionais de gênero e raça estão muito presentes nos programas de pós-graduação em educação física e que temáticas de gênero e raça são escassas.

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Biografia do Autor

  • Giannina do Espírito-Santo, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)

    é assessora da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Brasília, DF, Brasil; doutora em educação física pela Universidade Gama Filho.

  • Alexandre Palma, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    é docente do Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É doutor em saúde pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz.

  • Monique Ribeiro de Assis, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    é docente do Programa de Pós-graduação em Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É doutora em educação física pela Universidade Gama Filho.

  • Claudia Paulich Loterio, Centro Universitário Augusto Motta

    é docente do curso de educação física do Centro Universitário Augusto Motta. É mestre em saúde pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz.

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Publicado

2023-12-22

Como Citar

Desigualdades interseccionais nos programas de pós-graduação stricto sensu em educação física. (2023). Educação E Pesquisa, 49(contínuo), e252722. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349252722por