A Bela e a Fera: representações coloniais de gênero em três versões do conto
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v11i1p23-48Palavras-chave:
A Bela e a Fera, Colonialidade de gênero, Contos de Fadas, RepresentaçõesResumo
Este artigo tem por objetivo analisar as representações de gênero presentes em três versões do conto A Bela e a Fera. Escolheu-se para análise a primeira versão escrita de 1740, de Gabrielle de Villeneuve; a segunda versão escrita de 1756, de Jeanne-Marie de Beaumont; e a versão cinematográfica animada de 1991, produzida pelos estúdios Disney. Entende-se os contos de fadas como tecnologias coloniais e modernas de construção de gênero. O conto A Bela e a Fera foi escolhido devido sua difusão pelo mundo ocidental. Para a análise, utilizou-se dos conceitos de gênero, conforme Butler (2019) e Lauretis (1993; 2019); o conceito de representação, segundo Chartier (1991) e Pesavento (1999); e o conceito de colonialidade de gênero, de acordo com Lugones (2008; 2012) e Walsh (2018). Conclui-se que as versões do conto analisadas produzem e reproduzem noções coloniais, modernas, binárias, dicotômicas e hierárquicas de gênero.
Downloads
Referências
AGUADO PELÁEZ, D.; MARTÍNEZ GARCÍA, P. ¿Se há vuelto Disney feminista? Un nuevo modelo de princesas empoderadas. Área Abierta, Madrid, v. 15, n. 2, p. 49-61, 2015.
BADINTER, E. Émilie, Émilie: A ambição feminina no século XVIII. Trad. Celeste Marcondes. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
BALISCEI, J.; CALSA, G.; STEIN, V. “ (In)felizes para sempre”? Imagens da Disney e a manutenção da heteronormatividade. Bagoas, Natal, n. 14, p. 163-180, 2016.
BEAUMONT, J.; VILLENUEVE, G. A Bela e a Fera: A versão clássica e a surpreendente versão original. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
BEAUTY AND THE BEAST. Direção de Gary Trousdale; Kirk Wise. Estados Unidos: Walt Disney Animation Studios, 1991. (84 min).
BREDER, F. Feminismo e príncipes encantados: A representação feminina nos filmes de princesa da Disney. 74 f. Monografia (Bacharel em Comunicação Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2013.
BUTLER, J. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. 17. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.
CEBRIÁN FLORES, J. La mujer como centro de la vida intelectual em el siglo XVIII: Mme. de Lambert y Mme. de Beaumont. In: HERNÁNDEZ ÁLVAREZ, V.; FLORES GARCÍA, Á.; SCAMPUDDU, I. (orgs.). Las mujeres y la construcción cultural. Salamanca: Ed. Universidad Salamanca, 2018, p. 61-74.
CHARTIER, R. O mundo como representação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 11, n. 5, p. 173-191, 1991.
DARNTON, R. O grande massacre de gatos: E outros episódios da História Cultural francesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FOSSATTI, C. Cinema de animação e as princesas: Uma análise das categorias de gênero. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL, 10, 2009, Blumenau. Anais do X Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul. Blumenau: Intercom, 2009. p. 01-16.
LAURETIS, T. A tecnologia de gênero. In: HOLLANDA, H. (org.). Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, p. 121-155.
LAURETIS, T. Através do espelho: Mulher, cinema e linguagem. Estudos Feministas, Florianópolis, n. 1, p. 96-122, 1993.
LINS, R. O livro do amor: Do Iluminismo à atualidade. Rio de Janeiro: Best Seller, 2012.
LUGONES, M. Colonialidad y género. Tabula Rasa, Bogotá, n. 9, p. 73-101, 2008.
LUGONES, M. Subjetividad esclava, colonialidad de género, marginalidad y opresiones múltiples. in: CONEXIÓN FONDO DE EMANCIPACIÓN (org.). Pensando los feminismos en Bolivia. La Paz: Conexión Fondo de Emancipación, 2012, p. 129-139.
MACHADO, L. E a mídia criou a mulher: Como a TV e o cinema constroem o sistema de sexo/gênero. Tese (Doutorado em História) – Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
MAIA, R. A diversidade e a paródia do gênero nos filmes Shrek: 2001 a 2010. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, 2014.
MAIA, R.; MAIA, C. Os contos de fadas no cinema: Uma perspectiva das construções de gênero, sua história e transformações. Ágora, Vitória, n. 22, p. 258-274, 2015.
PEGORARO, C. Animação e quadrinhos Disney: Produção cultural no início do século XXI. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2016.
PERROT, M. Minha história das mulheres. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2019.
PESAVENTO, S. Em busca de uma outra história: Imaginando o imaginário. Cuadernos del Sur, Bahia Blanca, v. 28, p. 235-255, 1999.
PESAVENTO, S. O mundo como texto: Leituras da História e da Literatura. História da Educação, Pelotas, v. 7, n. 14, p. 31 – 45, 2003.
PIQUER DESVAUX, A. El periplo literário de Leprince de Beaumont: Del cuento maravilloso a la historia ejemplar. in: GIMENO PUYOL, M.; VIAMONTE LUCIENTES, E. (org.). Las viajes de la razón: Estudios diechiochistas em homenaje a Maria Dolores Albiac Blanco. Saragoça: Institución Fernando el Catolico, 2015, p. 323-336.
QUIJANO, A. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú Indígena, Lima, v. 13, n. 29, p. 11-20, 1992.
RIVERA, A. Humanos y no humanos, naturaleza y cultura: El "Ciclo Maldito" del Pensamiento occidental moderno. Rev. Latinoamericana de Estudios Críticos Animales, Buenos Aires, v. 3, n. 2, p. 320-339, 2016.
SOUSA, A. Tradução comentada de La Belle et la Bête (1740) de Madame de Villeneuve. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.
WALSH, C. Sobre el género y su modo-muy-outro. Cadernos de Estudos Culturais, Campo Grande, v. 2, p. 25-42, 2018.
YALOM, M. A história da esposa: Da Virgem Maria à Madonna. Trad. Priscilla Coutinho. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Gabriel Donizetti Ferreira Simionato
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autorizo a Revista Epígrafe a publicar o trabalho (Artigo, Resenha ou Tradução) de minha autoria/responsabilidade, assim como me responsabilizo pelo uso das imagens, caso seja aceito para a publicação on-line.
Eu concordo a presente declaração como expressão absoluta da verdade e me responsabilizo integralmente, em meu nome e de eventuais co-autores, pelo material apresentado.
Atesto o ineditismo do texto enviado.