Caetano Veloso e a ditadura civil-empresarial-militar: mediações entre o “é proibido proibir” e o “é permitido permitir”
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2024.218952Palavras-chave:
Caetano Veloso, Ditadura militar, Engajamento político, AlienaçãoResumo
A questão do engajamento político durante a ditadura civil-empresarial-militar (1964-1985) gerou muitos mal-entendidos. Estávamos no período da Guerra Fria, fase da história mundial de intenso patrulhamento político-ideológico, que exigia de cada indivíduo uma adesão explícita e integral a uma das duas ordens mundiais em conflito aberto. Nesse período, uma figura pública, das mais combatidas por militantes de todos os matizes políticos, considerada por alguns o representante-mor da alienação nacional, foi o cantor e compositor de música popular urbana de mercado Caetano Veloso. Conhecido no anedotário da crítica cultural brasileira como aquele que timbrava em dizer ‘ou não’ ao final de uma linha de raciocínio tecida por ele, Caetano Veloso na verdade estava se abrindo para o contraditório ao invés de, como queriam alguns de seus críticos, afirmar que tudo teria o mesmo peso na ‘geleia geral brasileira’. Em sua produção artística do período, Caetano Veloso propunha mesmo era recolocar o tema Brasil em discussão. Fundamentando-me na análise semiótica de textos cancionais da época, buscarei mostrar que a atuação artístico-comportamental de Caetano Veloso desafiava o regime militar ao situar-se em seus desvãos, suas reentrâncias e suas frestas para afirmar a autonomia, a independência e a liberdade de pensamento e ação.
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