Transfobia e necropolítica: encruzilhadas do contexto brasileiro contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.195362Palavras-chave:
Transfobia, Necropolítica, Travestis e transexuais, Raça, gênero e sexualidadeResumo
Este artigo evidencia a necropolítica e a transfobia como sistema que relega corpos de pessoas trans negras à subalternidade, retomando quatro assassinatos de caráter transfóbico que ocorreram recentemente no Brasil. Analisa-se essas brutalidades através de reportagens jornalísticas, compreendendo como classe, gênero e sexualidade formam eixos simultâneos de subalternização, que destacam a imensa vulnerabilidade dos corpos trans, bem como a inércia por parte do Estado. Nas dimensões histórico-sociais e nos processos políticos-culturais, compreende-se o vínculo entre necropolítica e transfobia fomentando críticas às estruturas acadêmicas coloniais e eurocêntricas. A transfobia, carregada de violências múltiplas, direciona mecanismos de violação, marcando zonas de disputas que decifram vidas que importam e que não importam ou quais pessoas são consideradas seres humanos e quais não, executando lógicas necropolíticas em corpos negros e sobreposta as “corpas” das travestis e transexuais.
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