O onset no angolar moderno

Autores

  • Manuele Bandeira Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
  • Ubiratã Kickhöfel Alves Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i2p309-327

Palavras-chave:

Onset, Angolar, São Tomé e Príncipe, Teoria da sílaba

Resumo

O angolar é uma das línguas autóctones da República de São Tomé e Príncipe. Este estudo tem como finalidade descrever o ataque silábico do angolar a partir da Teoria da Sílaba (Selkirk, 1982). Como corpus, analisamos 1524 itens coletados, em 2014 e em 2018, em São Tomé e Príncipe, a partir de gravações com bilíngues (falantes de angolar como língua materna e de português como segunda língua). A partir do software Dekereke (Casali, 2022), registramos as seguintes estruturas: V, CV, CGV, CCV, CVC, VC e VG. No ataque silábico, é possível haver uma ou duas consoantes, o que pode gerar um onset simples de C ou complexo C1C2, com as seguintes configurações: 1) C1 pode ser uma obstruinte (b, p, t, d, k, g, f, v), seguida por C2 (l, ɾ); 2) C1  pode ser uma consoante (b, p, t, d, k, g, f, v, s), seguida por G (w, j). Nasais em início de palavra seguidas por obstruintes foram consideradas oclusivas pré-nasalizadas, constituídas por um único segmento de contorno em onset. Ademais, constamos que o ataque silábico no angolar atende ao Princípio da Sequência de Sonoridade, sendo, portanto, crescente até o núcleo silábico: C1C(0 > 2); e C1G (0 >3).

Downloads

Referências

Agostinho AL. Fonologia e método pedagógico do lung’Ie [tese]. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo; 2015.

Agostinho AL. Fonologia do lung’Ie. München: Lincom Studies in Pidgin and Creole Linguistics. (15); 2016.

Araujo G, Agostinho AL. Fa do Vesu, a language game of Fa d’Ambô. PAPIA. 2014;24(2):265-281.

Balduino AM. Fonologia do português de São Tomé e Príncipe [tese] São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo; 2022.

Bandeira M. Reconstrução fonológica e lexical do protocrioulo do Golfo da Guiné [tese]. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo; 2017.

Bandeira M, Agostinho AL, Freitas S. Aspectos fonético-fonológicos do angolar moderno. Alfa. 2021;65:1-31.

Bisol L. A sílaba e seus constituintes. In: Abaurre MB, organizadora. A construção da palavra fonológica. São Paulo: Contexto; 2013. p. 21-52.

Blevins J. The syllable in phonological theory. In: Goldsmith J, editor. Handbook of phonological theory. Nova Jersey: Wiley-Blackwell Publishing; 1995. p. 206-244.

Boersma, P., Weenink D. Praat: doing phonetics by computer. 1 jan 2022.

Casali R. Dekereke Phonology Software Tool. 24 nov 2022. Disponível em: https://casali.canil.ca/Dekereke/.

Ceita MN. Ensaio para uma reconstrução histórico-antropológica dos angolares de S. Tomé [trabalho de conclusão de curso]. Lisboa: Centro de Estudos Africanos, Instituto Universitário de Lisboa; 1991.

Clements GN. The role of the sonority cycle in core syllabification. In: Kingston J, Beckman ME, editores. Papers in laboratory phonology I: between the grammar and physics of speech. Cambridge: Cambridge University Press; 1990. p. 283-333.

Clements GN, Hume E. The internal organization of speech sounds. In: Goldsmith J, editor. Handbook of phonological theory. Nova Jersey: Wiley Blackwell Publishing; 1995. p. 245-306.

Clements GN, Keyser SJ. CV phonology: a generative theory of the syllable. Cambridge: MIT Press; 1983.

Collischonn G. A sílaba em português. In: Bisol L. (Org.). Introdução a Estudos de fonologia do português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999. p. 101-129.

Damulakis GN. Sequenciamento de sonoridade e contorno nasal em línguas Macro-Jê. Revista de Estudos da Linguagem. 2010;18(1):35-49.

Ferraz LI. A Linguistic Appraisal of Angolar. Memoriam Antônio Jorge Dias. 1974, v. 2: p. 177-186.

Hagemeijer T. Initial vowel agglutination in the Gulf of Guinea creoles. In: Aboh E, Smith N, editores. Complex processes in new languages. Amsterdam/Filadélfia: John Benjamins Publishing Company; 2009. p. 29-50.

INE. Recenseamento Geral da População e da Habitação: Características Educacional da População. São Tomé: INE; 2013.

Ladefoged P, Maddieson I. The sounds of the world’s languages. Londres: Blackwell; 1996.

Lorenzino G. The Angolar Creole Portuguese of São Tomé: its grammar and sociolinguistic history. Munich: Lincom Europa; 1998.

Mapmaker Interactive. MapMaker Launch Guide [homepage]. 2024. Disponível em: http://mapmaker.nationalgeographic.org/.

Maurer P. L’apport lexical bantou en angolar. Afrikanische Arbeitspapiere (Köln). 1992;29:163-174.

Maurer P. L’angolar. Un créole afro-portugais parlé à São Tomé. Hamburg: Buske; 1995.

Maurer P. Angolar. In: Michaelis SM, et al. The survey of pidgin and creole languages. Oxford: Oxford University Press; 2013.

Murray RW.; Vennemann T. Sound Change and Syllable Structure in Germanic Phonology. Language. 1983;59(3):514-528.

Ramos AP, Tenani LE. Análise métrica do apagamento das vogais postônicas não finais no dialeto do noroeste paulista. Estudos Linguísticos. 2009;38(1):21-34.

Selkirk E. The syllable. In: Hulst HVD, Smith N, editores. The structure of phonological representations: Part 2. Dordrecht: Foris; 1982. p. 337-384.

Selkirk E. Phonology and syntax: the relation between sound and structure. Cambridge: MIT Press; 1984.

Zec D. The syllable. In: Lacy, P, editor. The Cambridge handbook of phonology. Cambridge: Cambridge University Press; 2006. p. 161-193.

Downloads

Publicado

2024-12-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Bandeira, M., & Alves, U. K. . (2024). O onset no angolar moderno. Filologia E Linguística Portuguesa, 26(2), 309-327. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i2p309-327