Populações tradicionais e conflitos em áreas protegidas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2016.122692Palavras-chave:
Território. Territorialidade. Unidades de conservação. Gestão. Conflitos.Resumo
Populações tradicionais são grupos locais que usam seus conhecimentos dos elementos da natureza e de sua dinâmica para sobreviver. Aqui se analisam essas populações e os conflitos em áreas protegidas a partir de uma revisão da literatura e incluindo referências nacionais e estrangeiras, o que permite comparar aspectos comuns de realidades diferentes. Constata-se que a origem dos conflitos está na concepção de áreas protegidas, que se têm sustentado em parâmetros essencialmente ambientais e com uma visão de ambiente que vê a sociedade como externa. Com base nos conceitos de território e territorialidade, a análise geográfica dos conflitos permitiu interpretá-los nos aspectos institucional, econômico, social e cultural, sendo a identificação e a compreensão de suas raízes fatores fundamentais para a gestão dessas áreas.
Downloads
Referências
ARRUDA, R. Populações tradicionais e a proteção dos recursos Naturais em unidades de conservação. Ambiente & Sociedade, Campinas, v. II, n. 5, p. 79-92, 1999.
BARTHÉLÉMY, C. Les savoirs locaux: entre connaissances et reconnaissance. Vertigo [En ligne], Quebec, v. 6, n. 1, 2005. Disponível em: http://vertigo.revues.org/2997. Acesso em: 8 nov. 2016.
BENATTI, J. H. A criação de unidades de conservação em áreas de apossamento de populações tradicionais: um problema agrário ou ambiental? Novos Cadernos Naea, Belém, v. 1, n. 2, p. 1-14, 1998.
BÉRARD, L. et al. Savoirs et savoir-faire naturalistes locaux: l’originalité française, Vertigo [En ligne], Quebec, v. 6, n. 1, p. 1-40, 2005.
BIXBY, L. R.; PALLONI, A. Population and Deforestation in Costa Rica. Population and Environment, Springer Netherlands, v. 20, n. 2, p. 149-185, 1998.
BOEIRA, S. L. Política & gestão ambiental no Brasil: da Rio-92 ao Estatuto da Cidade. Alcance, Biguaçu, v. 10, n. 3, p. 525-558, 2003.
BRANDÃO, C. R. B. A comunidade tradicional. In: COSTA, J. B.; OLIVEIRA, C. (Org.). Cerrado, Gerais, Sertão: comunidades tradicionais no sertão roseano. São Paulo: Intermeios, 2010.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Decreto n. 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm. Acesso em: 8 nov. 2016.
BRITO, D. M. C. Conflitos em unidades de conservação. Revista de Humanidades do Curso de Ciências Sociais, Macapá, v. 1, n. 1, p. 1-12, 2008.
CLAVAL, P. O território na transição da pós-modernidade. Geographia, Niterói, v. 1, n. 2, p. 7-27, 1999.
COELHO, M. C. N.; CUNHA, L.; MONTEIRO, M. A. Unidades de conservação: populações, recursos e territórios – abordagens da geografia e da ecologia política. In: GUERRA, A. J. T.; COELHO, M. C. (Org.). Unidades de conservação: abordagens e características geográficas. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2009. p. 67-111.
CORDANI, U. G.; MARCOVITCH, J.; SALATI, E. Avaliação das ações brasileiras após a Rio-92. Estudos Avançados, São Paulo, v. 11, n. 29, p. 399-408, 1997.
D’AQUINO, P.; SECK, S. M. Et si les approches participatives étaient inadaptées à la gestion décentralisée de territoire Géocarrefour, Lyon, v. 76, n. 3, p. 233-239, 2001.
DÉRY, S.; TREMBLAY, M. L’implantation des aires protégées au Vietnam: quels impacts pour les populations locales? Une étude de cas dans la province de Lâm Dồng. Vertigo, Quebec, v. 8, n. 3, p. 1-60, 2008.
DIEGUES, A. C. S.; ARRUDA, R. S. V. Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil. Brasília: Ministério do Meio Ambiente/São Paulo: USP, 2001.
DIEGUES, A. C. S.; VIANA, V. M. Comunidades tradicionais e manejos dos recursos naturais na Mata Atlântica. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2004.
EDER, J. F. Deforestation and detribalization in the Philippines: The Palawan case. Population and Environment, v. 12, n. 2, p. 99-115, 1990.
FARIAS JR., E. C. Unidades de conservação, mineração e concessão florestal: os interesses empresariais e a intrusão de territórios quilombolas no rio Trombetas. In: ALMEIDA, A. W. B. Cadernos de Debates Nova Cartografia Social: Territórios quilombolas e conflitos, Manaus: Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia/UEA, p. 116-127, 2010.
FERREIRA, L. C. et al. Conflitos sociais em áreas protegidas no Brasil: moradores, instituições e ONGs no Vale do Ribeira e Litoral Sul, SP. Ideias, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 115-150, 2002.
FURLAN, S. A. Florestas culturais: manejo sociocultural, territorialidades e sustentabilidade, Agrária, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 3-15, 2006.
GESTA. GRUPO DE ESTUDOS EM TEMÁTICAS AMBIENTAIS. Belo Horizonte, [s.d]. Disponível em: http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br. Acesso em: 8 nov. 2016.
GLON, E.; CHEBANNE, A. Peuples autochtones et patrimonialisation de la nature protégée: les San indésirables dans le Central Kalahari – Botswana. Vertigo, Quebec, série n. 16, p. 1-20, 2013.
GÓMEZ-POMPA, A.; KAUS, A. Domesticando o mito da natureza selvagem. In: DIEGUES, A. C. S. (Org.). Etnoconservação: novos rumos para a conservação da natureza. São Paulo: Hucitec/Annablume/Nupaub-USP, p. 125-148, 2000.
LATHOUD, F. Paradigmes socio-culturels associés au territoire forestier de la Baie James, Vertigo [En ligne], v. 6, n. 1, 2005. Disponível em: http://vertigo.revues.org/2846. Acesso em: 8 nov. 2016.
LESCUYER, G. Formes d’action collective pour la gestion locale de la forêt camerounaise: organisations “modernes” ou institutions traditionnelles. Vertigo, Quebec, v. 6, n. 3, p. 1-31, 2005.
LUNDBERG, J. C. Population growth and road construction: looking to traditional indigenous ways. Population and Environment, Springer Netherlands, v. 17, n. 1, p. 79-87, 1995.
LUTEN JR., D. B. Population and resources. Population and Environment, Springer Netherlands, v. 12, n. 3, p. 311-329, 1991.
MARTÍNEZ-ALIER, J. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de valoração. São Paulo: Contexto, 2012.
MEkDADE, C. C. Qu’est-ce qu’une “population concernée”? L’exemple camarguais, Géocarrefour, Lyon, v. 76, n. 3, p. 217-223, 2001.
NASCIMENTO, D. B.; FOLETO, E. M. Incompatibilidade legal em áreas protegidas na cidade de Santa Maria, RS/Brasil. Biblio 3W, Barcelona, v. XVI, n. 943, 1-25, 2011.
NASCIMENTO, E. P. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estudos Avançados, São Paulo, v. 26, n. 74, p. 51-64, 2012.
OLIVEIRA, A. C. Direitos e/ou povos e comunidades tradicionais: noções de classificação em disputa. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, v. 27, p. 71-85, 2013.
PEREIRA, P. F.; SCARDUA, F. P. Espaços territoriais especialmente protegidos: conceito e implicações jurídicas. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. XI, n. 1, p. 81-97, 2008.
PEREIRA, D. B. Unidades de conservação e mapeamentos: permanências e conversões. Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais, Belo Horizonte: UFMG, v. 1, n. 1, p. 1-16, 2010.
PILLET, F.; CAÑIZARES, M. C.; PULPÓN, A. R. Territorio, paisaje y sostenibilidad: un mundo cambiante, BLIBIO 3W, Barcelona, v. XVI, n. 940, p. 1-10, 2011.
PIMENTEL, M. A. S. Comunidade tradicional e o uso (in)sustentável dos recursos naturais no nordeste do estado do Pará-Brasil. Contribuciones a las Ciencias Sociales, Barcelona, p. 1-10, jul. 2016.
PIMENTEL, M. A. S; FRANÇA, C. F.; VERGARA FILHO, W. L. Educação ambiental em área protegida na zona costeira da Amazônia brasileira. Delos – Desarrollo Local Sostenible, Barcelona, v. 1, n. 26, p. 1-15, 2016.
PINTON, F.; GRENAND, P. Savoirs traditionnels, populations locales et ressources globalisées. In: AUBERTIN, C.; PINTON, F.; BOISVERT, V. (Org.). Les marchés de la biodiversité. Paris: IRD, 2007. p. 165-194.
RAKOTOARIVONY, C. B.; RATRIMOARIVONYET, M. Terre ancestrale ou parc national? Entre légitimité sociale et légalité à Madagascar. Vertigo, Quebec, v. 7, n. 2, p. 1-50, 2006.
RAMAMONJISOA, B. S. The importance of cultures in the development and implementation of forest policy management. In: COLLOQUE INTERNATIONAL “LA BIODIVERSITÉ ET LES POPULATIONS DANS LE CONTEXTE DU CHANGEMENT CLIMATIQUE, 11-15 dez. 2013, Madagascar. Anais... Madagascar: École Supérieure des Sciences Agronomiques Université d’Antananarivo, 2013. p. 11-20.
RIBEIRO, W. C. Geografia política e gestão internacional dos recursos naturais. Estudos Avançados, São Paulo, v. 24, n. 68, p. 69-80, 2010.
RIBEIRO, W. C. Ecologia política: ativismo com rigor acadêmico. Biblio 3W, Barcelona, v. VII, n. 364, p. 1-12, 2002.
RIBEIRO, W. C. Desenvolvimento sustentável e segurança ambiental global. Biblio 3W, Barcelona, v. 1, n. 312, p. 1-10, 2001.
RODARY, E. Perspectives territoriales et contrôle réticulaire dans les politiques participatives de conservation de la nature en Zambie et au Zimbabwe. Géocarrefour, Lyon, v. 76, n. 3, p. 225-232, 2001.
SACHS, I. Desenvolvimento includente, sustentável sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
SACK, R. D. Territorialidade humana sua teoria e história. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
SAIDOIU, D. M.; DJELLOULI, Y. La gestion dérogatoire: une stratégie associant péniblement l’État et les communautés locales dans le Parc National du Haut Niger (Guinée), Vertigo, Quebec, v. 11, n. 1, p. 1-66, 2011.
SÉNÉ, A. M. Développement durable et impacts des politiques publiques de gestion de la vallée du fleuve Sénégal: du régional au local. Vertigo, Quebec, v. 9, n. 3, p. 1-52, 2009.
SERPANTIÉ, G.; RAKOTONIRINA, A. Des savoirs locaux pour l’adaptation au changement climatique: de la reconnaissance à la prise de compte. Cas du risque érosif en pays Tanala. In: COLLOQUE INTERNATIONAL LA BIODIVERSITÉ ET LES POPULATIONS DANS LE CONTEXTE DU CHANGEMENT CLIMATIQUE, 10-11 dez. 2013, Madagascar. Anais... Madagascar: École Supérieure des Sciences Agronomiques Université d’Antananarivo, 2013. p. 50-60.
TOLEDO, V.; BARRERA-BASSOLS, N. A etnoecologia: uma ciência pós-normal que estuda as sabedorias tradicionais. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, v. 1, n. 20, p. 31-45, 2009.
VEIGA, J. E. Sustentabilidade, a legitimação de um novo valor. São Paulo: Editora Senac, 2010a.
VEIGA, J. E. Desenvolvimento sustentável o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010b.
ZANIRATO, S.; RIBEIRO, W. C. Conhecimento tradicional e propriedade intelectual nas organizações multilaterais. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. 10, n. 1, p. 39-55, 2007.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2016 Márcia Aparecida Silva Pimentel, Wagner Costa Ribeiro
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).