Utopias Urbanas desde o Giro Decolonial
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2022.189578Palavras-chave:
Utopias urbanas, Urbano natural, Giro decolonial, Lefebvre, Vida cotidianaResumo
Ensaiamos aqui um exercício teórico de reflexão sobre utopias urbanas, um urbano natural, que apontam para relações sociedade-natureza alternativas e projetos utópicos societais equânimes, que fortaleçam a solidariedade social, outras relações sociais de produção, outras formas de produzir o espaço social (e diferencial), e outras formas de vida cotidiana capazes de enfrentar a acumulação capitalista. Desde uma perspectiva latino-americana contemporânea seria inviável abordar utopias urbanas e mesmo possíveis expressões do urbano natural, se não de uma perspectiva crítica em relação à colonialidade. Assim, essa tarefa envolve alguns passos. Um primeiro, concerne à utopia, às utopias urbanas e à natureza. Um segundo, relaciona-se à desmistificação da modernidade ocidental e outras concepções relativas a relação sociedade-natureza, fundada no giro decolonial. E, o terceiro, com base em Quijano, Walsh e Lefebvre, visa realçar o papel transformador da vida cotidiana junto com formas alternativas de produzir a vida material e a existência social.
Downloads
Referências
ACOSTA, A. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016.
ALCANTARA, L.C.S.; SAMPAIO, C.A.C. Bem Viver como paradigma de desenvolvimento: utopia ou alternativa possível Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPR), v. 40, p. 231-251, 2017. doi: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v40i0.48566.
ALIMONDA, H. The Coloniality of Nature: An Approach to Latin American Political Ecology. Alternautas (Re)Searching Development: The Abya Yala Chapter, v. 6, n.2, 2019. http://www.alternautas.net/blog/2019/6/10/the-coloniality-of-nature-an-approach-to-latin-american-political-ecology.
AMARO, R.R. Desenvolvimento ou Pós-Desenvolvimento? Des-Envolvimento e... Noflay!. Cadernos de Estudos Africanos, v. 34, p. 75-111, 2017. doi: https://doi.org/10.4000/cea.2335.
BALLESTRIN, L. Revista Brasileira de Ciência Política. n.11, p. 89-117, maio - agosto 2013. doi: https://doi.org/10.1590/S0103-33522013000200004.
BLOCH, E. El principio esperanza. Madrid: Trotta, 2004.
BRENNER, N. State Theory in the Political Conjuncture: Henri Lefebvre’s “Comments on a New State Form”. Antipode, v. 33, n.5, p. 783-808, 2001. http://dx.doi.org/10.1111/1467-8330.00217.
BUSQUET, G. L’espace politique chez Henri Lefebvre: l’idéologie et l’utopie [“Political Space in the Work of Henri Lefebvre: Ideology and Utopia”, justice spatiale | spatial justice, 5, 2012|2013. https://www.jssj.org/article/lespace-politique-chez-henri-lefebvre-lideologie-et-lutopie/
CORAGGIO, J. L. Economia Urbana: la perspectiva popular. Quito: Instituto Fronesis, 1994.
CORAGGIO, J. L. La economía social y la búsqueda de un programa socialista para el siglo XXI. Revista Foro, n. 62, p. 37-64, 2007.
CORAGGIO, J. L. Potenciar la Economía Popular Solidaria: una respuesta al neoliberalismo. Otra Economía, v.11, n. 20, p. 4-18., 2018.
DESFOR, G.; KEIL, R. Nature and the City: Making Environmental Policy in Toronto and Los Angeles. Tucson: University of Arizona Press, 2004.
DIEGUES, A. C. O Mito Moderno da Natureza Intocada. São Paulo: Melhoramentos, 2008.
ESCOBAR, A. Encountering Development. Princeton: Princeton University Press, 1995.
ESCOBAR, A. Mundos y conocimientos de otro modo. Tabula Rasa. Bogotá, n.1, p. 51-86, ene-dic, 2003. https://www.redalyc.org/pdf/396/39600104.pdf
ESCOBAR, A. The making and unmaking of the third world through development. In RAHNEMA, M.; BAWTREE, V. (ed.) The Post-Development Reader, Zed Books, 1997. pp. 85-93.
FANON, F. (1968) Os condenados da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
GRAMSCI, A. Pre-prison writings. Cambridge UK: Cambridge University Press, 1994.
GRAMSCI, A. Selections from the Prison Notebooks. New York, NY: International Publishers, 1971.
GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, 80, p. 115-147, março 2008. doi: https://doi.org/10.4000/rccs.697
HABERMAS, J. The philosophical discourse of modernity. Cambridge: MIT Press, 1990.
HELLER, A.; FEHÉR, F. Anatomía de la Izquierda Occidental. Barcelona: Península, 1985.
HEYNEN, N.; KAIKA, M.; SWYNGEDOUW, E. (eds) In the Nature of Cities: Urban Political Ecology and the Politics of Urban Metabolism. New York: Routledge 2006.
IANNI, O. A Sociologia e o mundo moderno. Tempo Social, 1, n. 1, p. 7-27, 1989. https://doi.org/10.1590/ts.v1i1.83315.
KAIKA, M. City of flows: modernity, nature, and the city. New York: Routledge, 2005.
KAIKA, M.; SWYNGEDOUW, E. Radical urban political-ecological imaginaries. Planetary urbanization and politicizing nature. Eurozine, 2014, https://www.eurozine.com/radical-urban-politicalecological-imaginaries/KEIL, R. et al. (Eds) Political Ecology: Global and Local. London: Routledge, 1998.
KEIL, R.; GRAHAM, J. (1998) Reasserting nature: Constructing urban environments after Fordism. In: BRAUN, B.; CASTREE, N. (Eds) Remaking Reality: Nature at the Millennium. London: Routledge, 1998. p. 100–125.
KEYES, C.L. The mental health continuum: From languishing to flourishing in life. Journal of Health and Social Behavior, v. 43, n. 2, p. 207-222, 2002. doi: https://doi.org/10.2307/3090197
LACOSTE, Y. A Geografia isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988.
LEFEBVRE, H. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática, 1991a.
LEFEBVRE, H. Comments on a new state form. Antipode, v. 33, n. 5, p. 769–782, 2001. https://doi.org/10.1111/1467-8330.00216
LEFEBVRE, H. De L’État. v. 4. Paris: Union Générale des éditions, 1978.
LEFEBVRE, H. Espacio y Política. Barcelona: Península, 1974.
LEFEBVRE, H. O Direito à Cidade. São Paulo: Documentos, 1969.
LEFEBVRE, H. State, Space, World. Selected Essays. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2009.
LEFEBVRE, H. The Production of Space. London: Blackwell, 1991b.
LEFEBVRE, H. The Survival of Capitalism: Reproduction of the Relations of Production. New York: St. Martin’s Press, 1976.
LEFF, E. Discursos Sustentables. México: Siglo XXI, 2008.
LIMONAD, E. (2004) Questões ambientais contemporâneas, uma contribuição ao debate. In Anais II Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ambiente e Sociedade. Campinas. https://www.researchgate.net/publication/303895885_Questoes_ambientais_contemporaneas_uma_contribuicao_ao_debate
LIMONAD, E. Para pensar a descolonização do cotidiano: desentranhando o desenvolvimento. In LIMONAD, E.; BARBOSA, J.L. (Org.). Geografias: Reflexões, Estudos e Leituras. São Paulo: Max Limonad, 2020. pp. 20-40. https://www.researchgate.net/publication/353889825_2020_PARA_PENSAR_A_DESCOLONIZACAO_DO_COTIDIANO.
LIMONAD, E. Utopias urbanas, sonhos ou pesadelos? Cortando as cabeças da Hidra de Lerna. In BENACH, N., ZAAR, M.H., VASCONCELOS P. JR, M. (Eds.). Las utopías y la construcción de la sociedad del futuro. Universidad de Barcelona, 2016. http://www.ub.edu/geocrit/xiv-coloquio/EsterLimonad.pdf
LIMONAD, E.; MONTE-MÓR, R.L. O rural e o urbano em uma era de urbanização generalizada. In: MAIA, D. S.; RODRIGUES, A. M.; SILVA, W. R. (Org.). Expansão urbana: despossessão, conflitos, diversidade na produção e consumo do espaço. João Pessoa: Editora UFPB, 2020. p. 222-253. http://www.editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/catalog/view/779/850/7571-1
LUXEMBURGO, R. A Acumulação do Capital. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
MIGNOLO, W. Diferencia colonial y razón posoccidental. In CASTRO-GÓMES, S. (ed.) Reestructuración de las ciencias sociales en América Latina. Bogotá: Centro Editorial Javeriano, 2000. pp. 3-28.
MONTE-MÓR, R. L. O que é o urbano, no mundo contemporâneo. Revista Paranaense de Desenvolvimento. Curitiba, n.111, p.09-18, jul./dez. 2006. http://www.ipardes.gov.br/ojs/index.php/revistaparanaense/article/view/58.
MONTE-MÓR, R. L. Urbanização extensiva e lógicas de povoamento. In: LIMONAD, E. (Org.). Etc espaço, tempo e crítica... Rio de Janeiro: Letra Capital, 2019. pp. 251-262. https://www.researchgate.net/publication/339237450_ETC_-_Espaco_Tempo_e_Critica
MONTE-MÓR, R. L. Urbanization, sustainability, development: contemporary complexities and diversities in the production of urban space. In HORN, P., ALFARO, P., CARDOSO, A.C. (Ed.) Emerging Urban Spaces. A Planetary Perspective. Springer eBook. pp.201-215, 2018. https://doi.org/10.1007/978-3-319-57816-3_10
MONTE-MÓR, R. L.; RAY, S. Post-*.ism & the Third World: a theoretical reassessment and fragments from Brazil and India. Nova Economia, 5, n. 1, p. 177-208, 1995.
POLANYI, K. Great Transformation: The Political and Economic Origins of Our Time. Boston: Beacon Press, 2001.
QUIJANO, A. Colonialidad del poder y clasificación social. In Quijano, A. Cuestiones y Horizontes. Buenos Aires: CLACSO, 2014. pp. 285 – 326. http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20140424014720/Cuestionesyhorizontes.pdf
QUIJANO, A. Coloniality of Power, Eurocentrism, and Latin America. Nepantla: Views from South (Duke University), v.1, n. 3. p. 533-580, 2000. http://muse.jhu.edu/journals/nep/summary/v001/1.3quijano.html
RANDOLPH, R. A origem estrutural da subversão em sociedades capitalistas contemporâneas, suas práticas baseadas na vivência cotidiana e um novo paradigma de um contra planejamento. In COSTA, G.M., COSTA, H.S.M., MONTE-MÓR, R.L (Ed.) Teorias e Práticas Urbanas: condições para a sociedade urbana. Belo Horizonte: C/Arte, 2015. pp. 71-102.
RANDOLPH, R. A utopia do planejamento e o planejamento da utopia: o longo caminho de uma contra-planejamento até o alcance da justiça social. In BENACH, N., ZAAR, M.H., VASCONCELOS P. JR, M. (Eds.). Las utopías y la construcción de la sociedad del futuro. Universidad de Barcelona, 2016. http://www.ub.edu/geocrit/xiv-coloquio/RainerRandolph.pdf
RIBEIRO, A.C.T. Sociabilidade, Hoje: leitura da experiência urbana. Cadernos CRH, v.18, n. 45, p. 411-422, 2005.
https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/18535.
SÁNCHEZ, J. E. Espacio, Economia y Sociedad. Barcelona. Siglo XXI, 1990.
SANTOS, M. A Natureza do Espaço. São Paulo: Loyola, 1996.
SILVA-RODRÍGUEZ, E.A. et al. Urban wildlife in times of COVID-19: What can we infer from novel carnivore records in urban areas?, Science of The Total Environment. v. 765, 142713, 2021. doi: https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2020.142713.
SILVA, H. (2017) Socialização da natureza e alternativas de desenvolvimento na Amazônia Brasileira. Tese (Doutorado em Economia) – CEDEPLAR, UFMG, Belo Horizonte, 2017. http://hdl.handle.net/1843/FACE-AP8RH2.
SOJA, E. W. Postmetropolis: critical studies of cities and regions. Oxford/Malden: Blackwell, 2000.
SPARN, J. O. W. (Re)Imagining sustainable futures - A discussion between Degrowth and Buen Vivir. Tese (Doutorado em Economia) – CEDEPLAR, UFMG, Belo Horizonte, 2019. http://hdl.handle.net/1843/31739.
SWYNGEDOUW, E. The city as a hybrid: On nature, society and cyborg urbanization. Capitalism Nature Socialism, v.7, n. 2, p. 65–80, 1996.
TZANINIS, Y. et al. Moving urban political ecology beyond the ‘urbanization of nature’. Progress in Human Geography, v. 45, n.2, p. 229–252, 2021. https://doi.org/10.1177%2F0309132520903350.
UN (United Nations) Happiness: towards a holistic approach to development: resolution / adopted by the General Assembly. UN. General Assembly (65th sess.: 2010-2011), 2011.
WACHSMUTH, D; ANGELO, H. Green and Gray: New Ideologies of Nature in Urban Sustainability Policy. Annals of the American Association of Geographers, 2018. doi: https://doi.org/10.1080/24694452.2017.1417819.
WALSH, C. (Re)pensamiento crítico y (De)colonialidad. In: Walsh, C. (Ed.). Pensamiento critico y matriz (de)colonial. Reflexiones latinoamericanas. Quito: Universidad Andina Simón Bolívar - Ediciones Abya-Yala, 2005a. p. 13-35.
WALSH, C. Development as Buen Vivir: Institutional arrangements and (de)colonial entanglements. Development, v.53, n.1, p. 15-21, 2010. doi: https://doi.org/10.1057/dev. 2009.93.
WALSH, C. Interculturalidad, conocimientos y decolonialidad. Signo y Pensamiento, v. 24, n. 46, p. 39-50, 2005b. https://www.redalyc.org/pdf/860/86012245004.pdf
ZELLMER, A. J. et al. What can we learn from wildlife sightings during the COVID-19 global shutdown? Ecosphere, v. 11, n. 8:e03215, 2020. doi: https://doi.org/10.1002/ecs2.3215.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Ester, Roberto Luís

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).