As relações de produção têxteis e expansão do capitalismo no Brasil: o protagonismo das formas flexíveis de produção
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2024.195501Palavras-chave:
Expansão do capitalismo, Relações de produção têxteis, Flexibilidade do trabalhoResumo
Neste artigo, busco problematizar as análises sobre as mudanças nas relações de produção (maioria delas formuladas nas décadas finais do século XX a partir de países de capitalismo central), por entender que elas superestimaram a amplitude dessas mudanças e simplificam as dimensões temporal e espacial dos processos basilares da reestruturação produtiva. Para tanto, contextualizo as relações de produção têxteis nos moldes da expansão do capitalismo pela formação socioespacial brasileira como maneira de ir além do universalismo de tais análises. Ao fazê-lo, situo a trajetória histórica da acumulação capitalista nas fases: originária, de industrialização e do neoliberalismo – em suas dimensões espacial, econômica, social e jurídica. A perspectiva histórica abrangente adotada permite sustentar que, apesar de todas as transformações estruturais e das formas assumidas nas distintas transições, as relações de produção têxteis estiveram sempre circunscritas em formas flexíveis de produção.
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