A necessidade da geografia eleitoral: as possibilidades do campo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2023.204649Palavras-chave:
geografia eleitoral, geografia do voto, efeito composicional, efeito contextual, revisão narrativaResumo
A atual difusão de softwares de georreferenciamento e novas técnicas estatísticas expandiram as possibilidades na geografia eleitoral. O artigo tem como objetivo analisar a produção desse campo, revelando lacunas na produção brasileira em comparação à anglófona. A metodologia utilizada foi a revisão narrativa de literatura a partir do protocolo SANRA, que sistematiza e revela possíveis caminhos de pesquisa. A pesquisa revelou que, dentre as três grandes temáticas da geografia eleitoral, há uma concentração de interesse distinta entre a produção nacional e estrangeira, sendo a primeira focada no efeito composicional e a segunda no efeito contextual. Além disso, apenas 4% da produção no Brasil é realizada por geógrafos e 14% em revistas especializadas em geografia. Por fim, sugere-se superar a suposta dicotomia entre efeito composicional e efeito contextual, posicionando ambas como campos ricos da geografia eleitoral.
Downloads
Referências
AGNEW, J. Mapping politics: How context counts in electoral geography. Political Geography, 15, 2, p.129–146, 1996.
AMES, Barry. Os entraves da democracia no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2001.
AMORIM NETO, O.; CORTEZ, B. Redesenhando o mapa eleitoral do Brasil: uma proposta de reforma política instrumental. Opinião Pública, v.17, n.1, p.45-75, 2011.
ARCHER, J. C. Classics um human geography revisited. Progress in Human Geography, 22, 3, p.407-413, 1998.
AUDEMARD, J.; GOUARD, D. Friends, neighbors, and sponsors in the 2016 French primary election. Revisiting a classical hypothesis from aggregated-level data. Political Geography, 83, p.1-15, 2020.
AVELAR, L.; WALTER, I. M. T. Lentas mudanças: o voto e a política tradicional. Opinião Pública, v.14, n.1, p.96-122, 2008.
AZEVEDO, D. A. Escala e escala política: como a Geografia pode apontar a fragilidade na teoria da democracia participativa. Revista Espaço e Geografia (UnB), v. 23, p. 149-184, 2020.
AZEVEDO, D. A.; MEIRELES, B. L. Territorial and Electorate Size Influence: Participation/Competitiveness in Costa Rica’s 2016 Local Scale Elections. Cuadernos de Geografía: Revista Colombiana de Geografía, v. 30, n. 1, p. 25–44, 2021.
BAETHGE, C.; GOLDBECK-WOOD, S.; MERTENS, S. SANRA—a scale for the quality assessment of narrative review articles. Research Integrity and Peer Review, v.4, n.5, 2019.
BAKER, A.; AMES, B.; RENNO, L. Social Context and Campaign Volatility in New Democracies: Networks and Neighborhoods in Brazil's 2002 Elections. American Journal of Political Science, v. 50, n. 2, p. 382–399, 2006.
BARNETT, C.; MURRAY, L. Electoral Geography in Electoral Studies: Putting Voters in their Place. London: SAGE Publications Ltd, 2004.
BAETHGE, C.; GOLDBECK-WOOD, S.; MERTENS, S. Sanra, a scale for the quality assessment of narrative review articles. Research integrity and peer review, 4:5, 2019, p.1-7.
BRENNETOT, A. Por uma geografia política construtivista. In: AZEVEDO, D. A.; CASTRO, I. E.; RIBEIRO, R. W. Os desafios e novos debates na Geografia Política Contemporânea. Rio de Janeiro: Editora Terra Escrita, 2021, p.197-205.
CARVALHO, N. R. Geografia política das eleições congressuais: a dinâmica de representação das áreas urbanas e metropolitanas no Brasil. Cadernos Metrópoles, v. 11, n. 22, p. 367-384, 2009.
CARVALHO, D.; SANTOS, G. F. Ciclos políticos, socioeconomia e a geografia eleitoral do estado da Bahia nas eleições de 2006. Revista de Sociologia e Política, v.23, n.54, p.109–135, 2015.
CASTRO, I. E.. Décentralisation, démocratie et représentation législative locale au Brésil. L'Espace Politique, v. 3, p. 60-73, 2007.
CASTRO, I. E. Imaginário político e território. In: Castro, I. E.; Gomes, P.C.C; Corrêa, R.L. (Org.). Explorações geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997, p.155-196.
CERVAS, J.; GROFMAN, B. Tools for identifying partisan gerrymandering with an application to congressional districting in Pennsylvania. Political Geography, Article in Press, 2020.
COLLIGNON, S.; SAJURIA, J. Local means local, does it? Regional identification and preferences for local candidates. Electoral Studies, 56, p.170-178, 2018.
COX, K. The voting decision in a spatial context. Progress in Geography, v.1, p. 83-117, 1969.
DUNCAN, C.J. Ethnicity, election and emergency – The 1987 Fiji generalelection in the context of contemporary political geography. Political Geography Quarterly, v.10, p.221–39, 1991.
FLINT, C. A TimeSpace for electoral geography: Economic restructuring, political agency and the rise of the Nazi party. Political Geography, v.20, p.301– 329, 2001.
FLINT, C.; TAYLOR, P. Political geography: world-economy, nation-state and locality. Routledge: London, 1980.
FOREST, B. Electoral geography: From mapping votes to representing power. Geography compass, v.12, n.1, 2018.
GIMPEL, J.; HUI, I. Seeking politically compatible neighbors? The role of neighborhood partisan composition in residential sorting. Political Geography, v.48, p.130-142, 2015.
GIMPEL, J.; KARNES, K.; MCTAGUE, J.; PEARSON-MERKOWITZ, S. Distance-decay in the political geography of friends-and neighbors voting. Political Geography, v.27, n.2, p.231-252, 2008.
GOMES, P. C. C. Quadros geográficos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2020.
HUCKFELDT, R.; SPRAGUE, J. Networks in context: The social flow of political information. American Political Science Review, v.81, n.4, p.1197–1216, 1987.
JOHNSTON, R. Manipulating maps and winning elections: Measuring the impact of malapportionment and gerrymandering. Political Geography, v.21, n.1, p.1–31, 2002.
JUNCKES, I. J., JÚNIOR, W. S., SILVA, J. M., & SILVA, E. A. Representação espacial de dados eleitorais no Brasil. Revista de Sociologia e Política, v.29, p.2–22, 2021.
KEY, V. Southern politics in state and nation. New York: Alfred A. Knopf, 1949.
KING, G. Why context should not count. Political Geography, v.15, n.2, p. 159-164, 1996.
LEIB, J.; QUINTON, N. On the Shores of the “Moribund Backwater”? Trends in Electoral Geography Research Since 1990. In: WARF, B.; LEIB, J. Revitalizing electoral geography. Ashgate, British Library Cataloguing in Publication Data, 2011, p.9-30.
LEWIS-BACK, M. S.; RICE, T. W. Localism in presidential elections: the home state advantage. American Journal of Political Science, v.27, n.3, 1983.
MARZAGAO, T. A dimensão geográfica das eleições brasileiras. Opinião Pública, v.19, n.2, p.270-290, 2013.
MATOS, A.; MARCELO, M.; ALVES, E.; FERNANDO, S.; DIAS, M. Eleição de Dilma ou segunda reeleição de Lula? Uma análise espacial do pleito de 2010. Opinião Pública, p.535-573, 2015.
MAYHEW, D. Congress: the electoral connection. Yale University Press, 1974.
MUIR, R. Modern political geography. London: Macmillan, 1975.
MUNIS, K. B. Place, candidate roots, and voter preferences in an age of partisan polarization: Observational and experimental evidence. Political Geography, 85, p.1-12, 2021.
NICOLAU, J. Sistemas eleitorais. São Paulo: FGV Editora, 2004.
NICOLAU, J. Representantes de quem? São Paulo: FGV Editora, 2017.
PATTIE, C. Classics um human geography revisited. Progress in Human Geography, v.22, n.3, p.407-413, 1998.
PATTIE, C.; JOHNSTON. Still talking, but is anybody listening? The changing face of constituency campaigning in Britain, 1997–2005. Party Politics, v.15, p.411–34, 2009.
PRESCOTT, J. R. V. Political geography. London: Methuen. 1972.
RASMUSSEN, C.E. We’re no metrosexuals: Identity, place and sexuality in the struggle over gay marriage. Social & Cultural Geography 7: 807–25, 2006.
ROCHA, C. “Conexão Eleitoral”, geografia do voto e produção legislativa: um estudo de caso. Cadernos Metrópoles, 23(51), 2021, p581-604.
ROHLA, R.; JOHNSTON, R.; JONES, K.; MANLEY, D. Spatial scale and the geographical polarization of the American electorate. Political Geography, 65, 2018, p.117-122.
SIEGFRIED, A. Tableau politique de la France de l’Ouest sous la Troisieme Republique. Universite de Bruxelles, 2010 [1913].
SHIN, M. Electoral geography in the twenty-first century. In: AGNEW, J.; MAMADOUH, V.; SECOR, A.; SHARP, J. (eds). The wiley Blackwell companion to Political Geography, 2015, p.362-379.
SILOTTO, G. A relevância regional nas estratégias partidárias: evidências das listas de candidatos de São Paulo. Revista de Sociologia e Política, v.27. v.69, p.1-17, 2019.
SILVA, M.; SANTOS, P.; SILVA, L. Do Leme a Santa Cruz: A territorialização eleitoral de Jair Bolsonaro no município do Rio de Janeiro. Opinião Pública, v.28, n.1, p.92-125, 2022.
TAYLOR, P. J. 1978. Political geography. Progress in Human Geography, v.2, p.153-162.
TERRON, L.; SOARES, A. D. G. As bases eleitorais de Lula e do PT: do distanciamento ao divórcio, v. 16, n.2, p.15-45, 2010.
VALLBÉ, J.; FERRAN, M. J. The Road Not Taken. Effects of residential mobility on local electoral turnout. Political Geography, v.60, p.86-99, 2017.
VODA, P.; PETRA S.; ANDREA S.; STANISLAV B. Local and More Local: Impact of Size and Organization Type of Settlements Units on Candidacy. Political Geography, v.59, p.24-35, 2017.
WARF, B.; LEIB, J. Revitalizing electoral geography. Ashgate, British Library Cataloguing in Publication Data, 2011.
WOOLSTENCROFT, R. P. Electoral Geography: Retrospect and Prospect. International Political Science Review, v. 1, n. 4, p. 540-560, 1980.
ZOLNERKEVIC, A. Contexto social de vizinhança: percepções políticas na cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 29, p. 189–222, 2019.
ZOLNERKEVIC, A.; RAFFO, J. G. Geografia eleitoral: representação espacial da volatilidade do voto. Geousp, v.17, n.1, p.221-228, 2013.
ZOLNERKEVIC, A.; FERNANDES, H. C. Efeito contextual de “amigos e vizinhos” nas eleições presidenciais brasileiras: o caso da votação do candidato Aécio Neves no estado de Minas Gerais. Em Tese, v. 13, p. 83, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Daniel Abreu de Azevedo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).