A Geografia de gênero não é um gênero de Geografia.

Autores

  • Mariane Biteti Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.231380

Palavras-chave:

corpo, Geografia de Gênero, natureza, ontologia da relação, técnica

Resumo

Neste artigo defendemos a ideia de que a Geografia de gênero não é um gênero de Geografia, buscando contribuir para a reflexão sobre aquilo que pode conferir sentido geográfico à relação Geografia-Gênero. Para tanto, realizamos uma revisão epistemológica e ontológica sobre natureza, corpo e técnica, admitindo-os como mediações importantes da relação, que, dialeticamente, pode se reproduzir como modos de ser-estar espacial no mundo. Nesse sentido, este artigo coloca o desafio ético-político de que as Geografias por vir considerem as questões de gênero como intrínsecas a um projeto anticapitalista, no qual o nosso estar no mundo com os outros, nos permita existir como quem queremos ser.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

BITETI, Mariane de Oliveira. O em-si-para-o-outro-para-si: o ôntico e o ontológico como dimensões do ser geográfico. 2014. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014.

BITETI, Mariane de Oliveira; MORAES, Marcelo Derzi de. Vidas y saberes periféricos como potencias transgresoras. Cidade do México: Tlalli. Revista de Investigación en Geografía, 2019.

BITETI, Mariane de Oliveira. Morte e Vida Pombogira. Abatirá - Revista de Ciências Humanas e Linguagens, v. 2, n. 4, p. 101-114, 2019.

BITETI, Mariane de Oliveira; MORAES, Marcelo. Filosofia Ubuntu, Ontologia, Natureza e Cultura. In: BITETI, Mariane de Oliveira; MORAES, Marcelo. Mudança Social e Participação Política: os conflitos, as transformações e utopias São Paulo: Editora da USP, 2020. p. 210-219.

BITETI, Mariane de Oliveira. Geografia e Ontologia no Debate dos Feminismos. Revista Tamoios, São Gonçalo, v. 18, n. 2, p. 6-21, 2022.

BITETI, Mariane de Oliveira; GRANDI, Matheus da Silveira. O Corpo-Escala e as Estratégias Espaciais do Margear: Proposições Preliminares. Espaço e Cultura, v. 1, n. 51, p. 71-97, 2024.

BITETI, Mariane de Oliveira. Economia Espacial dos Corpos nas Geografias do Capitalismo, Espaço e Economia [online], v. 26, p. 1-13, 2024

BETTANINI, Tonino. Espaço e Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

BORNHEIM, Gerd A. Dialética Teoria e Práxis. Ensaio para uma crítica da fundamentação ontológica da Dialética. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1983.

______. O conceito de descobrimento. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.

BUCK-MORSS, Susan. Hegel e o Haiti e Estudos para uma História Universal. Tradução de Marcelo Perine. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

BUTLER, Judith. Corpos em Aliança e a Política das Ruas: notas para uma teoria performativa da assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

______. Corpos que Importam: Sobre os Limites Discursivos do "Sexo". Tradução de Rogério Bettoni. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

DESCOLA, Philippe. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Editora 34, 2016

______. Para além de natureza e cultura. Niterói: Eduff, 2023.

DERRIDA, Jacques. A melancolia de Abraão, in: Cada vez o impossível. Vinhedo, Editora Horizonte, 2015.

FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Tradução de Renato da Silva. Salvador: Editora EDUFBA, 2008.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

FOUCAULT, Michel. Foucault, M., Les mots et les choses. Une archéologie des sciences humaines, collection des sciences humaines, Gallimard, 1966.

______. As Heterotopias. In: Ditos e Escritos IV: Estratégia, Poder-Saber. Tradução de Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.

______. As Tecnologias de Si e O Sujeito e o Poder. In: Rabinow, Paul; Dreyfus, Hubert (orgs.) Michel Foucault, uma Trajetória Filosófica: Para além do Estruturalismo e da Hermenêutica. Tradução de Vera Portocarrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era ‘pós-socialista’. In: Fraser, Nancy; Honneth, Axel. Redistribuição ou reconhecimento? Uma controvérsia político-filosófica. Tradução de William Li. São Paulo: Editora Boitempo, 2003, p. 17-83.

GRANDI, Matheus. Escala e Geografia: politização da escala geográfica e luta no movimento dos sem-teto. Rio de Janeiro: Consequência Editora, 2023.

GLISSANT, E. Introdução a uma Poética da Diversidade. Juiz de Fora, Editora UFJF, 2005.

______. Poética da Relação. Rio de Janeiro, Bazar do Tempo, 2021.

HAN, Byung-Chul. A Expulsão do Outro: Sociedade, Percepção e Comunicação Hoje. Tradução de Enio Paulo Giachini. São Paulo: Editora Vozes, 2017.

HARAWAY, Donna. Staying with the Trouble. Ed. Duke University Press, 2016.

______. Manifesto Ciborgue: Ciência, Tecnologia e Feminismo-Socialista no Final do Século XX. Tradução de Rafaela Gruenbaum. In: Simians, Cyborgs and Women: The Reinvention of Nature. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000.

HARVEY, David. Espaços de Esperança. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

HEIDEGGER, Martin. Os conceitos fundamentais da metafísica: mundo, finitude e solidão. Tradução de João D. F. de Lima. São Paulo: Editora 34, 2003.

HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Tradução de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

KAFKA, Franz. Um Médico Rural. Tradução de Erico Verissimo. In: Kafka, Franz. Contos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

KRISTEVA, Julia. Pouvoirs de l`horreur. Paris : Éditions du Seuil, 1980.

LAURETIS, Teresa de. A tecnologia de gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 206-223.

______. Teoria queer, 20 anos depois: identidade, sexualidade e política. In: Cadernos Pagu, n. 28, Campinas, SP: Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/Unicamp, 2007, p. 249-276.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.

LEFEBVRE, Henri. La Production de l'Espace. Paris: Anthropos, 1974.

MALOMALO, Bas’llele. Eu só existo porque nós existimos. In. Revista do Instituto Humanitas Unisinos. Trad. Luís Marcos Sander. Vol. 340. 2010.

MASSEY, Doreen. Pelo Espaço: uma nova política da espacialidade. Tradução Hilda Pareto Maciel, Rogério Haesbaert. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

MATOS, Olgária. A melancolia de Ulisses. In: Os Sentidos da Paixão. Org. Adauto Novaes. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

MBEMBE, Achilles. Brutalismo; traduzido por Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1 edições, 2021.

MERLEAU-PONTY, Maurice. La nature: notes et cours du Collège de France. Paris: Seuil, 1994.

______. Fenomenologia da Percepção. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1999.

MORAES, Marcelo José Derzi. Por uma filosofia dessa coisa de pele: uma desconstrução da colonialidade. In: Noyama, Samon (org.) Gingar, filosofar, resistir: ensaios para transver o mundo. Curitiba: Editora CRV, 2020.

______. Democracias Espectrais: por uma desconstrução da colonialidade. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2021.

MOREIRA, Ruy. Marxismo e Geografia.A Geograficidade e o diálogo das Ontologias. In: GEOgraphia, Vol. 6, N. 11, 2004

______. Para onde vai o Pensamento Geográfico? São Paulo: Contexto, 2006.

______. Pensar e Ser em Geografia, São Paulo: Contexto, 2007.

______. O Pensamento Geográfico Brasileiro, vol. 1 – as matrizes clássicas. Rio de Janeiro: Contexto, 2008.

PRECIADO. Paul B. Manifesto Contrassexual. In: Hollanda, Heloisa Buarque de (org.) Pensamento Feminista: Conceitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

______. Multitudes Queer: Notas para uma Política dos Corpos Dissidentes. São Paulo: N-1 Edições, 2021.

______. Eu sou o monstro que vos fala: relatório para uma academia de psicanalistas. Tradução: Carla Rodrigues. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.

SANTOS, Milton. Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.

SARTRE, Jean-Paul. Crítica da Razão Dialética. Tradução de Renato da Silva. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

SODRÉ, Muniz. Pensar Nagô. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.

SMITH, Neil. Desenvolvimento Desigual. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 1988.

VITTE, Antônio Carlos. Da Metafísica da Natureza à Gênese da Geografia Física Moderna. In: Contribuições à História e à Epistemologia da Geografia, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas Canibais. São Paulo: Ubu Editora, 2009.

______. Perspectivismo e Multinaturalismo na América Indígena. São Paulo: Ubu Editora, 2018.

Publicado

02-12-2025

Edição

Seção

Dossiê: Novas perspectivas sobre gênero na geografia

Como Citar

BITETI, Mariane. A Geografia de gênero não é um gênero de Geografia. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 29, n. 2, 2025. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.231380. Disponível em: https://revistas.usp.br/geousp/article/view/231380.. Acesso em: 28 dez. 2025.