“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”: um ensaio sobre o feminismo negro e abordagens para o pensamento geográfico na pesquisa e no ensino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.231598

Palavras-chave:

mulheres negras, feminismo negro, geografias feministas

Resumo

Este artigo apresenta uma discussão sobre as potencialidades das teorias políticas do feminismo negro para o desenvolvimento de análises e estudos geográficos. Ao considerar a perspectiva interseccional na construção do pensamento geográfico, as experiências dos sujeitos no espaço se diferem de acordo com sua corporeidade e marcadores de diferenças. Tais elementos são importantes pontos para o entendimento da desigualdade social e epistêmica que assola a realidade das mulheres negras. Nossas reflexões ancoram-se na pesquisa bibliográfica e no estado do conhecimento sobre a temática de gênero e raça nas ciências humanas, em destaque, para a Geografia. Ao evidenciarmos as lacunas sobre a produção do conhecimento geográfico que visibiliza a realidade das mulheres negras, refletimos sobre a importância de fomentar este debate no campo epistêmico, através da pesquisa e do ensino. 

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Biografia do Autor

  • Fabiana Leonel de Castro, UNL

    Mestra em Estudos Interdisciplinares sobre Gênero e Mulheres pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Doutoranda em Antropologia na Universidade Nova de Lisboa (Portugal).

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Publicado

02-12-2025

Edição

Seção

Dossiê: Novas perspectivas sobre gênero na geografia

Como Citar

SOUZA, Lorena Francisco de; LEONEL DE CASTRO, Fabiana. “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”: um ensaio sobre o feminismo negro e abordagens para o pensamento geográfico na pesquisa e no ensino. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 29, n. 2, 2025. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.231598. Disponível em: https://revistas.usp.br/geousp/article/view/231598.. Acesso em: 28 dez. 2025.