Uma geografia das pessoas trans: A face vívida das realidades cotidianas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.233353Palavras-chave:
Produção do espaço, Justiça territorial, Estudos trans, TransfeminismoResumo
Neste ensaio teórico, dialogamos com os estudos trans, a antropologia urbana e o transfeminismo para discutir a produção do espaço interpelada pela cisnormatividade, propondo uma geografia das pessoas trans. Fundamentamo-nos em autores trans brasileiros e anglófonos para articular a análise geográfica a textos autoetnográficos que evocam o direito à cidade, entendido como um clamor pelo direito ao espaço. Esses relatos destacam uma espacialidade marcada pelo estigma, preconceito e interdições. Por fim, analisamos como as táticas de resistência desses sujeitos políticos evoluíram desde as mobilizações durante a ditadura cívico-militar até o fortalecimento do movimento trans em anos recentes, tornando-se um ator relevante e alcançando avanços em políticas públicas institucionais.
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