Uma geografia das pessoas trans: A face vívida das realidades cotidianas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.233353

Palavras-chave:

Produção do espaço, Justiça territorial, Estudos trans, Transfeminismo

Resumo

Neste ensaio teórico, dialogamos com os estudos trans, a antropologia urbana e o transfeminismo para discutir a produção do espaço interpelada pela cisnormatividade, propondo uma geografia das pessoas trans. Fundamentamo-nos em autores trans brasileiros e anglófonos para articular a análise geográfica a textos autoetnográficos que evocam o direito à cidade, entendido como um clamor pelo direito ao espaço. Esses relatos destacam uma espacialidade marcada pelo estigma, preconceito e interdições. Por fim, analisamos como as táticas de resistência desses sujeitos políticos evoluíram desde as mobilizações durante a ditadura cívico-militar até o fortalecimento do movimento trans em anos recentes, tornando-se um ator relevante e alcançando avanços em políticas públicas institucionais.

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Biografia do Autor

  • Bernardo Francisco Bronzi, Universidade Federal Fluminense

    Mestrando no Programa de Pós-graduação em Geografia Universidade Federal Fluminense (POSGEO/UFF). Geógrafo e licenciado em Geografia pela UFF.

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Publicado

02-12-2025

Edição

Seção

Dossiê: Novas perspectivas sobre gênero na geografia

Como Citar

BRONZI, Bernardo Francisco. Uma geografia das pessoas trans: A face vívida das realidades cotidianas. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 29, n. 2, 2025. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.233353. Disponível em: https://revistas.usp.br/geousp/article/view/233353.. Acesso em: 28 dez. 2025.