Feminismo marxista e as geografias da reprodução social: notas introdutórias (no prelo)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.234382Palavras-chave:
feminismo marxista, reprodução social, formação socioespacial , lugar, cotidianoResumo
O feminismo da reprodução social tem conquistado crescente relevância e visibilidade em pesquisas em diversos campos das ciências humanas no Brasil. Embora haja um aumento no interesse de geógrafas por perspectivas feministas, as abordagens relacionadas à reprodução social em nosso país ainda são pouco exploradas, mesmo quando os temas tratados estão inseridos na esfera da reprodução. No campo da geografia brasileira, ampliar a adoção da perspectiva feminista marxista permitiria não apenas identificar como reprodução social as atividades que de fato o são, mas também ajustar as escalas e as ferramentas metodológicas necessárias para o desenvolvimento da pesquisa. Com isso, as análises se tornariam mais complexas e gerariam novas conexões teóricas. Com o intuito de contribuir para esse debate, este trabalho busca destacar elementos do feminismo marxista que podem ser alçados a pontos de partida metodológicos para o aprofundamento das discussões sobre reprodução social em nosso campo de estudo.
Downloads
Referências
ARRUZZA, C. Considerações sobre gênero: reabrindo o debate sobre patriarcado e/ou capitalismo. Revista Outubro, n. 23. 2015.
__________. Ligações Perigosas: casamentos e divórcios entre marxismo e feminismo. São Paulo: Usina Editorial. 2019.
ARRUZZA, C. BHATTACHARYA, T. FRASER, N. Feminismo para 99%: um manifesto. São Paulo: Boitempo, 2020.
ARRUZZA, C. GAWEL, K. The Politics of Social Reproduction. An Introduction. CLCWeb: Comparative Literature and Culture 22.2. 2020.
BANNERJI, H. Building from Marx: Reflections on Class and Race. Social Justice Vol 32 No. 4. 2005.
BHATTACHARYA, T. Teoria da Reprodução Social: remapear a classe, recentralizar a opressão. São Paulo: Editora Elefante. 2023.
_______________. Social Reproduction Theory as Diagnostic, Abolition as Politics: Reimagining Anticapitalism. Labor: Studies in Working-Class History of the Americas, Volume 21, Number 4, December 2024, pp. 117-129.
CARLOS, A. F. A. Espaço-tempo na metrópole: a fragmentação da vida cotidiana. São Paulo, Contexto: 2001.
CAVALCANTE, L. V.; LIMA, L. C. Epistemologia da Geografia e espaço geográfico: a contribuição teórica de Milton Santos. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 22, n. 1, p. 061-075 mês. 2018.
Autora. Entrevista com Verónica Gago. Boletim Campineiro De Geografia, 11(1), 185–191, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.54446/bcg.v11i1.506
____________. Capitalismo racializado e generificado: entrevista com Nancy Fraser / Racialized and Gendered Capitalism: an interview with Nancy Fraser. REVISTA NERA, 26(66), 2023.
___________. O valor é pariwat: território, reprodução social e expropriação na perspectiva das mulheres Munduruku. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNESP/Rio Claro, 2024.
DALLA COSTA, M. JAMES, S. The Power of Women and the Subversion of the Community. Bristol: Falling Wall Press. 1972.
DAMIANI, A. O lugar e a produção do cotidiano. In: CARLOS, A .F. A. (org). Novos caminhos da geografia. 5. ed. São Paulo: Contexto, p. 161-172, 2005.
DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo. 2016.
FEDERICI, S. O calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Editora Elefante. 2018.
_____________ . O patriarcado do salário. São Paulo: Boitempo. 2021.
FERGUSON, S. Feminismos interseccional e da reprodução social: rumo a uma ontologia integrativa. Cadernos Cemarx, Campinas, n. 10. 2017.
FERGUSON, S.; BHATTACHARYA, T. Life-Making, Capitalism and the Pandemic: Feminist Ideas about Women’s Work. Pluto Books, London. 2022. Disponível em: https://www.plutobooks.com/blog/life-making-capitalism-and-the-pandemic/.
FRANCA, G. C. ESPAÇO, REPRODUÇÃO SOCIAL E PRODUÇÃO DO COMUM. Boletim Paulista De Geografia, 1(102), 63–81, 2020.
FRASER, N. Contradicitons of capital and care. New Left Review 100, p. 99-117, 2020.
_________. Is capitalism necessarily racist? Politics/Letters, v. 15, 2019.
_________. Capitalismo Canibal. Buenos Aires: Siglo XXI Editores Argentina. 2022.
GAGO, V. A potência feminista ou o desejo de transformar tudo. São Paulo: Editora Elefante. 2020.
GIBSON-GRAHAM, J. K. The End of Capitalism (as We Knew It): A Feminist Critique of Political Economy. Minneapolis: University of Minnesota Press. 1996.
GUERMOND, V; BRICKELL, K; NATARAJAN, N. Replenishing Geographical Thinking on Depletion through and of Social Reproduction. Antipode. 57(2):459-470, 2024. DOI: 10.1111/anti.13116
GILMORE, R.W. Geografía abolicionista y el problema de la inocencia. Tabula Rasa, Bogotá, n. 28, p. 57-77. 2018.
HARVEY, D. O novo imperialismo. São Paulo: Loyola. 2004.
__________. Os limites do capital. São Paulo: Boitempo. 2013.
__________. 17 contradições e o fim do capitalismo. São Paulo: Boitempo. 2016.
JAFFE, A. "Social Reproduction Theory and the Form of Labor Power." CLCWeb: Comparative Literature and Culture 22.2. 2020.
KATZ, C. (Capitalismo vagabundo e a necessidade da reprodução social. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 23, n. 2, p. 435-452, 2019.
________ . Messing with “the Project.” In: CASTREE, N.; GREGORY, D. (ed.). David Harvey: A Critical Reader. Oxford: Blackwell, 2006. p. 234-246.
KATZ, C.; MONK, J. Making Connections: Space, Place, and the Life Course. In: KATZ, C.; MONK, J. (orgs.). Full Circle: Geographies of Women over the Life Course. Londres; Nova York: Routledge. 1993.
LAVINAS, L; BRESSAN, L; RUBIN, P; CORDILA, A. The Financialization of Social Policy: An Overview. Texto para discussão 01/2022. 2022. Instituto de Economia - UFRJ. https://www.ie.ufrj.br/images/IE/TDS/2022/TD_IE_001.pdf
LEFEBVRE, H. (1991) A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática.
LUXTON, M. Feminist Political Economy in Canada and the Politics of Social Reproduction. In: BEZANSON, K. e LUXTON, M. Social Reproduction: Feminist Political Economy Challenges Neo-Liberalism. Montreal: McGill-Queen’s University Press. 2006.
MACHADO, B. A. Articulando utopias: algumas possibilidades do encontro entre feminismo negro e o marxismo da reprodução social. Lutas Sociais, v. 22, n. 40. 2019. DOI:10.23925/ls.v22i40.46647
MACHADO, T. A. Da formação social em Marx à formação socioespacial em Santos: uma categoria geográfica para interpretar o Brasil? GEOgraphia, 18(38), 71-98. 2017.
MARCELINO, G. H. Feminismo, ponto de renovação do marxismo. Revista Outubro, n.33, p.29-62. 2021.
MARX, K. O capital: Livro I. São Paulo: Boitempo. 2013.
MCFADDEN, K. Infrastructures of social reproduction: schools, everyday urban life, and the built environment of education. Dialogues in Human Geography: 1–20. 2023. DOI: 10.1177/20438206231178827.
MEZZADRI, A. A Value Theory of Inclusion: Informal Labour, the Homeworker, and the Social Reproduction of Value. Antipode, 53: 1186-1205. 2021. https://doi.org/10.1111/anti.12701
MITCHEL, K. MARSTON, S. A. KATZ, C. Life’s Work Geographies of Social Reproduction.. Malden, USA: Blackwell Publishing. First published as a special issue of Antipode, 2004.
MORAES, L. Relação entre universal, particular e singular em análises feministas marxistas: por uma ontologia integrativa. Plural, 28(2), 132-158. 2021. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2021.184118
NAIDU, S. C. Circuits of Social Reproduction: Nature, Labor, and Capitalism. Forthcoming in Review of Radical Political Economics. 2023. https://doi.org/10.1177/04866134221099316
NORTON, J. KATZ, C. Social Reproduction. In: RICHARDSON, D. et al. The International Encyclopedia of Geography. John Wiley & Sons, Ltd. 2021. DOI: 10.1002/9781118786352.wbieg1107
OLIVEIRA, R. N. Justiça reprodutiva como dimensão da práxis negra feminista: contribuição crítica ao debate entre feminismos e marxismo. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 14(2), 245–266. 2022 DOI: 10.9771/gmed.v14i2.49559
PRED, A. Social Reproduction and the Time-Geography of Everyday Life. Geografiska Annaler. Series B, Human Geography, v. 63, n. 1, 1981, pp. 5–22. 1981.
RUAS, R. S. Teoria da Reprodução Social: apontamentos desde uma perspectiva unitária das relações sociais capitalistas. Revista Direito e Práxis, [S.l.], v. 12, n. 1, p. 379-415, mar. 2021.
SANTOS, M. Sociedade e espaço: a formação social como teoria e como método. Boletim Paulista De Geografia, (54), 81_100. 1977.
_________. A natureza do espaço. Técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp. 2004.
SEABRA, O. C. L.Territórios do uso: cotidiano e modo de vida. CIDADES. v. 1, n. 2, 2004, p. 181-206. 2004.
SMITH, N. Geografia, diferencia y las políticas de escala. Terra Livre, São Paulo, v. 18, n. 19, p. 127-146, 2002.
STRAUSS, K. MEEHAN, K. Introduction: New Frontiers in Life’s Work. In: MEEHAN, K. STRAUSS, K. Precarius Worlds: contested geographies of social reprodution. Athens: University of Georgia Press, 2015.
TANYILDIZ, G. S. Social reproduction, infrastructure, and the everyday. Dialogues in Human Geography, 1-4, 2023. DOI: 10.1177/20438206231202820
VARELA, P. La reproducción social en disputa: un debate entre autonomistas y marxistas. Archivos de Historia del Movimiento Obrero y la Izquierda, Buenos Aires, n. 16, p. 71-92, 2020.
_________. Las luchas por nuestra reproducción social: debates teóricos y combates sociales. Encrucijadas. Revista Crítica de Ciencias Sociales, [s. l.], v. 23, n. 2. 2023.
VERDI, E. Economia popular, reprodução social e privação do urbano: três novos conteúdos da periferia? GEOgraphia, 25(54), 2023. DOI: 10.22409/GEOgraphia2023.v25i54.a52213
VOGEL, L. Marxismo e a opressão às mulheres: rumo a uma teoria unitária. São Paulo: Expressão Popular. 2022.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Kena Azevedo Chaves

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).

