Um autoritário à brasileira: o que diz a Ciência Política sobre a eleição de Bolsonaro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2237-4485.lev.2024.238967

Palavras-chave:

Antipetismo, Bolsonarismo, Comportamento eleitoral, Conservadorismo, Direitas

Resumo

O artigo analisa a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 à luz de três grandes teses oferecidas pela Ciência Política brasileira. O objetivo é revisar a literatura que busca compreender como fatores estruturais e conjunturais explicam um resultado eleitoral inicialmente visto como improvável. Parte-se de três teses principais: (1) o “conservadorismo popular” entre eleitoras e eleitores mais pobres, os quais se identificam com pautas de segurança e ordem; (2) a “reorganização das direitas”, envolvendo bancadas parlamentares (evangélica e da segurança) e movimentos de rua alinhados a valores conservadores; e (3) o “antipetismo”, segundo o qual a rejeição ao Partido dos Trabalhadores (PT) teria canalizado votos para o candidato opositor, independentemente de sua agenda. A conclusão ressalta que cada tese ilumina facetas específicas do fenômeno, sem que se sobreponham. Por fim, o texto destaca que a derrota de Bolsonaro em 2022 reabre o debate sobre quais dimensões presentes nestas teses permanecem válidas e como elas podem seguir explicando as dinâmicas eleitorais brasileiras.

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Biografia do Autor

  • Mariana Falcão Chaise, Unicamp
    Mariana Falcão Chaise é pós-doutoranda no Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop/Unicamp).

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Publicado

2025-07-07

Como Citar

Falcão Chaise, M. (2025). Um autoritário à brasileira: o que diz a Ciência Política sobre a eleição de Bolsonaro. Leviathan (São Paulo), 20, 1-20. https://doi.org/10.11606/issn.2237-4485.lev.2024.238967

Dados de financiamento