A América Latina tão longe de “Deus” e tão perto dos Estados Unidos da América: a política externa estadunidense como entrave para o desenvolvimento da América do Sul em Eduardo Prado e Manoel Bomfim
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2237-4485.lev.2017.149187Palavras-chave:
Manoel Bomfim, Eduardo Prado, Imperialismo, América Latina, Pensamento Social BrasileiroResumo
O presente artigo busca apontar os entraves para o desenvolvimento autônomo do continente sul-americano, explorando as formulações de dois intelectuais do Pensamento Social Brasileiro: o médico sergipano, Manoel Bomfim (1868 – 1932) e o jurista paulista, Eduardo Prado (1860 – 1901). Ambos intelectuais apontaram em seus primeiros trabalhos histórico-sociológicos: A Ilusão Americana (publicado por Prado em 1893) e A América Latina: males de origem (publicado por Bomfim em 1905) elementos reflexivos pertinentes para se pensar em tais dimensões (a saber, o imperialismo praticado pelos Estados Unidos da América, junto às ex-colônias de exploração européias ao sul do continente) como um elemento que no passado, ainda que articulado a outros elementos constitui-se chave explicativa importante para se refletir, determinados desajustes internos nestas repúblicas libertas de suas metrópoles primeiras, mas, que nunca estiveram realmente livres da ameaça vizinha ao norte do continente. Neste sentido, o objeto central do artigo é fazer uma comparação entre os postulados de ambos intelectuais cujas reflexões supracitadas foram desenvolvidas nas primeiras décadas de nossa Primeira República. Desta forma, as suas reflexões sobre o imperialismo norte-americano nos orientam para elucidar semelhanças e diferenças em suas reflexões e para pensar criticamente as possibilidades de desenvolvimento da América Latina sem ingerências externas.
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