O ethos da inexistência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v37i1p228-244

Palavras-chave:

Escritas autobiográficas, Literatura feminina, Estudos do discurso, Metalinguística, Argumentação

Resumo

Na linha do diálogo entre os estudos do discurso e os estudos da argumentação, analisamos a construção do ethos no paratexto da obra Recordações da minha inexistência - memórias, de Rebecca Solnit (2021). Tendo em vista uma escrita que traça um discurso contra hegemônico no contexto social subjacente, importa-nos observar como o projeto de dizer dessa escrita autobiográfica se articula em função da construção do ethos discursivo da autora-narradora-personagem. Para tanto, analisamos as construções discursivas dos elementos paratextuais da obra. Consideramos que o ethos da inexistência feminina nessa obra se dá em condições linguísticas e extralinguísticas que compõem um eu que ressoa na coletividade. A partir das análises do paratexto da referida obra, destacamos como a construção do ethos discursivo da autora-narradora-personagem reflete e refrata os conflitos sociais constitutivos da autorrepresentação feminina na contemporaneidade de forma aporética, demarcando a autorreferência feminina por meio da lógica de um não-lugar.

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Biografia do Autor

  • Girlandia Gesteira Santos, Universidade Estadual de Santa Cruz

    Doutoranda em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Brasil).
    Docente na Secretaria de Educação do Município de Canavieiras-BA (Brasil).
    Docente na Secretaria do Estado da Bahia (Brasil).

  • Yuri Andrei Batista Santos, Université Grenoble Alpes

    Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (Brasil) e pela Université de Paris (França) (2023).
    Docente na Université Grenoble Alpes (França).

  • Vânia Lúcia Menezes Torga, Universidade Estadual de Santa Cruz

    Doutora em Letras- pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006).
    Docente na Universidade Estadual de Santa Cruz (Brasil)

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Publicado

2024-03-14

Como Citar

SANTOS, Girlandia Gesteira; SANTOS, Yuri Andrei Batista; TORGA, Vânia Lúcia Menezes. O ethos da inexistência. Linha D’Água, São Paulo, v. 37, n. 1, p. 228–244, 2024. DOI: 10.11606/issn.2236-4242.v37i1p228-244. Disponível em: https://revistas.usp.br/linhadagua/article/view/213208.. Acesso em: 27 abr. 2024.