A linguagem descaravélica do Movimento Plurinacional Wayrakuna
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i1p182-197Palavras-chave:
Movimento Wayarakuna, Gramática, Estilística, Círculo de BakhtinResumo
O objetivo do presente artigo é analisar como escolhas sintáticas e gramaticais presentes na obra Wayrakuna – Polinizando a vida e semeando o bem viver (2023) permitem compreender sentidos estilísticos ou ideológicos do Movimento Wayrakuna. A base teórico-metodológica da pesquisa é a complementaridade entre gramática e estilística na análise da língua proposta por Mikhail Bakhtin e Valentin Volóchinov. Nessa abordagem, o primeiro passo metodológico foi caracterizar o gênero discursivo da obra em análise. Em seguida, foram identificadas as formas da língua relevantes para caracterizar os sentidos estilísticos ou ideológicos do Movimento Plurinacional Wayrakuna de indígenas mulheres. Nesse segundo passo metodológico, foram selecionadas duas construções da língua portuguesa: o sintagma nominal “indígenas mulheres” e a prefixação da palavra “desenvolvimento”, com “desenvolvimento”, “não-envolvimento” e “re-envolvimento. Essas formas foram analisadas à luz de descrições gramaticais e estilísticas. Os resultados foram: a inversão morfossintática “indígenas mulheres” realçou o caráter secundário do gênero em benefício da identidade indígena; as prefixações “des-envolvimento”, “não-envolvimento” e “re-envolvimento” enfatizaram a necessidade de restaurar o envolvimento da sociedade com a natureza. Ambas as formas refletiram e refrataram a cosmovisão ancestral indígena.
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