Sentidos em disputa: análise das designações “direita”, “esquerda” e “terceira via”
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i2p564-588Palavras-chave:
Formações nominais, Domínio semântico de determinação, Redes enunciativas, Semântica Histórica da Enunciação, Eleições brasileiras de 2022Resumo
Apresentamos aqui os resultados de uma pesquisa qualitativa desenvolvida a partir da análise das designações “direita”, “esquerda” e “terceira via” no contexto das eleições brasileiras de 2022. Nosso objetivo neste trabalho é responder à pergunta que direcionou a pesquisa: quais são as regularidades de sentidos e os pontos de conflito que atravessam os efeitos de sentidos das designações em análise? Nossa base teórica é a Semântica Histórica da Enunciação, especificamente a noção de domínio semântico de determinação (DSD), desenvolvido por Guimarães (2018), e as noções de formação nominal (FN), referencial histórico e pertinência enunciativa, desenvolvidas por Dias (2018). Para realizar as análises, utilizamos as redes enunciativas, também desenhada por Dias (2018, 2023), como recurso metodológico para a observação comparativa dos sentidos dos enunciados, permitindo “a percepção dos domínios de mobilização que a enunciação sustenta” (Dias, 2018). As redes enunciativas, construídas a partir do rastreio de ocorrências indexadas pelas hashtags nucleadas pelas FNs “direita”, “esquerda” e “terceira via”, nos permitiram observar que os domínios de mobilização das FNs em análise tendem à discrepância. Entretanto, nossas análises também mostraram que os domínios de mobilização dessas FNs constroem sentidos que, confrontados entre si, parecem estar em disputa, sendo, por vezes, até tomados de modo intercambiável.
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