O amor como ruptura do ciclo de violência em Corpo Desfeito, de Jarid Arraes
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i3p171-189Palabras clave:
Transgeracional, Cronotopo, Literatura de autoria femininaResumen
Este estudo explora o papel do amor como fator de superação da violência intergeracional na vida da protagonista Amanda, do livro Corpo Desfeito, de Jarid Arraes (2022). Focado na relação entre Amanda e Jéssica, o trabalho investiga de que forma esse afeto opera como uma força disruptiva no ciclo de violência transmitido por gerações. A análise considera o cronotopo do romance, conforme conceito desenvolvido por Bakhtin (1993), em que o tempo da pré-adolescência e os espaços familiares restritivos servem como pano de fundo simbólico para as dinâmicas de opressão e resistência da personagem. Embasado nos conceitos de “justiça familiar” e “lealdade” de Boszormenyi-Nagy e Spark (1983), bem como no conceito de “mito familiar” de Burche (1985), este estudo interpreta as imposições geracionais como mitos de controle e abuso que configuram o desenvolvimento psicológico de Amanda. O método qualitativo e interpretativo mostra que, ao construir um vínculo afetivo genuíno com Jéssica, Amanda reconfigura o ambiente emocional ao seu redor, resistindo aos padrões de violência e questionando a normalização da agressão como sinônimo de amor. Conclui-se que a experiência de um afeto autêntico permite a Amanda reinterpretar o significado de amor e identidade, e, assim, romper com o legado de opressão.
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