A interculturalidade na aula de DaF sob uma perspectiva decolonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/

Palavras-chave:

interculturalidade, decolonialidade, papel do professor, DaF, criticidade

Resumo

O presente artigo busca refletir sobre a interculturalidade, elemento tão presente nas aulas de língua atualmente, a partir de uma perspectiva decolonial. O objetivo é contribuir para as discussões a respeito de uma postura decolonial no ensino de línguas – no nosso caso, na aula de Alemão como Língua Estrangeira (DaF) no Brasil –, trazendo reflexões sobre o papel do professor nesse processo. A partir de minhas reflexões e observações enquanto professora-pesquisadora e formadora de professores, procuro abordar como uma postura decolonial por parte do professor pode levar à desconstrução de padrões pré-existentes e, consequentemente, a um aprendizado mais próximo da realidade do aluno. Para tanto, além de revisitar e discutir conceitos basais para as reflexões aqui postas, procuro trazer exemplos práticos com os quais o professor se defronta em sala de aula, especialmente advindos de livros didáticos. Como o professor nem sempre está consciente de que pode – e deve – constituir resistência e oposição a postulações coloniais arraigadas em nossa sociedade, bem como ser ferramenta e incentivo para um mundo diferente, busco trazer algumas noções do pensamento decolonial, a fim de incentivar esse novo olhar para o aprendizado e uma nova postura frente ao mundo globalizado e intercultural em que vivemos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ANDERS, Günther. Der Löwe. Die Zeit, Hamburgo, ano 1966, n. 10, 8, 4 mar. 1966. Fabel und Parabeln. Disponível em: <https://www.zeit.de/1966/10/fabeln-und-parabeln/seite-8> (04/01/2024).

AQUINO, Marceli; FERREIRA. Mergenfel A. Vaz. Ensino de alemão com foco decolonial: uma discussão sobre propostas didáticas para o projeto Zeitgeist. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 17, 1-33, 2023.

AZIBEIRO, Nadir Esperança. Educação intercultural e complexidade: desafios emergentes a partir das relações em comunidades populares. In: FLEURI, Reinaldo M. (org.). Educação intercultural: mediações necessárias. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, 85-107.

BAGNO, Marcos. Minoritária ou Minorizada? Blog da Parábola Editorial, 2017. Disponível em: <https://www.parabolablog.com.br/index.php/blogs/politica-linguistica-1> (12/03/2024).

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciências Políticas, Brasília, n. 11, 89-117, 2013.

BIECHELE, Markus; PADRÓS, Alicia. Didaktik der Landeskunde. Berlin: Langenscheidt, 2003.

BÖHME, Hartmut. Vom Cultus zur Kultur(wissenschaft). Zur historischen Semantik des Kulturbegriffs. In: GLASER, Renate; LUSERKE, Matthias (org.). Literaturwissenschaft – Kulturwissenschaft. Positionen, Themen, Perspektiven. Opladen: Westdeutscher Verlag, 1996, 48-68.

BOLOGNINI, Carmen Zink. Livro didático: cartão postal do país onde se fala a língua-alvo? Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 17, 43-56, 1991.

BOSI, Alfredo. A Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BOURDIEU, Pierre. O que falar quer dizer: a economia das trocas lingüísticas. Algés, Portugal: Difel, 1998.

CANDAU, Vera M. Ferrão. Cotidiano escolar e práticas interculturais. Cadernos de Pesquisa, v. 46, n. 161, 802-820, 2016.

CANDAU, Vera M. Ferrão. Diferenças culturais, cotidiano escolar e práticas pedagógicas. Currículo sem Fronteiras, Braga, v. 11, n. 2, 240-255, 2011.

CANDAU, Vera M. Ferrão. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica. In: MOREIRA, Antonio Flávio; CANDAU, Vera M. Ferrão. Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis: Vozes, 2013, 13-37.

CAVALCANTI, Marilda C. Estudos sobre educação bilíngüe e escolarização em contextos de minorias lingüísticas no Brasil. Revista D.E.L.T.A., São Paulo, v. 15, n. esp., 385-417, 1999.

CONSELHO DA EUROPA. Quadro europeu comum de referência para as línguas: aprendizagem, ensino, avaliação. Edição Portuguesa. Porto: Edições ASA, 2001. Disponível em: <https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Basico/Documentos/quadro_europeu_comum_referencia.pdf> (29/03/2024).

GANDHI, Leela. Postcolonial Theory. A critical Introduction. 2. ed. New York: Columbia University Press, 2019.

GARCÍA, Ofelia; WEI, Li. Translanguaging, Language, Bilingualism and Education. London: Palgrave Macmillan, 2014.

GARCÍA, Ofelia. Bilingual education in the 21st century: a global perspective. Malden, MA: Blackwell, 2009.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GRILLI, Marina; PUH, Milan. O ensino de alemão enquanto ato político-pedagógico: reflexões a partir de um estágio de docência na universidade. Revista Trama, v. 17, n. 41, 123-133, 2021.

HERSKOVITS, Melville J. Man and His Works. Antropologia Cultural. São Paulo: Mestre Jou, 1963.

HEXELSCHNEIDER, Erhard. Das Fremde und das Eigene als Grundkomponenten von Interkulturalität. Was bedeutet das für den Lehrenden? In: WIERLACHER, Alois (org.). Perspektiven und Verfahren interkultureller Germanistik. München: Iudicium, 1987, 259- 287.

HINNENKAMP, Volker. Interaktionale Soziolinguistik und interkulturelle Kommunikation. Gesprächsmanagement zwischen Deutschen und Türken. Tübingen: De Gruyter, 1989.

IPHAN. Guia de pesquisa e documentação para o INDL - Inventário Nacional da Diversidade Linguística. Volume 1: Patrimônio Cultural e Diversidade Linguística. Brasília: IPHAN, 2014.

LANGAN, Mark. Neo-colonialism and the poverty of ‘development’ in Africa. Cham, CH: Palgrave Macmillan, 2018.

LEIPRECHT, Rudolf; LUTZ, Helma. Intersektionalität im Klassenzimmer: Zur sozialen Konstruktion und Bedeutung von Ethnie, Klasse, Geschlecht und ihren Verbindungen. In: LEIPRECHT, Rudolf; STEINBACH, Anja (org.). Schule in der Migrationsgesellschaft. Ein Handbuch. Band I: Grundlagen - Differenzlinien - Fachdidaktiken. Schwalbach/Ts: Debus Pädagogik, 2015, 283-304.

MENDES, Edleise. Aprender a ser e a viver com o outro: materiais didáticos interculturais para o ensino de português LE/L2. In: SCHEYERL, Denise; SIQUEIRA, Sávio (org.). Materiais didáticos: para o ensino de línguas na contemporaneidade: contestações e proposições. Salvador: Edufba, 2012, 356-378.

MIGNOLO, Walter. Desafios decoloniais hoje. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu/PR, v. 1, n. 1, 12-32, 2017. Disponível em: <https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/view/772> (05/01/2024).

MOYA, R. Formación de maestros e interculturalidad. In: CUENCA, R.; NUCINKIS, N.; ZAVALA, V. (org.). Nuevos maestros para América Latina. Madrid: Morata, 2007, 229-258.

ORT, Claus-Michael. Kulturbegriffe und Kulturtheorien. In: NÜNNING, Ansgar; NÜNNING, Vera (org.). Einführung in die Kulturwissenschaften: Theoretische Grundlagen - Ansätze -Perspektiven. Stuttgart: Metzler, 2008, 19-38.

PENNYCOOK, Alastair. Critical applied linguistics: a critical re-introduction. 2. ed. New York: Routledge, 2021.

PUH, Milan. “Tudo junto e misturado?”: as contribuições e os limites do multiculturalismo no ensino de línguas. Revista El Toldo de Astier: propuestas y estudios sobre enseñanza de la lengua y la literatura, La Plata, v. 11, n. 20-21, 415-432, 2020.

PUPP SPINASSÉ, Karen. A contribuição do português para a constituição lexical do Hunsrückisch em situação de contato linguístico. LinguíStica, Rio de Janeiro, v. 3, n. 13, 94-109, 2017.

PUPP SPINASSÉ, Karen. Deutsch als Fremd- und Fachsprache in Brasilien. In: Szurawitzki, Michael; Wolf-Farré, Patrick (org.). Handbuch Deutsch als Fach- und Fremdsprache. Ein aktuelles Handbuch zeitgenössischer Forschung. Berlin: de Gruyter, 2024, 965-972.

PUPP SPINASSÉ, Karen. Formando aprendizes culturalmente sensíveis. In: SCHROEDER, Daniela Norci; RODRIGUEZ, Monica Nariño; GRAÇA, Rosa Maria de Oliveira (org.). Pesquisa-ação: cultura em sala de aula de línguas no NELE. Porto Alegre: Instituto de Letras/UFRGS, 2016, 11-19.

PUPP SPINASSÉ, Karen. Sprachenpolitische und didaktische Reflexionen über den Deutschunterricht in einem bilingualen Kontext Brasiliens. In: HERZIG, Katharina; PFLEGER, Sabine; PUPP SPINASSÉ, Karen; SADOWSKI, Sabrina (org.). Transformationen: DaF-Didaktik in Lateinamerika: Impulse aus Forschung und Unterrichtspraxis. Tübingen: Stauffenburg Verlag, 2014, 13-29.

RECKWITZ, Andreas. Die Transformation der Kulturtheorien. Zur Entwicklung eines Theorieprogramms. Weilerswist: Velbrück Wissenschaft, 2000.

RICOEUR, Paul. Das Selbst als ein Anderer. Paderborn: Fink, 1996.

SAAL, Britta. Kultur in Bewegung. In: MAE, Michiko; SAAL, Britta (org.). Transkulturelle Genderforschung. Ein Studienbuch zum Verhältnis von Kultur und Geschlecht. 2. ed. Wiesbaden: Springer, 2014, 21-47.

SAMPAIO, Ivanete da Hora; PUH, Milan. Da teoria para a prática: propostas formativas interculturais e decoloniais para quem ensina(rá) línguas no Brasil. In: ALMEIDA, Ariadne Domingues et al. (org.). Língua em movimento: Estudos em linguagem e interação. Salvador: EDUFBA, 2020, 107-124.

SOKOL, Monika. Französische Sprachwissenschaft: Eine Einführung mit thematischem Reader. Tübingen: Narr, 2001.

TEIXEIRA, Ivan. Gramática do louvor. Folha de S. Paulo, São Paulo, ano 80, n. 25.938, 8 abr. 2000. Jornal de Resenhas, 4.

THIONG’O, Ngũgĩ wa. Decolonising the mind - the politics of language in african literature. Londres: James Currey Publishers, 1986.

TIBURI, Marcia. Complexo de vira-lata. Análise da humilhação colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2021.

UNESCO. Final Declaration MONDIACULT-2022. 2022. Disponível em: <https://www.unesco.org/sites/default/files/medias/fichiers/2022/10/6.MONDIACULT_EN_DRAFT%20FINAL%20DECLARATION_FINAL_1.pdf> (04/01/2024).

UPHOFF, Dörthe; ARANTES, Poliana Coeli C. Mudando os termos da conversa: questões decoloniais na produção de materiais didáticos para o ensino de alemão. Revista Interdisciplinar Sulear, v. 06, n. 14, 28-44, 2023.

WALSH, Catherine E. Interculturalidade e (des)colonialidade: perspectivas críticas e políticas. In: Anais do XII Congresso ARIC. Florianópolis: ARIC, 2009, 1-18.

WALSH, Catherine E. Interculturality and Decoloniality. In: MIGNOLO, Walter D.; WALSH, Catherine E. (org.) On decoloniality: concepts, analytics, praxis. Durham, NC: Duke University Press, 2018, 57-80.

WEINERT, Franz E. Vergleichende Leistungsmessung in Schulen – eine umstrittene Selbstverständlichkeit. In: WEINERT, Franz E. (org.). Leistungsmessungen in Schulen. Weinheim; Basel: Beltz, 2001, 17-31.

WELSCH, Wolfgang. Was ist eigentlich Transkulturalität? In: DAROWSKA, Lucyna; LÜTTENBERG, Thomas; MACHOLD, Claudia (org.). Hochschule als transkultureller Raum? Kultur, Bildung und Differenz in der Universität. Bielefeld: Transcript Verlag, 2010, 39-66.

Downloads

Publicado

2024-07-07

Edição

Seção

Dossiê: Novas perspectivas, novas práticas e tensões no ensino de língua e literatura alemãs: sobre crises e demandas identitárias, insurgentes, decoloniais, antirracistas

Como Citar

PUPP SPINASSÉ, Karen. A interculturalidade na aula de DaF sob uma perspectiva decolonial. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, Brasil, v. 27, n. 53, p. 270–294, 2024. DOI: 10.11606/. Disponível em: https://revistas.usp.br/pg/article/view/226904.. Acesso em: 8 jul. 2024.