Poucos que sobrevivem: relatos de violências, galeras e cinema no Piauí
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2023.212614Palavras-chave:
Periferias, Juventudes, Violência, Cinema, DocumentárioResumo
O artigo resulta de uma investigação acerca das dinâmicas da violência nas periferias da cidade de Teresina, Piauí, a partir dos relatos de 9 moradores das zonas periféricas da cidade, que tiveram suas vidas diretamente afetadas pela violência e pelo crime. Os relatos fazem parte do documentário intitulado Poucos que Sobrevivem (2021), realizado pelos pesquisadores a partir das incursões de investigações do Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens (NUPEC) da Universidade Federal do Piauí, entre os anos de 2019 e 2021. A pesquisa reúne relatos em torno das dinâmicas criminais na periferia, das representações do cárcere, da violência policial, das formações de galeras e das formas de reinvenção da vida. A produção da pesquisa e do documentário se inserem no contexto histórico da escalada da violência no estado do Piauí, e ainda, faz uso da aproximação entre audiovisual e técnicas de investigações sociais. As técnicas de investigação empregadas foram o uso de entrevistas abertas na construção de um documentário, a partir de amostragem não-probabilística por meio do recurso “bola de neve”, com posterior categorização em torno de eixos centrais da pesquisa: Violência policial, cárcere, gangues e estratégias de sobrevivência. Os principais resultados obtidos por meio da pesquisa são reflexões sobre os procedimentos metodológicos relativos ao uso do recurso audiovisual na pesquisa sociológica da violência, como a relevância da re-encenação da experiência vivida como recurso na investigação social e a possibilidade imaginativa do audiovisual aplicada à pesquisa.
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