Pelo bairro: um exercício descritivo da prostituição de travestis no Jardim Itatinga

Autores

  • Letizia Patriarca Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/54cwet81

Palavras-chave:

antropologia urbana, prostituição, travestis, heterotopia, violência policial

Resumo

Neste artigo o exercício descritivo é também abordagem metodológica e objetivo analítico. Em diálogo direto com a noção de heterotopia de Michel Foucault, o bairro vai se apresentando como tal, em uma particular relação de autonomia e ligação com outros espaços. Desse exercício, vai se delineando a conformação do bairro relacionada à prática da prostituição, em arranjos de estabelecimentos diversos e focando na prática de travestis que lá realizam programas. A centralidade da prostituição para o bairro fica evidente também pelo relato de violência policial ocorrida em 2013 como forma de retaliação, suspendendo as atividades econômicas. O argumento percorrido é da indissociabilidade analítica quanto às vivências de travestis, enquanto profissionais do sexo e especificamente no bairro Jardim Itatinga (Campinas -SP).

Biografia do Autor

  • Letizia Patriarca, Universidade de São Paulo

    Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (PPGAS/USP).

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Publicado

2017-07-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Patriarca, L. . (2017). Pelo bairro: um exercício descritivo da prostituição de travestis no Jardim Itatinga. Ponto Urbe, 20, 1-21. https://doi.org/10.11606/54cwet81