Instrumento musical como categoria de pensamento reflexões sobre técnica e tecnologia desde uma Antropologia da Música

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-3341.pontourbe.2024.228071

Palavras-chave:

Instrumentos musicais, antropologia da música, etnomusicologia, Luthier, antropologia da técnica e tecnologia

Resumo

Através de pesquisa etnográfica desenvolvida com luthiers e outros tipos de construtores de instrumentos musicais no estado do Rio Grande do Sul, este artigo apresenta uma reflexão sobre os conceitos de técnica, tecnologia, instrumento musical e música. Partindo de uma abordagem epistemológica da Antropologia da Técnica e Tecnologia, buscamos refletir sobre como as Ciências Musicais, entendidas como área de produção do conhecimento que dizem respeito à Música em seu sentido sonoro, epistemológico e organológico, podem contribuir de forma peculiar para a requalificação de conceitos usados em outros campos como a Filosofia e a própria Antropologia. Mais do que artefatos usados para fazer música, propomos que os instrumentos musicais são categorias de pensamento, que remetem a um tipo específico de “objeto técnico” ou “coisa” que se constitui no fluxo de materiais.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • João Alexandre Straub Gomes, Universidade Federal de Pelotas

    Doutorando em Antropologia na UFPel. Mestre em Música pela UFPR - linha de pesquisa Leitura, Escuta e Interpretação, com ênfase em música antiga (Bolsista Capes). Graduado em Música, modalidade Bacharelado - Hab. em violão, pela UFPel. Professor do Curso de Licenciatura em Música da UFPel, com interesse especial de estudo em performance musical violonística, ensino musical coletivo, interpretação musical e construção de instrumentos musicais. Contribui em gravações fonográficas e projetos culturais atuando como instrumentista, especialmente como violonista.

  • Rafael da Silva Noleto, Universidade Federal de Pelotas

    Doutor em Antropologia Social pela USP. Professor Adjunto da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), sendo professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGANT/UFPEL) e docente do Bacharelado em Ciências Musicais. Coordena o Grupo de Pesquisa em Diversidade, Antropologia e Música (DIVAMUS/UFPEL). Seus campos de interesses são Antropologia da Música, Dança e Performance; Estudos de Gênero e Sexualidade e Teoria Antropológica. Autor do livro “Estrelas juninas: gênero, raça e sexualidade no São João de Belém” (Editora Papéis Selvagens). É antropólogo, cantor e compositor, tendo lançado em todas as plataformas digitais seu primeiro álbum de canções autorais intitulado “Cantositor”.

Referências

BASTOS, Rafael José de Menezes. Leonardo, a flauta; uns sentimentos selvagens. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 49, n. 2, p. 557-579, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-77012006000200002 Acesso em 16 ago. 2024

BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria Semiótica do Texto. São Paulo: Ática, 2011.

BLACKING, John. How Musical is Man? Seattle: University of Washington Press, 1973.

BLOOM, Harold. A Anatomia da Influência: Literatura Como Modo de Vida. Trad. Ivo Korytowski, Renata Telles. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

COUTO, Edvaldo Souza. Gilbert Simondon: Cultura e Evolução do Objeto Técnico. Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Salvador, III ENECULT, 2007. Disponivel em: https://www.cult.ufba.br/enecult2007/EdvaldoSouzaCouto.pdf Acesso em 27 abr. 2024.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. A thousand plateaus. London: Continuum, 2004.

DOURADO, Henrique Autran. Dicionário de termos e expressões da música. São Paulo: Editora 34, 2004.

FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2013.

FONTANILLE, Jacques. Semiótica del Discurso. Trad. Oscar Quezada Macchiavello. Lima-Peru: Universidade de Lima, 2001.

GALHARDO, Danilo et al. O Conceito Antropológico de Cadeia operatória, Sua Aplicação e Contribuição no Estudo de Artefatos Líticos Arqueológicos. Cadernos do LEPAARQ. Pelotas, Vol. XII, n°23, 2015, p. 5-21.

GROUT, Donald J. e PALISCA, Claude V. História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva, 2001.

HEIDEGGER, Martin. A Questão da Técnica. Scientiae Studia. São Paulo, v. 5, n. 3, 2007, p. 375-398. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11117 Acesso em 23 jul. 2024.

GEERTZ, Clifford. Obras e vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2018.

INGOLD, Tim. Antropologia: para que serve? Petrópolis: Vozes, 2019.

INGOLD, Tim. Estar Vivo: Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes, 2015.

INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, ano 18, n. 37, jan/jun, 2012, p. 25-44. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/JRMDwSmzv4Cm9m9fTbLSBMs/ Acesso em 21 jul. 2024.

INGOLD, Tim. Eight Themes in The Anthropology of Technology. Social Analysis, v. 41, n. 1, 1997, p. 106-138. Disponívell em: https://www.jstor.org/stable/23171736 Acesso em 27 jul. 2024.

LAGROU, Elsje Maria. Antropologia e Arte: Uma Relação de Amor e Ódio. O estado da arte na Antropologia da Arte: algumas perspectivas. V RAM. Florianópolis, v.5, n.2, dezembro de 2003, p. 93-113. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/15360 Acesso em 27 jul. 2024.

LATOUR, Bruno. Reagregando o Social: uma introdução à teoria do ator-rede. Salvador/Bauru: EDUFBA/EDUSC, 2012.

LEMONNIER, Pierre. Elements for an Anthropology of Technology. Anthropological Papers Museum of Anthropology University of Michigan. Michigan, nº 88, 1992. Disponível em: https://www.fulcrum.org/concern/monographs/w6634543v Acesso em 26 jul. 2024.

LEROY-GOURHAN, André. O Gesto e a Palavra. Técnica e linguagem. Lisboa, Vila Nova de Gaia, Rio de Janeiro: Edições 70, LDA, 1964.

LÉVI-STRAUSS, Claude. 2013 [1973]. Raça e história. Antropologia estrutural dois. São Paulo: Cosac Naify, 357-399, 2013.

MAIA, Mário de Souza. O Sopapo e o Cabobu: etnografia de uma tradição percussiva no extremo Sul do Brasil. 2008. Tese (Doutorado em Música) – Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/14346 Acesso em 14 ago. 2024.

MAUSS, Marcel. Les techniques du corps. Journal de Psychologie, XXXII, n. 3-4, 15 mars-15 avril, 1934. Disponível em: http://classiques.uqac.ca/classiques/mauss_marcel/socio_et_anthropo/6_Techniques_corps/techniques_corps.pdf Acesso em 26 jul. 2024.

MELLO, Maria Ignez Cruz. Os cantos femininos Wauja no Alto Xingu. In: MATOS, Claudia; TRAVASSOS, Elizabeth; MEDEIROS, Fernanda (orgs). Palavra cantada: ensaios sobre poesia, música e voz. Rio de Janeiro: 7Letras, 238-248, 2008.

MERRIAM, A. The Anthropology of Music. Evanston: Northwestern University Press,1964.

MORAES, J. Jota de. O que é Música. 2ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.

MOURA, Lisandro Lucas de Lima. Aprender com Tambores: o candombe afro-uruguaio como prática de educação. 2021. 453f. Tese (Doutorado em Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2021.

NOLETO, Rafael da Silva. Música como ciência, ciência como música: provocações epistemológicas. Opus, v. 26 n. 3, p. 1-22, set/dez. 2020. Disponível em http://dx.doi.org/10.20504/opus2020c2619 Acesso em 24 jul. 2024.

OLIVEIRA. Mateus Marcílio de. Uma etnografia dos espaços musicais ou: o que as lojas de instrumentos permitem pensar? Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 9, n. 2, p. 166-188, 2019. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/proa/article/view/17564 Acesso em: 25 jul. 2024.

PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, ano 20, v. 42, p. 377-391, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0104-71832014000200015 Acesso em 15 ago. 2024.

PÉTONNET. Colette. Observação Flutuante: O exemplo de um cemitério parisiense. Revista Antropolítica, Niterói. n. 25, 2008, p. 99-111. Disponível em: https://static1.squarespace.com/static/5d38e623b83acd0001723688/t/61133461b9a8e778cd581370/1628648546048/Observa%C3%A7%C3%A3o+flutuante.pdf Acesso em 20/07/2024.

PINTO, Álvaro Vieira. O Conceito de Tecnologia. 2 volumes (1328 p). Rio de Janeiro: Contraponto. 2005.

PINTO, Tiago de Oliveira. Som e Música: Questões de Uma Antropologia Sonora. Revista de Antropologia. São Paulo, USP. V. 44 n. 1, 2001, p. 221-286. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ra/a/PnnKJTCvbQzVyN4dXMrsHyw/?format=pdf&lang=pt Acesso em 23 jul. 2024.

RODET, Maria Jacqueline et al. Cadeia Operatória, Lâminas de Machado Polidas e Imaginário Amazônico no Sítio Arqueológico Boa Vista, Pará. Teoria E Sociedade, número especial: Antropologias e Arqueologias Hoje, 2019. p. 307-332. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/334319735_Cadeia_Operatoria_Laminas_de_Machado_Polidas_e_Imaginario_Amazonico_no_Sitio_Arqueologico_Boa_Vista_Para Acesso em 21 jul. 2024.

SANTOS, Valéria Oliveira. Sob Medida: uma etnografia das práticas da alfaiataria. 2018. 187f. Tese (Doutorado em Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Unidversidade de São Paulo. São Paulo, 2017.

SAUTCHUK, Carlos Emanuel. Técnica e Transformação: perspectivas antropológicas. Organização de Carlos Emanuel Sautchuk. Rio de Janeiro: ABA Publicações, 2017.

SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da composição musical. São Paulo: EDUSP, 2008.

SEEGER, Anthony. Etnografia da Música. Cadernos de Campo. São Paulo, n.17, p.237-260. Tradutor: Giovanni Cirino. São Paulo: 2008.

SILVA, Fabiola Andrea. As Tecnologias e Seus Significados. Caninde - Revista do Museu de Arqueologia do Xingó, n. 2, dezembro de 2002, p.119-138. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4697384/mod_resource/content/1/SILVA%2C%20F.%20A.%20%28As%20tecnologias%20e%20seus%20significados%29.pdf Acesso em 25 jul. 2024.

SIMONDON, Gilbert. El Modo de Existencia de los Objetos Técnicos. Trad. Margarita Martinez e Pablo Rodriguez. 1ª ed. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2007.

STOLLER, Paul. Sensuous Scholarship. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1997.

WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

Outras Fontes de Consulta

HERMETO Pascoal - Solo de Barba, Chaleira, Ocarina, Panela com Água, Bomba de Ar. Produção de Hermeto Pascoal, Flavio de Abreu e Scubidu Music. São Paulo: TV Cultura e Fundação Padre Anchieta, 2000. (5 min e 49 seg). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=twZbigp-AZc Acesso em 23 jul. 2024.

HOJE Tem Felicidade. Direção de Lisiane Cohen. Produção de Regina Martins, Frederico Pinto e Camila Gonzatto. Trilha sonora de Pedro Figueiredo. Porto Alegre: Martins Produções, 2005. (14 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IDc-nnoJEvk Acesso em 23 jul. 2024.

GESSINGER, Humberto. Terra de Gigantes. Engenheiros do Hawaii - A Revolta dos Dândis. São Paulo: RCA, 1987. K7 e LP (44 min).

Downloads

Publicado

2024-12-27

Edição

Seção

Dossiê "Antropologia da música na América Latina e Caribe"

Como Citar

Gomes, J. A. S., & Noleto, R. da S. (2024). Instrumento musical como categoria de pensamento reflexões sobre técnica e tecnologia desde uma Antropologia da Música. Ponto Urbe, 32(2), e228071. https://doi.org/10.11606/issn.1981-3341.pontourbe.2024.228071