Quando o campo é coletivo: a frota fractal do NAU e suas práticas de etnografia coletiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-3341.pontourbe.2024.230672

Palavras-chave:

Pesquisa de campo coletiva, Etnografia urbana, Antropologia Urbana, Conexões parciais

Resumo

Este artigo se propõe a examinar os jogos de individualização e coletivização envolvidos nas relações e práticas desenvolvidas pelas chamadas “pesquisas coletivas” desenvolvidas pelo Laboratório do Núcleo de Antropologia Urbana. Considero que individuações e coletivações emergem a partir de relações e práticas que produzem simultaneamente pesquisadores, pesquisas, publicações e outros artefatos em processos de agregação e desagregação, pelos quais se desenvolvem também relações com os ditos sujeitos e campos de pesquisa. Contra expectativas de que pesquisas coletivas permitiram um ganho em termos de volume ou apreensão total de um determinado contexto etnográfico, ou de que a interdisciplinariedade emergiria pela mera adição de pesquisadores e protocolos de pesquisa oriundos de diferentes disciplinas, defendo que diferentes instâncias de coletivização – em campo, nos cadernos de campo compartilhados, nas iterações conceituais e metodológicas sobre contextos distintos, na escrita, etc. – produzem e multiplicam perspectivas parciais e compósitas, fractais, com implicações éticas e metodológicas. Diante da habitual forma de construir histórias de formação de pesquisadores e campos de pesquisa por meio de metáforas de parentesco e termos como linhagens (Torres, 2016), busco contar histórias do LabNAU, detendo-me nas pesquisas descritas no livro Etnografias Urbanas e em cidades amazônicas das quais fiz parte, por meio de uma pequena torção, a partir de certas influências ameríndias e melanesistas.

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Biografia do Autor

  • Ana Letícia de Fiori, Universidade Federal do Acre

    Doutore em Antropologia Social pela USP. Professore na Universidade Federal do Acre.

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Publicado

2024-10-25

Como Citar

Fiori, A. L. de. (2024). Quando o campo é coletivo: a frota fractal do NAU e suas práticas de etnografia coletiva. Ponto Urbe, 32(Edição Especial), e230672. https://doi.org/10.11606/issn.1981-3341.pontourbe.2024.230672