"A gente queria o quê? Um domingo": memórias nostálgicas e identidades territoriais de torcedores do Riograndense Futebol Clube
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-3341.pontourbe.2025.232492Palavras-chave:
torcedores organizados, memória e identidade, bifiliações clubísticas, heranças ferroviárias, nostalgiaResumo
Este artigo exibe um cenário de identificações e pertencimentos relacionado a torcedores organizados do Riograndense Futebol Clube, instituição com origem ferroviária da cidade de Santa Maria-RS. Esse clube não conta com equipe profissional desde 2017 e, ao longo do tempo, passou por períodos de crise e intermitência. O principal objetivo, por meio de dados etnográficos produzidos pela observação participante com torcedores organizados e pela interpretação de três cânticos de torcida, é mostrar o delineamento de um contexto no qual identidades torcedoras são construídas. Desse modo, de acordo com uma etnografia realizada entre 2022 e 2024, o presente texto busca salientar como o passado, tanto ferroviário quanto futebolístico, permeia relações de pertencimento entre parte da torcida do Riograndense. Assim, são apresentadas informações acerca de construções de identidades cujas características sublinham vínculos territoriais, rivalidades provenientes de bifiliações clubísticas, heranças ferroviárias e memórias nostálgicas.
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