Etnia e nominação: ancestralidades em disputa e recomposições Artigo
DOI:
https://doi.org/10.1590/0103-6564e220066%20Palavras-chave:
nome próprio, etnopsicologia, identificaçãoResumo
O nome próprio, para além de designativo de uma identidade transmitida intergeracionalmente, pode abrigar memórias sociais consubstanciais às representações de uma genealogia familiar, entrecruzada a processos históricos transgeracionais. Neste estudo de caso, as ressonâncias de sentidos atrelados ao significante “Terena” são analisadas à luz do processo social onomástico de transformação de etnônimos em sobrenomes, com base em fundamentos teóricos e metodológicos etnopsicanalíticos. Encontrou-se não haver transparência nem correspondência linear, pelo menos neste caso, entre o significante Terena na qualidade de etnônimo e na condição de sobrenome familiar, ficando em aberto em que medida a sua multivocidade se prende ao recalque da memória familiar e/ou a resistências a uma identificação genealógica que em diferentes momentos históricos terá assumido valorações distintas e eventualmente antagônicas.
Downloads
Referências
Bairrão, J. F. M. H. (1999). Santa Bárbara e o divã. Boletim Formação em Psicanálise, 8(1), 25-38. Recuperado de https://bit.ly/3ibciI6
Bairrão, J. F. M. H. (2015). Etnografar com Psicanálise: psicologias de um ponto de vista empírico. Cultures-Kairós-Revue d’Anthropologie des Pratiques Corporelles et des Arts Vivants, 5. Recuperado de https://bit.ly/3WIBlBg
Barros, M. L., & Bairrão, J. F. M. H. (2010). Etnopsicanálise: embasamento crítico sobre teoria e prática terapêutica. Revista da Spagesp, 11(1), 45-54. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rspagesp/v11n1/v11n1a06.pdf
Bodenhorn, B., & vom Bruck, G. (2006). “Entangled in histories”: an introduction to the anthropology of names and naming. In G. vom Bruck, & B. Bodenhorn, (Eds.), The anthropology of names and naming (pp. 1-30). Cambridge: Cambridge University Press.
Calligaris, C. (1991). Hello Brasil!: notas de um psicanalista europeu viajando ao Brasil. São Paulo, SP: Escuta.
Carneiro da Cunha, M. (2013). Índios no Brasil: história, direitos e cidadania. São Paulo, SP: Companhia das Letras.
Carneiro da Cunha, M. (2009). Etnicidade: da cultura residual mas irredutível. In M. C. Cunha, Cultura com aspas e outros ensaios (pp. 235-244). São Paulo, SP: Cosac Naify.
Cunha, R. D. (2007). Deslocamentos: o entre-lugar do indígena na literatura brasileira do século XX. Portuguese Cultural Studies, 1(1), 51-62. https://doi.org/10.7275/R52N5069
Decreto nº 19.710. (1931, 18 de fevereiro). Obriga ao registo, sem multa, até 31 de dezembro de 1932, dos nascimentos ocorridos no território nacional, de 1 de janeiro de 1889 até a publicação do presente decreto. Diário Oficial da União. Recuperado de https://bit.ly/3X9iO0V
Farage, N. (1991). As muralhas dos sertões: os povos indígenas no Rio Branco e a colonização. São Paulo, SP: Paz e Terra.
Faustino, S. K. S. (2020). O protagonismo indígena e a colonização brasileira e a historiografia recente. Revista em Favor de Igualdade Racial, 3(2), 146-158.
Frege, G. (2009). Lógica e filosofia da linguagem (P. Alcoforado, trad., 2a ed.). São Paulo, SP: Edusp. (Trabalho original publicado em 1978).
Godoy, D. B. D. O. A., & Bairrão, J. F. M. H. (2014). O método psicanalítico aplicado à pesquisa social: a estrutura moebiana da alteridade na possessão. Psicologia Clínica, 26(1), 47-68. doi:10.1590/S0103-56652014000100005
Gonçalves, M. A. (1992). Os nomes próprios nas sociedades indígenas das terras baixas da América do Sul. BIB: Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, (33), 51-72. Recuperado de https://bit.ly/3WZYbnJ
Kripke, S. (2012). O nomear e a necessidade. Lisboa: Gradiva. (Trabalho original publicado em 1972).
Lacan, J. (1998). Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiana. In J. Lacan, Escritos(pp. 807-842). Rio de Janeiro, RJ: Zahar. (Trabalho original publicado em 1960).
Lacan, J. (2003). O Seminário, livro 9: a identificação, 1961-1962. Recife, PE: Centro de Estudos Freudianos do Recife.
Lacan, J. (2006). O seminário, livro 12: problemas cruciais para a psicanálise, 1964-1965. Recife, PE: Centro de Estudos Freudianos do Recife.
Lei nº 6.015. (1973, 31 de dezembro). Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Recuperado de https://bit.ly/2vPeyt8
Masson, C. (2011). La langue des noms: changer de nom, c’est changer de langue. Cliniques méditerranéennes, (1), 171-186. doi: 10.3917/cm.083.0171
Mill, J. S. (1984). Sistema de lógica dedutiva e indutiva. In Os pensadores: Jeremy Bentham, John Stuart Mill (J. M. Coelho, trad., 3a ed., pp. 75-156). São Paulo, SP: Abril Cultural. (Trabalho original publicado em 1843).
Moreira, V. M. L. (2015). Territorialidade, casamentos mistos e política entre índios e portugueses. Revista Brasileira de História, 35(70), 17-39.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Psicologia USP
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Todo o conteúdo de Psicologia USP está licenciado sob uma Licença Creative Commons BY-NC, exceto onde identificado diferentemente.
A aprovação dos textos para publicação implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista Psicologia USP, que terá a exclusividade de publicá-los primeiramente.
A revista incentiva autores a divulgarem os pdfs com a versão final de seus artigos em seus sites pessoais e institucionais, desde que estes sejam sem fins lucrativos e/ou comerciais, mencionando a publicação original em Psicologia USP.