Polipose Adenomatosa Familiar: o infamiliar de uma herança genética
DOI:
https://doi.org/10.1590/0103-6564e230003Palavras-chave:
genética, hereditariedade, família, psicanáliseResumo
Este artigo aborda a sensação angustiante diante da Polipose Adenomatosa Familiar (PAF), aspecto depreendido de estudo clínico e genético com uma grande família, residente em área rural do nordeste do Brasil, fundamentado no conceito freudiano de infamiliar. Foram entrevistados membros da família acometida há sete gerações pela PAF, síndrome de predisposição hereditária ao câncer decorrente de variantes germinativas no gene APC. O tratamento qualitativo das entrevistas derivou nas categorias de análise Transmissão de uma marca (in)familiar e Sentença de uma família: o infamiliar da morte herdada. A PAF é uma marca da família, que os identifica e os vincula, mas, ao mesmo tempo, também causa medo, na medida em que inscreve sua sentença. A infamiliaridade reside na repetição da mesma morte a cada geração, causando angústia uma vez que seus efeitos são velhos (re)conhecidos.
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