Formação crítica em disputa: a dinâmica psicossocial de um movimento de moradia
DOI:
https://doi.org/10.1590/0103-6564e230168Palavras-chave:
movimentos sociais, pentecostalismo, participação política, psicologia comunitáriaResumo
A partir do arcabouço teórico da psicologia da libertação, buscamos investigar as possibilidades de formação crítica oportunizadas por uma ocupação de movimento de moradia com foco em seus respectivos espaços coletivos. Os procedimentos de campo adotados foram a observação participante e a realização de entrevistas com representantes-chave de cada espaço identificado: a igreja pentecostal, as rodas de capoeira e as assembleias gerais. Observamos que as práticas, os discursos e as relações de cada espaço coletivo viabilizam interesses sociais específicos e apresentam compromissos divergentes, com tendência maior à perspectiva emancipatória ou de endosso à ordem estabelecida, fortalecendo ou desafiando o projeto político do movimento social. O ambiente comunitário da ocupação, atravessado por processos psicossociais concorrentes, expressa-se em certa conflitividade, que encontra na formação crítica da coletividade uma situação de disputa, cujos elementos, por suas referências a projetos de sociedade e interesses sociais específicos, remontam à própria luta de classes.
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