Bananas para vender e histórias para contar: cultura alimentar local e identidades territoriais a partir de mercados orgânicos e agroecológicos
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.178185Palavras-chave:
Sentidos sociais, sistemas agroalimentares, mercados, sertão carioca, Rio de JaneiroResumo
O presente artigo trata da disputa de sentidos a respeito da banana na cidade do Rio de Janeiro — especificamente no Maciço da Pedra Branca — área que no passado fazia parte da Zona Rural da cidade. Recentemente, a banana desta localidade ganhou o prêmio Maravilhas Gastronômicas do Rio de Janeiro. Essa mesma banana, no entanto, é acusada por ambientalistas de ser uma planta exótica e seus produtores acusados de invasores de áreas de proteção ambiental. Sob outra perspectiva, a banana para seus produtores é um cultivo orientado ao mercado. Contudo, é também o mercado (orgânico/agroecológico) que ao conferir crescente notoriedade à banana específica, projeta também o bananeiro, a memória do lugar e a cultura alimentar local. Com base na análise de corpos discursivos — orais e escritos — a respeito da banana, buscamos construir um contexto (conjunto de textos) que revela as tensões sociais deste território.
Downloads
Referências
ADAMS, Cristina. 1994. “As Florestas Virgens Manejadas”. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém, v. 10, n. 1: 3-20.
ALENCAR, Emanuel. 2013. “A roça invisível: Produtores rurais do Rio tentam sobreviver à cobrança de IPTU e à falta de incentivos”. Rio de Janeiro, O Globo, 13 jul. Disponível em http://oglobo.globo.com/rio/produtores-rurais-do-rio-tentam-sobreviver-falta-de-incentivos-9021943. Acesso em 23 de outubro de 2016.
APPADURAI, Arjun. 2008. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Rio de Janeiro: Eduff.
BALÉE, William. 2009. “Culturas de Distúrbio e Diversidade em Substratos Amazônicos”. In: Embrapa (Org.). As Terras Pretas de Índio da Amazônia: sua Caracterização e uso deste conhecimento na criação de novas áreas. Manaus: Embrapa Amazônia, pp.48-52.
BAPTISTA, Silvia Regina Nunes. 2014. Comunicação oral em redes sociotécnicas orientadas a plantas medicinais: a relação entre informação científica e conhecimento tradicional. Rio de Janeiro, dissertação de mestrado), Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde.
BITAR, Nina Pinheiro 2011. Baianas do Acarajé: comida e patrimônio no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Aeroplano.
BOURDIEU, Pierre. 2006. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro, Editora Bertrand Brasil.
CÂNDIDO, Antonio. 1971. Parceiros do Rio Bonito. São Paulo, Duas Cidades.
BARRETO FILHO, Henyo. 2001. Da nação ao planeta através da natureza: uma abordagem antropológica das unidades de conservação de proteção integral da Amazônia brasileira. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo.
CASCUDO, Luís da Câmara. 2011. História da Alimentação no Brasil. São Paulo, Global.
CARNEIRO, Maria José; MEDEIROS, Camila; LAURENT, Catherine. 2008. “Uso das ciências na regulação ambiental: diálogos entre saberes e políticas públicas”. In: 26a Reunião Brasileira de Antropologia – GT 22, Porto Seguro, pp. 01-29. Disponível em http://www.portal.abant.org.br/2013/07/06/anais-26-rba/. Acesso em 29 de abril de 2018.
CORRÊA, Armando Magalhães. 1933. O Sertão Carioca. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional.
FAVARETO, Arilson da Silva. 2007. “A longa evolução da relação rural-urbano para além de uma abordagem normativa do desenvolvimento rural”. Ruris, v.1, n.1: 157-190.
FERNANDEZ, Annelise Caetano Fraga. 2016a. “O sertão virou parque: natureza, cultura e processos de patrimonialização”. Estudos históricos, Rio de Janeiro, v. 29, n. 57, pp. 129-148. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21862016000100129&lng=en&nrm=iso. Acesso em 18 de setembro de 2017.
FERNANDEZ, Annelise Caetano Fraga. 2016b. “A salada de frutas do Gegê e a banana do morro”. O Ser Tão Carioca, 07 jan. 2016. http://www.sertaocarioca.org.br
FERNANDEZ, Annelise Caetano Fraga; OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de; DIAS, Marcia Cristina de Oliveira. 2015. “Plantas exóticas, populações nativas: humanos e não humanos na paisagem de uma UC de Proteção Integral”, Tessituras, Pelotas, v. 3, n. 1: 121-153.
FERNANDEZ, Annelise Caetano Fraga. 2009. Do Sertão Carioca ao Parque Estadual da Pedra Branca: a construção social de uma unidade de conservação à luz das políticas ambientais fluminenses e da evolução urbana do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
FERREIRA, José. 2013. “Os agentes da construção política de mercados”. Iluminuras, Porto Alegre, v. 14, n. 33: 87-99.
FREITAS, Marcelo Motta de. 2003. Funcionalidade Hidrológica dos cultivos de banana e territorialidades na paisagem do Parque Municipal de Grumari-Maciço da Pedra Branca – RJ. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
FONSECA, Maria Cecília Londres. 2004. Patrimônio Cultural: por uma abordagem integrada (Considerações sobre materialidade e imaterialidade na prática da preservação). IPHAN, Rio de Janeiro. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Anexo,%20texto%202.pdf. Acesso em 19 de abril de 2018.
GARCIA JUNIOR, Afrânio. 1983. “Trabalho familiar: autonomia e subordinação”. In: GARCIA JUNIOR, Afrânio. Terra de trabalho, trabalho familiar e pequenos produtores. Rio de Janeiro, Paz e Terra, pp.58-100.
KOPYTOFF, Igor. 2008. “A biografia cultural das coisas: a mercantilização como processo”. In: A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Rio de Janeiro, Eduff, pp. 89-124.
LACAPRA, Dominick. 1983. Rethinking Intellectual History: texts, contexts, language. New York, Ithaca.
MACIEL, Maria Eunice. 2005. “Identidade Cultural e Alimentação”. In: CANESQUI, Ana Maria; Garcia Rosa Wanda (org.). Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de Janeiro, Fiocruz, pp. 49-55.
MATTA Roberto da. 2012. “Sobre comidas e mulheres”. CAFÉFIL: pensando bem a arte e a cultura. Juiz de Fora: UFJF, pp.1-6. Disponível em https://www.ufjf.br/pensandobem/files/2012/02/texto-VII-2012.pdf. Acesso em 14 de maio de 2020.
MATTOS, Hebe e ABREU, Martha. 2013. “Lugares do tráfico, lugares de memória: novos quilombos, patrimônio cultural e direito a reparação”. In: MATTOS, Hebe (Org.). Diáspora negra e lugares de memória: a história oculta das propriedades para o tráfico clandestino de escravos no Brasil imperial. Niterói, Editora da UFF, pp. 109-122.
MORAES, Nilson Alves de. 2005. “Memória social: solidariedade orgânica e disputas de sentido”. In: GONDAR, Jô; DODEBEI, Vera (Orgs.). O que é memória social?. Rio de Janeiro, Livraria Contra Capa, pp. 89-104.
OLIVEIRA, Rogério Ribeiro, SILVA, Inês Machline. 2011. “História da paisagem e paisagens sem história: espécies exóticas e nativas manejadas na Mata Atlântica”. In: PEIXOTO, Ariane Luna; SILVA, Inês Machiline (Org.). Saberes e usos de plantas: legados de atividades humanas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: PUC-Rio, p. 69-92. v. 1.
PEREIRA DE QUEIROZ, Maria Isaura. 1978. “Do rural e do urbano no Brasil.” In: PEREIRA DE QUEIROZ, Maria Isaura. Cultura, sociedade rural, sociedade urbana no Brasil. São Paulo, EDUSP, pp.46-67.
PETERSEN, Paulo. 2009. Agricultura familiar camponesa na construção do futuro. Rio de Janeiro, AS-PTA.
PRADO, Rosane Manhães. 2003. “As espécies exóticas somos nós: reflexão a propósito do ecoturismo na ilha grande”. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 9, n. 20: 205-224.
PRADO, Rosane Manhães; CATÃO, Helena. 2010. “Fronteiras do manejo: embates entre concepções num universo de unidade de conservação”. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. 13, n. 1: 83-93.SANTILLI, Juliana. 2009. Agrobiodiversidade e direitos dos agricultores. São Paulo, Peirópolis.
SARMENTO, Carlos Eduardo. 1998. “Pelas veredas da capital: Magalhães Corrêa e a invenção formal do sertão carioca”. Rio de Janeiro. In: Anais ANPUH – VII Encontro Regional de História, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, CPDOC. Disponível em http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/1094.pdf. Acesso em 12 de outubro de 2019.
SATHLER, Evandro Bastos. 2008. “Populações residentes em unidades de conservação de proteção integral: a competência da lei (RJ) 2.393/95 para além do sistema nacional de unidades de conservação – SNUC”. In: Anais — 12o Congresso Internacional de Direito Ambiental. São Paulo, Instituto o direito por um planeta verde, pp.705-722.
SCHMITT, Claudia Job. 2011. “Encurtando o caminho entre produção e o consumo de alimentos”. Revista Agriculturas, v.8, n.3: 3-8.
SILVA, Janine Gomes da. 2011.“Pratos típicos” como patrimônio cultural: as narrativas orais (re)elaborando antigas receitas”. Revista de História Oral, Rio de janeiro, v.14, n. 1: 49-62.
SILVA, Rafaela Paula da. 2017. A culinária como patrimônio cultural e elemento constitutivo da identidade quilombola no cafundá de Astrogilda. São Gonçalo, dissertação de mestrado, Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
VELHO, Gilberto. 2013. Um antropólogo na cidade: ensaios de antropologia urbana. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.
VIDAL E SOUZA, Candice; SOUZA. 2010. “O Sertão amansado”. Sociedade e Cultura, v. 13, n. 1: 101-110.
MATERIAIS CONSULTADOS
A roça é invisível para quem? 2013. Direção: BAPTISTA, Silvia Regina Nunes. 6’39’’. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=_xcWiq48KLU. Acesso em 12 de agosto de 2019.
BRISO, Caio Barreto; MARENCO, Daniel. 2015. Uma viagem ao sertão da cidade: cariocas vivem de modo rústico sem luz elétrica nos morros mais altos do Rio. O Globo, Rio de Janeiro, 04 de outubro. Disponível em http://oglobo.globo.com/rio/o-sertao-carioca-17660130. Acesso em 05 de fevereiro de 2016.
Portal G1. 2011. “Imagens mostram plantações ilegais de banana em parque ambiental no Rio”. 27 de maio. Disponível em http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/05/imagens-mostram-plantacao-ilegal-de-bananas-em-parque-ambiental-no-rio.html. Acesso em 14 de julho de 2016.
SOARES, Maraci. 2015. “Banana agroecológica de Vargem Grande ganha o prêmio Maravilhas Gastronômicas”. Jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá. dezembro. Disponível em https://docplayer.com.br/70662629-Banana-agroecologica-plantada-em-vargem-grande-fatura-o-premio-maravilhas-gastronomicas-pagina-5.html Acesso em 23 maio de 2019.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista de Antropologia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista de Antropologia concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).