O Museu Paulista, Hermann von Ihering (1850-1930) e os ameríndios

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2023.202287

Palavras-chave:

Ameríndios, coleções etnográficas, Hermann von Ihering, Museu Paulista

Resumo

O artigo tem por objetivo investigar a importância da antropologia e da etnografia no Museu Paulista durante a gestão de Hermann von Ihering (1850 – 1930), entre 1894 e 1916. A partir do levantamento da história das aquisições de coleções etnográficas e antropológicas, da análise dos escritos de Ihering no âmbito das ciências do homem e do exame de fontes primárias salvaguardadas em arquivos da Alemanha e do Brasil, argumenta-se que é possível compreender o posicionamento político-científico de Ihering para com os povos indígenas do Brasil. Espera-se assim contribuir para o conhecimento de uma faceta pouco explorada da história do Museu Paulista, e, de forma mais abrangente, para a historiografia da antropologia e da ciência no país.

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Biografia do Autor

  • Erik Petschelies, Universidade de São Paulo

    Erik Petschelies é doutor em antropologia pela Unicamp (2019), com uma tese sobre a história da etnologia indígena de língua alemã. Atualmente realiza pós-doutorado em antropologia na Universidade de São Paulo, pesquisando a história da etnografia e dos museus no Brasil. É membro pesquisador do CPEI-Unicamp, CEstA-USP, HISTAS-UFPE, HOAN-EASA e HITAL-CNRS.

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2023-01-05

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Artigos

Como Citar

Petschelies, E. (2023). O Museu Paulista, Hermann von Ihering (1850-1930) e os ameríndios. Revista De Antropologia, 66, e202287. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2023.202287