Interações, trilhas e caminhos de uma cidade em fluxo: etnografia na Cracolândia
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.184481Palabras clave:
Cracolândia, etnografia, fluxo, materiais, caminhosResumen
Uma antropologia da Cracolândia deve ser capaz de vincular os caminhos em torno do “fluxo” com as trajetórias tornadas possíveis pelos encontros de materiais e pessoas. Pouco se fala sobre o que move essas pessoas para formar conjuntos sui generis e sobre o que as atrai para o “fluxo”. Esta é a tarefa que procuramos empreender neste artigo. Para tal, empreendemos uma pesquisa de cunho etnográfico que nos aproximou da imaginação conceitual e das ações das próprias pessoas que habitam essas aglomerações urbanas. Pudemos então indagar sobre o que nos conta a categoria “fluxo”, sobre as relações ali estabelecidas que tornam aquele espaço habitável. Concluímos que no “fluxo”, e talvez isto o torne atraente, não há fato consumado, como um objeto, mas, acontecimentos, entrelaçamentos passageiros de materiais em movimento, coisas que, à medida que a vida prossegue, demandam esforço incessante para se manterem íntegras face aos ataques do meio.
Descargas
Referencias
ADERALDO, G.; FAZZIONI, N. 2012. “Choro e samba na Luz: etnografia de práticas de lazer e trabalho na R. Gal. Osório”. Ponto Urbe, n. 11: 1-19
ADORNO, R. et. al. 2013. “Etnografia da cracolândia: notas sobre uma pesquisa em território urbano”. Saúde & Transformação Social/Health & Social Change, n. 4(2): 4-13.
ADORNO, R. et. al. 2014. “Amarga delícia: Experiências de consumo de crack na região central de São Paulo (BR)”. Revista Inter-Legere, n. 15: 87-109.
ALVES, Y. D. D. 2017. Jamais fomos zumbis: contexto social e craqueiros na cidade de São Paulo. Salvador, EDUFBA. https://doi.org/10.7476/9788523218591
BECKER, H. S. 2009. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro, Zahar.
BOURGOIS, P. 2006. In search of respect: selling crack in El Barrio. Nova Iorque, Cambridge University Press.
BOURGOIS, P.; SCHONBERG, J. 2009. Righteous dopefiends. Los Angeles, University of California Press.
CALIL, T. C. 2015. Condições do lugar: Relações entre saúde e ambiente para pessoas que usam crack no bairro da Luz, especificamente na região denominada cracolândia. São Paulo, dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.
CHAVES, T. V. et. al. 2011. “Crack cocaine craving: behaviors and coping strategies among current and former users”. Revista de Saúde Pública, n. 45(6): 1168-1175.
CLEMENTE, M. 2016. A Cracolândia dia a dia. São Paulo, Giostri.
COSTA, G.; LIMA, H. 2015. “A loucura atrás das grades: recorte histórico da segregação dos indesejáveis”. Revista Transgressões, n. 1(1): 64-88.
COSTA Jr, C.; SOUZA, G. 2014. Vizinhos da Cracolândia: a memória de quem viu um mundo paralelo se erguer na região da Luz. São Paulo, Edição dos Autores.
DA SILVA, S.; ADORNO, R. 2013. “A etnografia e o trânsito das vulnerabilidades em territórios de resistências, registros, narrativas e reflexões a partir da Cracolândia”. Saúde & Transformação Social/Health & Social Change, n. 4(2): 21-31.
DOMANICO, A. 2006. “Craqueiros e Cracados: bem-vindo ao mundo dos noias!”: estudo sobre a implementação de estratégias de redução de danos para usuários de crack nos cinco projetos-piloto do Brasil. Salvador, tese de doutorado, Universidade Federal da Bahia.
ESCOHOTADO, A. 1989. História general de las drogas. Madrid, Alianza Editorial.
FAVRET-SAADA, J. 2017. “Ser afetado”. Cadernos de campo, n. 13: 155-161.
FERNANDEZ, O. 2007. Coca light?: usos do corpo, rituais de consumo e carreiras de “cheiradores” de cocaína em São Paulo. Salvador, tese de doutorado, Universidade Federal da Bahia.
FROMM, D. 2017. “Percursos e refúgios urbanos. Notas sobre a circulação de usuários de crack pela trama institucional da Cracolândia de São Paulo”. Ponto Urbe. Revista do núcleo de antropologia urbana da USP, 21: 1-16.
FRÚGOLI JR. H.; CAVALCANTI, M. 2013. “Territorialidades da(s) cracolândia(s) em São Paulo e no Rio de Janeiro”. Anuário Antropológico, n. 2, 73-97.
HERZFELD, M. 1997. Cultural Intimacy: Social Poetics in the Nation State. New York, Routledge.
INGOLD, T. 1991. “Become persons: consciousness and sociality in human evolution”. Cultural Dynamics, n. 4(3): 355-378.
INGOLD, T. 2002a. The perception of the environment: essays on livelihood, dwelling and skill. London, Routledge.
INGOLD, T. 2003. “A evolução da sociedade”. In: FABIAN, A. C. (Org.). Evolução: sociedade, ciência e universo. Bauru, EDUSC, pp. 107-131.
INGOLD, T. 2015. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis, Vozes.
JORGE, M. S. B. et. Al. 2013. “Ritual de consumo do crack: aspectos socioantropológicos e repercussões para a saúde dos usuários”. Ciência & Saúde Coletiva, n. 18(10): 2909-2918. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232013001000015.
MacRAE, E.; SIMÕES, J. A. 2000. Rodas de fumo: o uso da maconha entre camadas médias urbanas. Salvador, EDUFBA.
MAGALHÃES, T. 2015. Campos de disputa e gestão do espaço urbano: o caso da ‘cracolândia’ paulistana. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo.
MAGNANI, J. G. C. 2003. Festa no pedaço: cultura popular e lazer na cidade. São Paulo, EDUNESP/Hucitec.
MAGNANI, J. G. C. 2008. Na metrópole: textos de Antropologia Urbana. São Paulo, EDUSP.
MAGNANI, J. G. C. 2014. “O Circuito: proposta de delimitação da categoria”. Ponto Urbe. São Paulo, n. 15: 1-13.
MALHEIRO, L. 2012. “Tornando-se um usuário de crack”. In NERY FILHO, A. et. al. As drogas na contemporaneidade: perspectivas clínicas e culturais. Salvador, EDUFBA, pp. 79-100.
MALHEIRO, L. S. 2013. “Entre sacizeiro, usuário e patrão: Um estudo etnográfico sobre consumidores de crack no Centro Histórico de Salvador”. In: MacRAE, E.; TAVARES, L. R.; NUÑES, M. E. Crack: contextos, padrões e propósitos de uso. Salvador, EDUFBA, pp. 154-227.
MALVASI, Paulo Artur. 2012. Interfaces da vida loka: um estudo sobre jovens, tráfico de drogas e violência em São Paulo. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo.
MAUSS, M. 1974. “Efeito físico no indivíduo da ideia de morte sugerida pela coletividade”. In MAUSS, M. 1974. Sociologia e antropologia. São Paulo, EDUSP, pp. 185-208..
MERCANTE, M. 2012. Imagens de cura: ayahuasca, imaginação, saúde e doença na barquinha. Rio de Janeiro, FIOCRUZ.
RAUPP, L. M.; ADORNO, R. 2015. “Jovens em situação de rua e usos de crack: um estudo etnográfico em duas cidades”. Revista Brasileira Adolescência e Conflitualidade, n. 4: 52-67.
ROMANINI, M., e ROSO, A. 2014. “Midiatização do crack e estigmatização: corpos habitados por histórias e cicatrizes”. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, n. 18(49): 363-376.
RUI, T. 2012. “Vigiar e cuidar: notas sobre a atuação estatal na ‘Cracolândia’”. Revista Brasileira de Segurança Pública, n. 6(2): 336-351.
RUI, T. 2014a. “Usos da ‘Luz’ e da ‘Cracolândia’: etnografia de práticas espaciais”. Saude soc., n. 23(1): 91-104.
RUI, T. 2014b. “A cidade, desde as cracolândias. Novos Debates”. Fórum de debates em Antropologia (ABA), n. 1: 52-57.
RUI, T. 2016. “Fluxos de uma territorialidade: duas décadas de ‘Cracolândia’ (1995-2014)”. In: KOWARICK, L.; FRUGOLI Jr, H. (Orgs.). Pluralidade Urbana em São Paulo: vulnerabilidade, marginalidade, ativismos sociais. São Paulo, Ed. 34/FAPESP, pp. 225-248.
SILVA, Regina Coeli Machado e. 2011. “A teoria da pessoa de Tim Ingold: mudança ou continuidade nas representações ocidentais e nos conceitos antropológicos?”. Horiz. antropol., n. 17(35): 357-389.
SIMMEL, G. 1971. On individuality and social forms. Chicago, University of Chicago Press.
STRATHERN, M. 1999. Property, substance, and effect: anthropological essays on persons and things. London, Athlone Press.
TAUSSIG, M. 1993. Xamanismo, Colonialismo e o Homem Selvagem. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
URIARTE, U. M. 2012. “O que é fazer etnografia para os antropólogos”. Ponto Urbe. Revista do núcleo de antropologia urbana da USP, n. 11: 1-13.
VELHO, G. 1999. Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro, Zahar.
XIBERRAS, M. 1989. A sociedade intoxicada. Lisboa, Instituto Piaget.
MATERIAL CONSULTADO
PMSP. 16 jan. 2015. Secretaria Especial de Comunicação. Programa "De Braços Abertos" completa um ano com diminuição do fluxo de usuários e da criminalidade na região. São Paulo. Disponível em: http://www.capital.sp.gov.br/noticia/programa-de-bracos-abertos-completa-um-ano-com. Acesso em: 25 ago. 2017.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2021 Revista de Antropologia
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Autores que publicam na Revista de Antropologia concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).