Viver sem guerra? Poderes locais e relações de gênero no cotidiano popular
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.186647Palabras clave:
Estado, tráfico de drogas, família, relações de gênero, maus-tratos, mortes, guerra às drogasResumen
Neste texto, analisamos os efeitos de gênero que a guerra movida pelo Estado contra o Tráfico de Drogas produz na vida cotidiana das famílias que habitam as periferias do Rio de Janeiro. Ao privilegiar narrativas de mulheres, consideramos que as relações de gênero são “feitas” ao mesmo tempo em que fazem o fazer da guerra. Ao acompanhar situações que envolveram maus-tratos físicos e morais, ameaças e assassinatos enfrentados por mulheres, discutimos como crime, território e violência se embebem nas relações de família e de vizinhança. A temporalidade da guerra que já dura quase quarenta anos é lida como um passado tecido na intimidade das relações e como um presente sempre atualizado na experiência das relações de gênero posicionadas pela guerra contínua.
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