Identidade e representação no bolsonarismo. Corpo digital do rei, bivalência conservadorismo-neoliberalismo e pessoa fractal
DOI:
https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2019.165232Palavras-chave:
Cibernética, populismo, identidade, representação, bolsonarismoResumo
Este artigo aborda a profunda reorganização do campo político-identitário no Brasil, que vinha sendo avançada gradualmente através de redes sociais, mas que ganhou força e projeção repentinas com a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018. Partindo de uma perspectiva cibernética inspirada em Gregory Bateson, explora alguns dos dilemas emergentes que a digitalização da política tem colocado para a dupla problemática da identidade e representação na antropologia, a partir de três ângulos: representação populista e formação do “corpo digital do rei”; bivalência reconhecimento-redistribuição; e formação fractal de identidades por meio de mídias digitais.
Downloads
Referências
ARAÚJO, Ernesto. 2018. “Linha de transmissão”. Metapolítica Brasil, 27 sep. 2018. Disponível em: https://www.metapoliticabrasil.com/post/linha-de-transmiss%C3%A3o
BATESON, Gregory. 1972. Steps to an ecology of mind. Chicago, Chicago University Press.
BROWN, Wendy. 2019. In the ruins of neoliberalism: the rise of antidemocratic politics in the West. Nova Iorque, Columbia University Press.
BUTLER, Judith. No prelo. “Ideologia de anti-gênero e a crítica da era secular de Saba Mahmood”. Debates do NER, v. 2, n. 36.
CESARINO, Letícia. 2008. “Hoje é o dia do reencontro do Brasil consigo mesmo”: a (re)construção ritual do vínculo representativo na posse de Lula. Anuário Antropológico, Brasília, v. 2006, p. 179-198.
CESARINO, Letícia. 2019a. “On digital populism in Brazil”. Political and Legal Anthropology Review – Ethnographic Explainers, 15 abr. 2019. Disponível em: https://polarjournal.org/2019/04/15/on-jair-bolsonaros-digital-populism/
CESARINO, Letícia. 2019b. “Como vencer uma eleição sem sair de casa: a ascensão do populismo digital no Brasil”. Internet & Sociedade, v. 1, n. 1.
CESARINO, Letícia. No prelo a. “Pós-verdade: uma explicação cibernética”. Ilha – Revista de Antropologia.
CESARINO, Letícia. No prelo b. “What the Brazilian 2018 elections tell us about post-truth in the neoliberal-digital era”. Cultural Anthropology – Hot Spots.
COMAROFF, Jean e COMAROFF, John. 2004. “Criminal obsessions, after Foucault: postcoloniality, policing, and the metaphysics of disorder”. Critical Inquiry, vol. 30, n. 4, p. 800-824.
COOPER, Melinda. 2017. Family values: between neoliberalism and the new social conservantism. Cambridge, MA, MIT Press.
CORONIL, Fernando e SKURSKI, Julie. 1991. “Dismembering and remembering the nation: the semantics of political violence in Venezuela”. Comparative Studies in Society and History, v. 33, n. 2, p. 288-337. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/178904
DI CARLO, Josnei e KAMRADT, João. 2018. “Bolsonaro e a cultura do politicamente incorreto na política brasileira”. Teoria e Cultura, vol. 13, n. 2, p. 55-72. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/TeoriaeCultura/article/view/12431/0
DOUGLAS, Mary. 2002. Purity and danger: an analysis of concepts of pollution and taboo. Nova Iorque, Routledge.
FRASER, Nancy. 1997. “From redistribution to recognition? Dilemmas of justice in a ‘postsocialist’ age”. New Left Review, vol. 1, n. 212, p. 68-93. Disponível em: https://newleftreview.org/issues/I212/articles/nancy-fraser-from-redistribution-to-recognition-dilemmas-of-justice-in-a-post-socialist-age
GALLEGO, Esther S., ORTELLADO, Pablo e RIBEIRO, Marcio. 2017. “Guerras culturais e populismo antipetista nas manifestações por apoio à Operação Lava Jato e contra a reforma de previdência”. Em Debate, vol. 9, n. 2, p. 35-45. Disponível em: https://bdpi.usp.br/item/002854247
GERBAUDO, Paolo. 2018. “Social media and populism: an elective affinity?” Media, Culture & Society, v. 40, n. 5, p. 1-9. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0163443718772192
GIBSON, James. 1986. “The theory of affordances”. In: GIBSON, James. The ecological approach to visual perception. New Jersey, Lawrence Erlbaum, p. 127-137.
HARAWAY, Donna. 2016. Staying with the trouble: making kin in the Chthulucene. Durham e Londres, Duke.
HARDING, Susan. 1991. “Representing fundamentalism: the problem of the repugnant cultural other”. Social Research, v. 58, n. 2, p. 373-393. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/40970650
HARSIN, Jayson. 2015. “Regimes of posttruth, postpolitics, and attention economies”. Communication, Culture & Critique, v. 8, n. 2, p. 1-7. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/cccr.12097
KALIL, Isabela et al. 2018. Quem são e no que acreditam os eleitores de Jair Bolsonaro.[Relatório] Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, outubro de 2018. Disponível em : https://www.fespsp.org.br/upload/usersfiles/2018/Relat%C3%B3rio%20para%20Site%20FESPSP.pdf
KANTOROWICZ, Ernst. 1998. Os dois corpos do rei: um estudo sobre a teologia política medieval. São Paulo, Companhia das Letras.
KUHN, Thomas. 2006. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo, Perspectiva.
LACLAU, Ernesto. 2005. On populist reason. Londres: Verso.
LATOUR, Bruno e WOOLGAR, Steve. 1997. Vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro, Relume-Dumará.
LEINER, Piero e DOMENICI, Thiago. 2019. “Caminho de Bolsonaro ao poder seguiu ‘lógica da guerra’, diz antropólogo que estuda militares”. Pública, 11 abr. 2019. Disponível em: https://apublica.org/2019/04/caminho-de-bolsonaro-ao-poder-seguiu-logica-da-guerra-diz-antropologo-que-estuda-militares/
LUCIANI, José A. Kelly. 2016. Sobre a anti-mestiçagem. Desterro, Cultura e Barbárie.
LUHMANN, Niklas. 1995. Social systems. Stanford, Stanford University Press.
LUHRMANN, Tania. 2016. “The paradox of Donald Trump’s appeal”. Sapiens, 29 jul. 2016. Disponível em: https://www.sapiens.org/culture/mary-douglas-donald-trump/
MALINI, Fábio. 2017. “Um método perspectivista de análise de rede social: cartografando territórios e tempos na rede”. In: ZENTTI, D. e REIS, R. (orgs.), Comunicação e territorialidade: poder e cultura, redes e mídia. Vitória, EDUFES, p. 83-106.
MALY, Ico. 2018. “Populism as a mediatized communicative relation: The birth of algorithmic populism”. Tilburg Papers in Cultural Studies, n. 213, 2018.
MAZZARELLA, William. 2019. “The anthropology of populism: beyond the liberal settlement?” Annual Review of Anthropology, v. 48, p. 45-60. Disponível em: https://www.annualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev-anthro-102218-011412
MIROWSKI, Phillip. 2019. “Hell is truth seen too late”. Boundary 2, v. 46, n. 1, p. 1-53. Disponível em: https://read.dukeupress.edu/boundary-2/article/46/1/1/137342/Hell-Is-Truth-Seen-Too-Late
MOUFFE, Chantal. 2000. The democratic paradox. Londres, Verso.
NAGLE, Angela. 2017. Kill all normies: online culture wars from 4chan and Tumblr to Trump and the alt-Right. Londres, Zero Books.
PINHEIRO-MACHADO, Rosana e SCALCO, Lucia. 2018. “Da esperança ao ódio: juventude, política e pobreza do lulismo ao bolsonarismo”. Cadernos IHU Ideias, v. 16, n. 278, p. 2-13. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/278cadernosihuideias.pdf
ROCHA, Camila. 2018. “O boom das novas direitas brasileiras: financiamento ou militância?” In: GALLEGO, Esther Solano (org.). O ódio como política: a reinvenção das direitas no Brasil. São Paulo, Boitempo.
SANTOS, João Guilherme et al. 2019. “WhatsApp, política mobile e desinformação: a hidra nas eleições presidenciais de 2018”. Comunicação & Sociedade, v. 41, n. 2, p. 307-334.
SAPIR, Edward. 2012. “Cultura: autêntica e espúria”. Sociologia & Antropologia, v. 2, n. 4, p. 35-60.
STRATHERN, Marilyn. 1991. Partial connections. Maryland, Rowman & Little.
STRUM, Shirley e LATOUR, Bruno. 1987. “Redefining the social link: from baboons to humans”. Social Science Information, v. 26, n. 4, p. 783-802. Disponível em : https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/053901887026004004
TARDE, Gabriel. 2000. As leis da imitação. Porto, Rés Editora.
TURNER, Victor. 1974. “Liminaridade e ‘communitas’”. In: TURNER, Victor. O processo ritual: estrutura e anti-estrutura. Petrópolis: Vozes.
TSING, Anna. 2015. The mushroom at the end of the world: on the possibility of life in capitalist ruins. Princeton, Princeton University Press.
VILELA, Pedro Rafael2019 Bolsonaro critica decisão do STF de criminalizar homofobia. Agência Brasil, 14 jun. 2019. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/ politica/noticia/2019-06/bolsonaro-critica-decisao-do-stf-de-criminalizar-homofobia
WACQUANT, Loic. 2009. Punishing the poor: the neoliberal government of social insecurity. Durham, Duke University Press.
WAGNER, Roy. 2011. “A pessoa fractal”. Ponto Urbe, vol. 8, pp. 1-14. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/126611797/WAGNER-A-Pessoa-Fractal
WAISBORD, Silvio. 2018. “The elective affinity between post-truth communication and populist politics”. Communication Research and Practice, v. 4, n. 1, p. 17-34. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/22041451.2018.1428928
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista de Antropologia
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista de Antropologia concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).