Mapeamento da regulação municipal da saúde digital: uma proposta utilizando inteligência artificial na pesquisa jurídica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2025.232879

Palavras-chave:

Inteligência Artificial, Saúde Digital, Pesquisa Empírica em Direito, Raspagem de Dados, Regulação

Resumo

Este artigo propõe uma metodologia empírico-legislativa baseada em técnicas de web scraping e inteligência artificial, com os objetivos específicos de descrever o método proposto, aplicá-lo na pesquisa de normas municipais relacionadas à regulação da saúde digital no Brasil e avaliá-lo, tendo em vista vieses, lacunas e limitações encontrados em sua aplicação. A pesquisa partiu de uma análise exploratória em cinco capitais brasileiras, cujos repositórios normativos foram selecionados por critérios de acessibilidade e padronização. Por meio de raspagem automatizada de dados e classificação de textos jurídicos com um modelo de linguagem, foi possível identificar normas pertinentes ao tema e categorizá-las em cinco áreas principais: governança, privacidade e proteção de dados pessoais, telessaúde, pesquisa e dispositivos médicos. Os resultados indicam que as normas relacionadas à saúde digital ainda são uma pequena fração do total normativo municipal, majoritariamente na forma de decretos do Poder Executivo, mas têm crescido significativamente em número, nos últimos anos, especialmente após a promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados e durante a pandemia da covid-19. Apesar das limitações, como a falta de padronização dos repositórios e a exclusão de certas normas infralegais, a metodologia apresentou-se eficiente e escalável, possibilitando análises mais profundas sobre padrões e lacunas regulatórias. O estudo conclui que ferramentas automatizadas têm potencial para amplificar a capacidade de análise no campo jurídico, favorecendo o conhecimento empírico indispensável para orientar políticas públicas em saúde digital, tema estratégico para o futuro regulatório no Brasil.

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Biografia do Autor

  • André Bastos Lopes Ferreira, Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito

    Doutorando em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD/USP). Pesquisador do Centro de Pesquisas em Direito Sanitário da USP (Cepedisa/USP). Advogado.

  • Larissa Bezerra Cuervo, Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito de Ribeirão Preto

    Graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP). Pesquisadora do Centro de Pesquisas em Direito  Sanitário da USP (Cepedisa/USP). Advogada.

  • Thárick Hernani dos Santos Ferreira Mafra, Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito de Ribeirão Preto

    Graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP). Pesquisador do Centro de Pesquisas em Direito Sanitário da USP (Cepedisa/USP). Advogado.

  • Victor Dantas de Maio Martinez, Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito de Ribeirão Preto

    Doutorando em Direito pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP). Pesquisador do Centro de Pesquisas em Direito Sanitário da USP (Cepedisa/USP).

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Publicado

25.09.2025

Como Citar

Ferreira, A. B. L., Cuervo, L. B., Mafra, T. H. dos S. F., & Martinez, V. D. de M. (2025). Mapeamento da regulação municipal da saúde digital: uma proposta utilizando inteligência artificial na pesquisa jurídica. Revista De Direito Sanitário, 25(1), e0003. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2025.232879