Cidade Sitiada: O cerco militar no século XVI como espaço de utopia e de contra-utopia – Os exemplos de Münster (1534-1535) e de Sancerre (1573)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2017.116661Palavras-chave:
Utopia e contra-utopia, Anabatistas em Münster, Huguenotes em SancerreResumo
O objetivo deste trabalho é investigar as formas pelas quais o cerco militar foi representado no século XVI como espaço de utopia e de contra-utopia. O ponto comum entre os dois cercos analisados está no fato de que ambos foram movidos contra populações religiosamente minoritárias assinaladas por configurações de teor utópico-apocalíptico. Ambos os relatos nos permitem vislumbrar a cidade europeia do Quinhentos como espaço privilegiado para construções utópicas, ao mesmo tempo em que se destacam as mecânicas de rejeição da utopia e de criminalização das tentativas de transformação dos ordenamentos sociais. A investigação pressupõe uma preocupação com o tema da memória histórica e de como sua construção pode se converter em discursos ideologicamente condicionados.
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