A vida de uma praia-lixão em São João del-Rei: processos transformativos e coisas em movimento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2023.195793

Palavras-chave:

Lixologia, Arqueologia do lixo, Fenomenologia, Processos Formativos, Vida das coisas

Resumo

Durante a graduação em arqueologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em uma atividade avaliativa da disciplina “Prática de Campo I”, nos preocupamos em buscar compreender quais eram os processos formativos de uma faixa de deposição fluvial em São João del-Rei/MG que estava tomada de lixo. Na atividade investigamos o lugar utilizando princípios pioneiros de Michael Brian Schiffer para exercitar ferramentas da pesquisa arqueológica. Porém, essa narrativa percorre um caminho distinto neste trabalho. Seguindo ideias de William L. Rathje sobre pensar o lixo contemporâneo como fértil fonte de estudo para arqueologia e aproveitando o registro fenomenológico produzido no lugar que chamamos de “praia-lixão”, este artigo propõe discutir sobre o potencial pedagógico do lixo para cursos de formação em arqueologia e explorar a noção de vida das coisas de Tim Ingold em fruição com o lixo contemporâneo.

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Biografia do Autor

  • Reykel Diniz de Araujo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Bacharel em Arqueologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e colaborador no Núcleo de Estudos de Cultura Material do Departamento de Arqueologia da UERJ.

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Publicado

2023-05-12

Como Citar

ARAUJO, Reykel Diniz de. A vida de uma praia-lixão em São João del-Rei: processos transformativos e coisas em movimento. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Brasil, n. 40, p. 67–89, 2023. DOI: 10.11606/issn.2448-1750.revmae.2023.195793. Disponível em: https://revistas.usp.br/revmae/article/view/195793.. Acesso em: 9 maio. 2024.