Bioarqueologia dos cerritos do Rio Grande do Sul, Brasil

Autores

  • Rafael Guedes Milheira Universidade Federal de Pelotas
  • Gabrielle Reis Ferreira Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2023.209235

Palavras-chave:

Bioarqueologia, Arqueologia, Cerritos, Sepultamentos humanos, Osteologia Comparada

Resumo

Os estudos de bioarqueologia em cerritos do Sul do Brasil pouco avançaram em termos teóricos, metodológicos e éticos nos últimos 50 anos. Além de croquis e fotografias de esqueletos humanos nos seus contextos, houve pouco investimento em análises de ossos que permitam compreender padrões regionais de sepultamento e rituais mortuários e discutir dieta, saúde-doença, economia, territorialidade, função de sítio e modelos construtivos dos cerritos. Essas temáticas serão discutidas neste artigo com base em ossos humanos dos cerritos do Pontal da Barra e lagoa do Fragata, localizados no estuário da laguna dos Patos. A partir de análises osteológicas recentes, complementadas por dados de isótopos estáveis zooarqueológicos e datações radiocarbônicas, bem como por informações de contexto de escavações, apresentamos um conjunto de interpretações sobre vida e morte das pessoas indígenas construtoras de cerritos no passado pré-colonial.

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Publicado

2023-05-12

Como Citar

MILHEIRA, Rafael Guedes; FERREIRA, Gabrielle Reis. Bioarqueologia dos cerritos do Rio Grande do Sul, Brasil . Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Brasil, n. 40, p. 189–214, 2023. DOI: 10.11606/issn.2448-1750.revmae.2023.209235. Disponível em: https://revistas.usp.br/revmae/article/view/209235.. Acesso em: 28 nov. 2024.