A Geoarqueologia: uma dívida na formação disciplinar dos arqueólogos na América Latina

Autores

  • Cristian Mario Favier Dubois Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2025.233395

Palavras-chave:

Arqueologia, Processos de formação de sítio, Estratigrafia arqueológica, tradição acadêmica latino-americano, dívida curricular

Resumo

Quando enfrentamos como arqueólogos a estratigrafia de sítios, escavamos “camadas” que, geralmente, não podemos definir geneticamente e as caracterizamos pela cor e textura, esperando que um geocientista nos ajude em sua interpretação. Mas não deveria o arqueólogo ser um bom intérprete da estratigrafia arqueológica, cuja origem é natural e cultural? Não deveríamos ter ferramentas metodológicas e conceituais para avaliar como um sítio se formou, como foi soterrado e como chegou até os dias de hoje? Estas são questões básicas que surgem quando pensamos a geoarqueologia como arqueologia, perspectiva que deveria ser parte de nossa formação disciplinar. Geoarqueologia não é geociência, é arqueologia. Trata-se de questões que nos interessam enquanto arqueólogos, sobre nossos problemas e objeto de estudo, nossas escalas e inferências. Isso não nos impede de recorrer a diferentes profissionais, como geólogos, geógrafos ou pedólogos, em busca de análises ou estudos específicos, mas como arqueólogos devemos lidar com os aspectos básicos do contexto geoambiental do sítio da mesma forma que lidamos com os materiais líticos, ósseos ou cerâmicos presentes no registro arqueológico. A geoarqueologia fornece o contexto de interpretação e trata de questões tão importantes quanto o caráter primário ou secundário de um sítio, o significado da associação entre os materiais que contém, a resolução e contemporaneidade dos depósitos arqueológicos, sua preservação, os possíveis hiatos entre camadas, assim como a origem natural ou cultural de alguns elementos e estruturas escavadas. Abordar aspectos interpretativos tão básicos da disciplina significa que os estudos geoarqueológicos não podem ser ignorados em nenhuma investigação arqueológica e devem ser uma parte inevitável do currículo de graduação de todo profissional arqueólogo.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Araujo, A.G.M. 2013. Geomorfologia e paleoambientes no leste da América do Sul: implicaçõesarqueológicas. In: Rubin, J.C.R.; Silva, R.T. (Eds.), Geoarqueologia, PUC Goiás, Goiânia, 135-180.

Araujo, A.G.M. et al. 2017. The “Lagoa do Camargo 1” Paleoindian site: some implications for tropical geomorphology, pedology, and paleoenvironments in southeastern Brazil. Geoarchaeology 32: 1-16. https://doi.org/10.1002/

Araujo, R.P. 2018. Por uma abordagem geoarqueológica: a interface entre a Arqueologia e as Ciências da Terra e a ênfase no contexto espacial. Cadernos do Lepaarq 15: 21-39. https:// doi.org/10.15210/lepaarq.v15i29.12298

Balek, C.L. 2002. Buried artifacts in stable upland sites and the role of bioturbation: a review. Geoarchaeology 17: 41-51 https://doi.org/10.1002/gea.10002

Bettis, A.E.; Mandel, R.D. 2002. The effects of temporal and spatial patterns of Holocene erosion and alluviation on the archaeological record of the Central and Eastern Great Plains, U.S.A. Geoarchaeology 17: 141-154. https://doi. org/10.1002/gea.10006

Brown, A.G. 1997. Alluvial geoarchaeology: floodplain archaeology and environmental change. Cambridge Manuals in Archaeology. Cambridge University Press, Cambridge.

Butzer, K.W. 1982. Archaeology as human ecology. Cambridge University Press, Cambridge.

Butzer, K.W. 1989. Arqueología, una ecología del hombre: método y teoría para un enfoque contextual. Bellaterra Arqueología, Barcelona.

Cano-Echeverri, M.C.; López, C.E.; Méndez Fajury, R.A. 2013. Geoarqueología en ambientes volcánicos: impactos ambientales y evidencias culturales en el Cauca Medio (centro occidente de Colombia). In: Rubin, J.C.R.; Silva, R.T. (Eds.), Geoarqueologia, PUC Goiás, Goiânia, 227-268.

Canti, M.G. 2003. Earthworm activity and archaeological stratigraphy: a review of products and processes. Journal of Archaeological Science 30: 135-148. https://doi.org/10.1006/ jasc.2001.0770

Castiñeira, C. et al. 2014. Modificación antrópica del paisaje durante el Holoceno tardío: las construcciones monticulares en el delta superior del río Paraná. Revista de la Asociación Geológica Argentina 71 :33-47.

Fanning, P. et al. 2009. The surface archaeological record in arid Australia: geomorphic controls on preservation, exposure, and visibility. Geoarchaeology 24: 121-146. https://doi. org/10.1002/gea.20259

Farrand, W.R. 2001. Sediments and stratigraphy in rockshelters and caves: a personal perspective on principles and pragmatics. Geoarchaeology 16: 537-557. https://doi. org/10.1002/gea.1004

Favier Dubois, C.M. 2006. Dinámica fluvial, paleoambientes y ocupaciones humanas en la localidad arqueológica Paso Otero, río Quequén Grande, Provincia de Buenos Aires. Intersecciones en Antropología (7):109-127.

Favier Dubois, C.M. 2009. Geoarqueología: explorando propiedades espaciales y temporales del registro arqueológico. In: Barberena, R.; Borrazzo, L.; Borrero, L.A. (Eds.), Perspectivas actuales en arqueología argentina. Dunken, Buenos Aires, 33-54.

Favier Dubois, C.M. 2019. Human occupation chronologies modeled by geomorphological factors: a case study from the atlantic coast of Northern Patagonia (Argentina). In: Inda Ferrero, H.; García Rodríguez, F. (Eds). Advances in coastal geoarchaeology in Latin America. Springer, Cham, 1-15. https://doi.org/10.1007/978-3-030-17828-4_1

Favier Dubois, C.M.; Massigoge, A.; Messineo, P.G. 2017. El Holoceno medio en valles fluviales del sudeste pampeano, ¿escasez de sitios o de unidades portadoras? una perspectiva geoarqueológica. Revista del Museo de Antropología 10: 19-34. https://doi. org/10.31048/1852.4826.v10.n2.15414

Favier Dubois, C.M.; Politis, G.G. 2017. Environmental dynamics and formation processes of the archaeological record at the pampean archaeological locality Zanjon Seco, Argentina. Geoarchaeology 32: 622-632. https:// doi.org/10.1002/gea.21630

Ferring, C. R. 1986. Rates of fluvial sedimentation: implications for archaeological variability. Geoarchaeology 1: 259-274. https://doi. org/10.1002/gea.3340010303

French, C. 2003. Geoarchaeology in action: studies in soil micromorphology and landscape evolution. Routledge, London. https://doi. org/10.4324/9780203987148

French, C. 2015. A handbook of geoarchaeological approaches for investigating landscapes and settlement sites. Oxbow Books, Oxford. https:// doi.org/10.2307/j.ctvh1dthr

GEGAL – Grupo de Estudos Geoarqueológicos da América Latina. 2025. Cursos. Disponível em: https://www.GEGAL.net/cursos. Acesso em: 27/06/2025.

Giannini, P.C.F. et al. 2010. Interações entre evolução sedimentar e ocupação humana pré-histórica na costa centro-sul de Santa Catarina, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas 5: 105-128. https://doi.org/10.1590/ S1981-81222010000100008

Goldberg, P.; Holliday, V.T.; Ferring, C.R. 2001. Earth sciences and archaeology. Springer, Boston. https:// doi.org/10.1007/978-1-4615-1183-0

Goldberg, P.; Macphail, R.I. 2006. Practical and theoretical geoarchaeology. Blackwell, Hoboken. https://doi.org/10.1002/9781118688182

Goldberg P.; Berna, F. 2010. Micromophology and context. Quaternary International 214: 56-62. https://doi.org/10.1016/j.quaint.2009.10.023

Gutierrez, M.A.; Kaufmann, C.A. 2007. Methodological criteria for the identification of formation processes in Guanaco (Lama guanicoe) bone assemblages in fluvial-lacustrine environments. Journal of Taphonomy 5: 151-176.

Hassan, F.A. 1978. Sediments in archaeology: methods and implications for palaeoenvironmental and cultural analysis. Journal of Field Archaeology 5: 197-213. https:// doi.org/10.1179/009346978791489899

Holliday, V.T. 1992. Soils in archaeology. landscape evolution and human occupation. Smithsonian Institution Press, Washington.

Holliday, V.T. 2004. Soils in archaeological research. Oxford University Press, Oxford. https://doi. org/10.1093/oso/9780195149654.001.0001

Johnson, D.L. 1990. Biomantle evolution and the redistribution of earth materials and artifacts. Soil Science 149: 84-102.

Karkanas, P.; Goldberg, P. 2019. Reconstructing archaeological sites: understanding the geoarchaeological matrix. John Wiley & Sons, Oxford.

Posada Restrepo, W.; Parra, L.N.; Jaramillo, D.F. 2010. Procesos antrópicos y procesos naturales a escala de sitio. Un caso de geoarqueología en el municipio de Frontino, noroccidente colombiano. Revista Arqueología del Área Intermedia 8: 121-158.

Rapp, G.R.; Hill, C.L. 1998. Geoarchaeology: the earth¬science approach to archaeological interpretation. Yale University Press, New Haven, London.

Renfrew, C. 1976. Archaeology and the earth sciences. In: Davidson, D.A.; Shackley, M.L. (Eds.), Geoarchaeology: earth science and the past. Duckworth, London, 1-5.

Roldán, J. et al. 2015. Metodología geoarqueológica para el estudio de áreas agrícolas en zonas semiáridas de Latinoamérica. In: Rubin, J.C.R; Favier Dubois, C.M.; Silva, R.T. (Eds.), Geoarqueologia na America do Sul. PUC Goiás, Goiânia, 361-386.

Rubin, J.C.R. et al. 2013. Arqueoestratigrafía: processos naturais e ação antrópica. In: Rubin, J.C.R.; Silva, R.T. (Eds.), Geoarqueologia. PUC Goiás, Goiânia, 45-68.

Rubin, J.C.R. et al. 2015. Transformações na paisagem por grupos pré-coloniais, Goiás, Brasil. In: Rubin, A Geoarqueologia: uma dívida na formação disciplinar dos arqueólogos na América Latina R. Museu Arq. Etn., 44: 6-19, 2025.

J.C.R.; Favier Dubois, C.M.; Silva, R.T. (Eds.), Geoarqueologiaa na America do Sul. PUC Goiás, Goiânia, 141-168.

Rubin, J.C.R. et al. 2019. Geoarchaeology and historical archaeology in Pelourinho, Salvador, Brazil: settlement. landscape and hypotheses. In: Inda Ferrero, H.; García Rodríguez, F. (Eds.), Advances in Coastal Geoarchaeology in Latin America. Springer, Cham, 49-64.

Salemme, M.C.; Oria, J.; Santiago, F.C. 2016. La geoarqueología en la Argentina: aportes y avances. Intersecciones en Antropología 4: 5-6.

Sampietro Vattuone, M.M.; Peña Monné, J.L. (Eds.). 2016. Geoarqueología de los Valles Calchaquies. Laboratorio de Geoarqueología, Universidad Nacional de Tucumán, Tucumán.

Sampietro Vattuone, M.M.; Peña Monné, J.L. 2019. Cambios ambientales y geoarqueología en medios áridos/semiáridos: propuesta metodológica. Boletín de la Sociedad Geológica Mexicana 71: 565-584. https://doi.org/10.18268/ bsgm2019v71n2a19

Sitzia, L.; Ugalde, P.C.; Holliday, V.T. 2022. South American geoarchaeology: Contributions after the 21st National Chilean Archaeology Conference. Geoarchaeology 37: 5-12. https://doi. org/10.1002/gea.21899

Sousa, D.V.; Rodet, M.J. 2015. Interação entre pedología e arqueología “pedoarqueología”. In: Rubin de Rubin, J.; Favier Dubois, C.M.; Silva,

R.T. (Eds.), Geoarqueología na America do Sul. PUC Goiás, Goiânia, 383-426.

Stafford, C.R. 1995. Geoarchaeological perspectives on paleolandscapes and regional subsurface archaeology. Journal of Archaeological Method and Theory 2: 69-104. https://doi.org/10.1007/ BF02228435

Stein, J.K. 1987. Deposits for archaeologists. In: Schiffer, M.B. (Ed.), Advances in Archaeological Method and Theory. Academic Press, v. 11, 337¬395. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-003111¬5.50009-9

Stein, J.K. 1990. Archaeological stratigraphy. In: Lasca, N.P.; Donahue, J. (Eds.), Archaeological Geology of North America. Geological Society of America, Boulder, v. 4, 513-523. https://doi.org/10.1130/ DNAG-CENT-v4.513

Stein, J.K. 1993. Scale in archaeology, geosciences, and geoarchaeology. In: Stein, J.K.; Linse, A.R (Eds.), Effects of scale on archaeological and geoscientific perspectives. Geological Society of America, Boulder, 1-10.

Stein, J.K. 2001. A review of site formation processes and their relevance to geoarchaeology. In: Goldberg, P.; Holliday, V.T.; Ferring, C.R. (Eds.), Earth sciences and archaeology. Springer, Boston, 37-51. https://doi.org/10.1007/978-1-4615-1183-0_2

Stein, J.K.; Farrand, W.R. 2001. Sediments in archaeological context. The University of Utah Press, Salt Lake.

Tchilinguirián, P.; Ozán, I.L.; Morales, M. 2016. El suelo y la arqueología. In: Pereyra, F.X.; Torres Duggan, M. (Eds.), Suelos y geología argentina: una visión integradora desde diferentes campos disciplinarios. Universidad Nacional de Avellaneda, Buenos Aires, 252-276.

Villagran, X.S. 2010. Estratigrafias que falam: geoarqueologia de um sambaqui monumental. Annablume, São Paulo.

Villagran, X.S. 2019. The shell midden conundrum: Comparative micromorphology of shell¬matrix sites from South America. Journal of Archaeological Method and Theory 26: 344-395

Villagran, X.S.; Giannini, P.C.F.; DeBlasis, P. 2009. Archaeofacies analysis: using depositional attributes to identify anthropic processes of deposition in a monumental shell mound of Santa Catarina State, southern Brazil. Geoarchaeology 24: 311-335. https://doi.org/10.1002/gea.20269

Waters, M.R. 1992. Principles of geoarchaeology: a North American perspective. The University of Arizona Press, Tucson.

Waters, M.R. 2000. Alluvial stratigraphy and geoarchaeology in the American Southwest. Geoarchaeology 15: 537¬557. https://doi.org/10.1002/1520-6548(200008)15:6%3C537::AID¬GEA5%3E3.0.CO;2-E

Waters, M.R.; Kuehn, D.D. 1996. The geoarchaeology of place: the effect of geological processes on the preservation and interpretation of the archaeological record. American Antiquity 61(3):483-497. https://doi.org/10.2307/281836

Zárate, M.A. et al. 2000/2. Sitios arqueológicos someros: el concepto de sitio en estratigrafía y sitio de superficie. Cuadernos del Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano 19: 635-653. http://hdl.handle. net/11336/40844

Downloads

Publicado

2025-09-12

Como Citar

FAVIER DUBOIS, Cristian Mario. A Geoarqueologia: uma dívida na formação disciplinar dos arqueólogos na América Latina. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Brasil, n. 44, p. 6–19, 2025. DOI: 10.11606/issn.2448-1750.revmae.2025.233395. Disponível em: https://revistas.usp.br/revmae/article/view/233395.. Acesso em: 29 dez. 2025.