A chave dos manuscritos – Um novo olhar sobre Vidas secas

Autores

  • Mario Santin Frugiuele Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.i146p53-70

Palavras-chave:

Vidas secas, Graciliano Ramos, Manuscritos, Crítica genética, Processo de escrita

Resumo

Este artigo propõe uma leitura genética de Vidas secas a partir do estudo dos manuscritos autógrafos de Graciliano Ramos, preservados no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP). A análise detalha procedimentos de escrita e reescrita, revelando a arquitetura minuciosa por trás do romance. Entre cortes, acréscimos e substituições, emergem rastros do processo criativo e indícios de decisões estilísticas cuidadosas do autor. O artigo também discute a estrutura do livro – tradicionalmente lido como um “romance desmontável” –, apontando para sua coesão interna e para a intencionalidade na montagem dos capítulos. Ao investigar as camadas materiais e textuais do dossiê genético de Vidas secas, o trabalho ilumina aspectos pouco visíveis da elaboração literária e sugere novas possibilidades interpretativas para a obra.

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Biografia do Autor

  • Mario Santin Frugiuele, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Gerente editorial da Editora Todavia e doutor em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP

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Publicado

2025-08-28

Edição

Seção

Dossiê Graciliano Ramos

Como Citar

FRUGIUELE, Mario Santin. A chave dos manuscritos – Um novo olhar sobre Vidas secas. Revista USP, São Paulo, Brasil, n. 146, p. 53–70, 2025. DOI: 10.11606/issn.2316-9036.i146p53-70. Disponível em: https://revistas.usp.br/revusp/article/view/240515.. Acesso em: 25 dez. 2025.