A chave dos manuscritos – Um novo olhar sobre Vidas secas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.i146p53-70Palavras-chave:
Vidas secas, Graciliano Ramos, Manuscritos, Crítica genética, Processo de escritaResumo
Este artigo propõe uma leitura genética de Vidas secas a partir do estudo dos manuscritos autógrafos de Graciliano Ramos, preservados no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP). A análise detalha procedimentos de escrita e reescrita, revelando a arquitetura minuciosa por trás do romance. Entre cortes, acréscimos e substituições, emergem rastros do processo criativo e indícios de decisões estilísticas cuidadosas do autor. O artigo também discute a estrutura do livro – tradicionalmente lido como um “romance desmontável” –, apontando para sua coesão interna e para a intencionalidade na montagem dos capítulos. Ao investigar as camadas materiais e textuais do dossiê genético de Vidas secas, o trabalho ilumina aspectos pouco visíveis da elaboração literária e sugere novas possibilidades interpretativas para a obra.
Downloads
Referências
BRAGA, R. “Vidas secas”, in Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 14/ago./1938. 1º suplemento.
BRAYNER, S. (org.). Graciliano Ramos. 2ª ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978.
BUENO, L. Uma história do romance de 30. São Paulo/Campinas, Edusp/Editora da Unicamp, 2015.
BUMIRGH, N. R. M. C. Graciliano Ramos e a revista Cultura Política: pequena abordagem interpretativa na proposta de edição crítica de Viventes das Alagoas. Tese de doutorado. São Paulo, FFLCH-USP, 2003.
CARPEAUX, O. M. “Visão de Graciliano Ramos”, in Origens e fins: ensaios. Rio de Janeiro, C.E.B., 1943, pp. 339-51.
CASTRO, I. Editar Pessoa. 2ª ed. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 2013.
DE BIASI, P.-M. A genética dos textos. Trad. Marie-Hélène Passos. Porto Alegre, EdiPUCRS, 2010.
FRUGIUELE, M. S. Os manuscritos de Vidas secas: a gênese. Tese de doutorado. São Paulo, FFLCH-USP, 2024.
HAY, L. A literatura dos escritores: questões de crítica genética. Trad. Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Horizonte, UFMG, 2007.
HOLANDA, A. B. de. “Depoimento sobre Graciliano Ramos”. Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 21/maio/1944.
HOLANDA, L. “Desbaste ou manuscritos de Vidas secas”, in I Encontro de Crítica Textual: o manuscrito moderno e as edições. São Paulo, USP, 1986.
HOLANDA, L. “Os manuscritos: uma acurada forma de ler”, in A. Portela et al. Sobre a escrita criativa III. Org. Patricia Gonçalves Tenório. Recife, Raio de Sol, 2020.
KURY, A. da G. “Em busca da palavra exata: Graciliano Ramos, perfeccionista”. Confluência: Revista do Instituto de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Liceu Literário Português, 1994.
MAIA, P. M. Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos: Benjamín de Garay e Raúl Navarro. Salvador, EDUFBA, 2008.
MORAES, D. de. O velho Graça. Uma biografia de Graciliano Ramos. Rio de Janeiro, José Olympio, 1992.
MOURA, E. D. de. Graciliano: romancista, homem público, antirracista. São Paulo, Edições Sesc, 2023.
NERY, V. C. A. Narrativa da criação: a gênese de Memórias do cárcere. São Paulo, Edições Inteligentes, 2006.
PESSOA, F. Poemas de Alberto Caeiro. Ed. crítica de Fernando Pessoa, vol. 4. Ed. de Ivo Castro. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 2015.
RAMOS, C. Mestre Graciliano: confirmação humana de uma obra. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1979.
RAMOS, G. “Auto-retrato”. Leitura, dez./1942, p. 12.
RAMOS, G. “Depoimento sobre Vidas secas a João Condé”, in Vidas secas. Ed. fac-similar da 1ª ed. de 1938. Rio de Janeiro, José Olympio, 1988.
RAMOS, G. Memórias do cárcere. 46ª ed. Rio de Janeiro, Record, 2013 (e-book).
RAMOS, R. Graciliano: retrato fragmentado. 2ª ed. São Paulo, Globo, 2011.
SALLA, T. M. “As marcas de um autor revisor: Graciliano Ramos à roda dos jornais e das edições de seus próprios livros”. Livro: Revista do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição, n. 5. São Paulo, Ateliê Editorial/Nele, nov./2015, pp. 95-121.
SALLA, T. M. “Nota editorial”, in G. Ramos. Vidas secas. São Paulo, Todavia, 2024.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista USP

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
|
Pertence à revista. Uma vez publicado o artigo, os direitos passam a ser da revista, sendo proibida a reprodução e a inclusão de trechos sem a permissão do editor. |