Influência do ensino remoto online na disponibilidade para aprendizagem interprofissional e no desenvolvimento de competências interprofissionais
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.225117Palavras-chave:
Formação profissional em saúde, Educação interprofissional em saúde, Aprendizagem compartilhada, Pandemia de COVID-19, Ensino superiorResumo
Introdução: A Educação Interprofissional (EIP) tem sido um dispositivo para disseminar a cooperação e colaboração no trabalho em equipe, que usualmente é realizado em formatos presenciais. Entretanto, devido à pandemia de Covid-19 foi necessário mudar temporariamente o ensino para o formato remoto online. E diante disso, questiona-se se o ensino online em um currículo totalmente interprofissional consegue desenvolver as competências preconizadas pela educação interprofissional. Objetivo: Analisar as influências da pandemia na disponibilidade para a aprendizagem interprofissional e no desenvolvimento de competências interprofissionais na percepção dos estudantes e docentes de uma universidade pública do estado de São Paulo. Método: Este artigo trata-se de um recorte de uma pesquisa de doutorado, cujo delineamento foi o método misto. Foram apresentados os resultados de parte da etapa quantitativa, que analisava a disponibilidade para aprendizagem interprofissional dos estudantes e o estímulo para a formação de competências interprofissionais na percepção dos discentes e docentes. Foram utilizados o Readiness Interprofessional Learning Scale-RIPLS e um questionário criado pelos pesquisadores sobre questões sociodemográficas e de acesso à tecnologias, e sobre o estímulo para formação de competências para o ensino interprofissional (CEIP).Participaram do estudo docentes e estudantes com vínculo ativo na instituição. Os dados da etapa quantitativa foram analisados descritivamente, e modelos estatísticos generalizados foram utilizados para analisar o estímulo para o desenvolvimento de competências interprofissionais, bem como a disponibilidade para a aprendizagem interprofissional, que também foi analisada com uma escala atitudinal. Resultados e Discussão: Estudantes que ingressaram durante a pandemia apresentaram menos disponibilidade para a aprendizagem interprofissional, principalmente no fator identidade interprofissional. Já no estímulo das competências interprofissionais percebida pelos estudantes, a idade e a pandemia foram variáveis que influenciaram a percepção. Enquanto para os docentes foi a pandemia e o tempo de trabalho na instituição. Considerações Finais: É necessária uma abordagem mais direcionada para fortalecer a disponibilidade para a aprendizagem interprofissional, sobretudo, a identidade interprofissional. A comparação com estudos anteriores e a discussão sobre a influência do momento da formação, do desenvolvimento docente e da adaptação às mudanças impostas pela pandemia demonstram prejuízos na formação interprofissional no cenário da pandemia, e reforçam, portanto, a necessidade da formação em saúde ser na modalidade presencial. A pandemia também emergiu como um elemento influente, especialmente na transição abrupta para o ensino remoto, afetando a percepção dos participantes sobre a efetividade e a qualidade da formação interprofissional.
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