Terapia ocupacional e a armadilha neoliberal progressista: desafios para uma práxis antiopressiva
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v33i1pe209610Palabras clave:
Terapia Ocupacional/tendêcias, Identificação SocialResumen
Compreendendo as contradições que envolvem o neoliberalismo, e suas pretensões progressistas, é preciso se interrogar sobre as possíveis armadilhas que essas configurações sociais podem “construir” para disfarçar a sua malvadez, inviabilizando uma práxis terapêutico-ocupacional radicalmente antiopressiva, que não se deixe enganar pelas narrativas hegemônicas que tudo tentam cooptar. Parte dessas armadilhas, para nós, se desenha em relação com o fenômeno do identitarismo. De forma mais explícita, esses movimentos articulados – neoliberalismo progressista e identitarismo – representam um risco para a ação profissional contemporânea, reduzindo a compreensão dos sujeitos ao imediato, ao visível, ao individual e ao subjetivismo, por uma ação que lê o caminho do reconhecimento da identidade (colocada como fixa e separada das dinâmicas sociais) via, exclusivamente, o empoderamento individual/vazio/simbólico, podendo reafirmar um discurso meritocrata. Logo, é urgente empreender as lutas pelo reconhecimento das identidades em diálogo com a leitura do sujeito social em uma estrutura desigual e conjuntamente às lutas por redistribuição. Assim, a dimensão social objetiva e concreta, que se consolida na estrutura social, toma lugar na práxis terapêutico-ocupacional e vai de encontro aos movimentos que tentam negar (pela força ou pelo consenso) nossa ação comprometida com a antiopressão e com a transformação social.
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