Experiência dividida e compartilhada: enciclopédias para garotos e garotas nos comentários de antigos leitores
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.235324Palavras-chave:
Não-ficção para adolescentes, Enciclopédias para garotas e garotos, Recepção, Antropologia da leitura, Etnografia da internetResumo
Este estudo explora a recepção de “enciclopédias para meninas e meninos” em língua russa, um gênero de não-ficção segregado por gênero que delineia visões conservadoras de feminilidade e masculinidade, e que serve como uma forma de educação sexual e orientação comportamental. Esse gênero pode ser visto como parte de uma “reação cultural” mais ampla após a queda do comunismo, análoga às tendências no Ocidente que alimentam o populismo de direita, embora sejam decorrentes de contextos históricos diferentes. Esta pesquisa investiga a interação entre os sujeitos normativos construídos por essas enciclopédias de gênero e a agência dos leitores que podem resistir a essas ideologias prescritas. Utilizando metodologia qualitativa, o estudo analisa comentários na Internet de leitores anteriores, empregando o conceito de Maria Nikoláieva da “falácia da identificação” para entender o impacto desses textos. As descobertas sugerem que, embora esses livros criem um espaço comunicativo compartilhado para uma geração de leitores, independentemente do gênero, a imposição pretendida de valores conservadores é frequentemente recebida com ironia e ceticismo na idade adulta, indicando um impacto mais sutil na formação da identidade do que pressupõe a natureza didática do gênero. Junto com a recepção do leitor, as funções dentro da vida social e cultural (bytovanie) desses textos também são reconstruídas: desde as práticas de aquisição até a transferência e a censura.
Downloads
Referências
COCKS, Neil. “The implied reader. Response and responsibility: Theories of the implied reader in children’s literature criticism”. In: Children’s literature: new approaches. London: Palgrave Macmillan UK, 2004, pp. 93-117.
FERREDAY, Debra. Online Belongings. Oxford: Peter Lang UK, 2009.
INOZEMTSEV, I. “Amerikanskaia entsiklopedicheskaia kniga dlia mal’chikov” [American Encyclopedic Book for Boys]. Detskaia literatura, n. 9, 1936, p. 43.
KELLY, Catriona. Refining Russia: Advice literature, polite culture, and gender from Catherine to Yeltsin. Oxford: OUP Oxford, 2001.
LANOUX, Andrea. “Laundry, potatoes, and the everlasting soul: Russian advice literature for girls after communism”. The Russian Review, v. 73, n. 3, 2014, pp. 404-426.
LANOUX, Andrea, et al. Growing out of Communism: Russian Literature for Children and Teens, 1991-2017. Leiden: Brill; Paderborn: Ferdinand Schöningh, 2022.
MARYL, Maciej. “The Anthropology of Literary Reading—Methodological Issues”. Teksty Drugie, n. 2, 2012, pp. 181-201.
MASLINSKAYA, Svetlana G.; ZAPADOVA, Tatiana G. “’Vot takoe eto pokolenie’: semeinoe chtenie v rakurse pokolencheskogo razryva” [‘This is the generation’: family reading from the perspective of the generational gap]. In: ASONOVA, E.A. (ed.). Chitatel’ v poiske. Moskva: Bibliomir, 2018, pp. 8-16.
MCCALLUM, Robyn. Ideologies of Identity in Adolescent Fiction: The Dialogic Construction of Subjectivity. London: Routledge, 2013.
MCROBBIE, Angela. The Aftermath of Feminism: Gender, Culture and Social Change. London: SAGE, 2009.
NIKOLAJEVA, Maria. “Memory of the Present: Empathy and Identity in Young Adult Fiction”. Narrative Works, v. 4, n. 2, 2019, pp. 90-108.
NIKOLAJEVA, Maria. Power, Voice and Subjectivity in Literature for Young Readers. London: Routledge, 2012.
ROGERS, Theresa. “Literary theory and children’s literature: Interpreting ourselves and our worlds”. Theory into practice, v. 38, n. 3, 1999, pp. 138-146.
SALMENNIEMI, Suvi; ADAMSON, Maria. “New Heroines of Labour: Domesticating Post-Feminism and Neoliberal Capitalism in Russia”. Sociology, v. 49, n. 1, 2015, pp. 88–105.
SCHOR, Juliet B. Born to buy: The Commercialized Child and the New Consumer Culture. New York: Scribner, 2005.
SCHWEBEL, Sara L. “The Limits of Agency for Children’s Literature Scholars”. Jeunesse: Young People, Texts, Cultures, v. 8, n. 1, 2016, pp. 278-290.
SERGIENKO, Inna A. “’Smert’ geroia’: siuzhet detskoi smerti v didakticheskoi proze kontsa XVIII veka” [‘Death of the Hero’: The Plot of a Child’s Death in Didactic Prose of the Late 18th Century]. Detskie chteniia, v. 1, n. 7, 2015, pp. 113–127.
SOTEVİK, Lena, et al. “Familiar Play: Age-Coded Heteronormativity in Swedish Early Childhood Education”. European Early Childhood Education Research Journal, v. 27, n. 4, 2019, pp. 520–33.
ŚWIETLICKI, Mateusz. “Be Yourself… but Don’t Be a Wimp! Advice Literature in the USSR and Gender Roles in Contemporary Ukrainian Books for Girls and Boys”. Miscellanea Posttotalitariana Wratislaviensia, v. 7, 2018, pp. 73–85.
ŚWIETLICKI, Mateusz. “You Are Not a Doll, Not a Commodity! – Contemporary Ukrainian Advice Literature for Girls”. Slavia Occidentalis, n. 73/2, 2018, pp. 123–32.
WOOD, Elizabeth A. “February 23 and March 8: Two Holidays that Upstaged the February Revolution”. Slavic Review, v. 76, n. 3, 2017, pp. 732-740.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Yauheniya Lekarevich

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os autores que publicam na RUS concordam com os seguintes termos:
a. Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY-NC-SA) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).