Núm. 22 (2022): João Cabral de Melo Neto: poesia e outras linguagens
Dossiê: João Cabral de Melo Neto: poesia e outras linguagens
Desde a sua estreia, na década de 1940, João Cabral de Melo Neto tem sido considerado pela crítica como o dono de uma voz poética particular e até mesmo marginal em face da literatura produzida na língua portuguesa. Uma das razões dessa singularidade é o intenso diálogo com diferentes linguagens artísticas, que desde os primeiros livros se tornou uma das obsessões do poeta. Tal interesse pelas outras artes foi além da pintura e da arquitetura, seus modelos iniciais, englobando também a tipografia e artes populares como o flamenco e a tourada. O trânsito entre a poesia e outras linguagens ou expressões culturais, no caso de João Cabral, parece estar estreitamente ligado aos traços distintivos de sua obra poética, como a problematização do conceito de poesia, a recusa do “lirismo”, a busca do concreto, a porosidade, a “impureza”, o desejo de “falar com coisas” e a atenção diversificada aos contextos sócio-culturais. Este número da revista Teresa reúne artigos que abordam, em suas diversas modalidades e implicações, esse diálogo do poeta pernambucano com as demais linguagens artísticas. Apresenta ainda alguns documentos raros e inéditos - textos publicados na imprensa e cartas de João Cabral ao cronista Rubem Braga -, resenhas de livros recentemente publicados e poemas inéditos de Alcides Villaça e Ricardo Aleixo.