A voz do tradutor nas traduções dos paratextos escritos por Charlotte Brontë para a segunda e a terceira edições de Jane Eyre — dedicatória, prefácio e nota
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v47p143-166Palavras-chave:
Voz do tradutor; Paratextos de traduções; Tradução literária; Jane Eyre; Charlotte BrontëResumo
Dedicatórias, prefácios e a notas do autor são partes constituintes de um romance, ou seja, foram incluídos no volume do texto principal por vontade de seu autor, como afirma Genette (2009) ao definir o que são paratextos editoriais. Charlotte Brontë adicionou ao seu romance Jane Eyre, de 1847, uma dedicatória e um prefácio à segunda edição e uma nota à terceira edição, todos assinados com o pseudônimo Currer Bell, cuja relação direta com a escritora somente seria revelada por ela em 1850. Existem no Brasil pelo menos 20 traduções de Jane Eyre, sendo que em apenas 11 delas os citados paratextos foram traduzidos. O objetivo deste artigo é demonstrar que a voz do tradutor (Hermans 1996; Schiavi 1996) pode estar presente também na tradução dos paratextos (Genette 2009) escritos pela autora, o que pode impactar a mensagem transmitida aos seus leitores no Brasil. Por meio de análise descritiva comparativa das traduções com o texto em inglês dos paratextos, percebe-se que a voz do tradutor está presente principalmente quando é atribuído um gênero ao autor do texto de partida. Tendo em vista que a verdadeira identidade da autora do romance só foi revelada em 1850, argumentamos que os tradutores utilizaram sua voz para fazer escolhas pela autora — três traduções atribuem voz feminina à autora dos paratextos, uma atribui uma voz neutra e as demais, voz masculina.
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