A ilha como maquete ficcional: colonialismo e miscigenção em Utopia, de Thomas More

Autores

  • José Roberto Araujo de Godoy Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.11606/va.i1.199514

Palavras-chave:

colonialismo, modernidade, colonialidade, Utopia

Resumo

Este artigo se propõe a ler Utopia (1516), de Thomas More, como uma chave de análise das conexões intrínsecas entre a modernidade europeia e um conjunto de práticas produzidas pelo processo colonial. Nesse sentido, nosso objetivo principal é discutir de que modo o discurso ficcional pode servir a nós, leitores contemporâneos, como ferramenta didática para visualizar em territórios gestados pelo processo colonial a persistência de seus mecanismos. Fazer da ficção um campo de exploração e de resposta a esse processo significaria reivindicar a topologia do utópico, fazer deste uma espécie de maquete ficcional das sociedades constituídas pelo colonialismo, antecipando ou refletindo as alterações espaciais que a modernidade impõe.

 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • José Roberto Araujo de Godoy, Universidade Estadual de Campinas

     José Godoy é escritor e crítico literário. Doutor em Letras pela PUC-Rio, seu trabalho discute as imbricações entre política e estética em espaços coloniais. É autor de três coletâneas de poemas, e contribui com alguns dos principais veículos do país, como os jornais "O Globo" e "Valor", e a rádio CBN, da qual é crítico literário. 

Referências

ANDERSON, Benedict. Imagined Communities: Reflections on the Origins and Spread of Nationalism. London: Verso, 1983.

AZOULAY, Ariella. Desaprendendo momentos decisivos. Revista Zum, São Paulo, v. 17, out. 2019. p. 117-137.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

CASALI, Romina. De la extinción al genocidio Selk’nam: sobre historia e historias para una expiación intelectual. A contracorriente, Buenos Aires, v. 15, n. 1, 2017. p. 60-78.

CÉSAIRE. Aimé. Une tempête. Paris: Présence Africaine, 1969.

CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe: Postcolonial Thought and Historical Difference. Princeton: Princeton University Press, 2000.

CHARTTEJEE, Partha. La nación en tiempo heterogéneo y otros estudios subalternos. Buenos Aires: CLACSO, 2008.

CHAVES, Castelo Branco. O Portugal de d. João V visto por três estrangeiros. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1983.

CLAEYS, Gregory (org.) Utopian literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

ESPOSITO, Roberto. Comunidad, inmunidad y biopolítica. Barcelona: Herder, 2012.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

GODOY, José Roberto Araújo. Uma estética do espaço latino-americano: colonialidade, soberania, virtualização, 2022, 198 f. Tese (Doutorado em Letras) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.

HARAMBOUR-ROSS, Alberto. Borderland Sovereignties: Postcolonial Colonialism and State Making in Patagonia (Argentina and Chile, 1840s-1922), 2012, 283 f. Thesis (PhD History) – Stony Brook University, Stony Brook, 2012.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. The Philosophy of History. New York: Dover, 1956.

MONTAIGNE, Michel. Os ensaios. São Paulo: Penguin-Companhia das Letras, 2010.

MORE, Thomas. Utopia. São Paulo: Penguin-Companhia das Letras, 2018.

O’GORMAN, Edmundo. A invenção da América. São Paulo: Editora Unesp, 1992.

POHL, Nicole. Utopianism after More: The Renaissance and Enlightenment In: CLAEYS, Gregory (org.) Utopian literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. p. 51-78.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. Buenos Aires: CLACSO, 2014.

RETAMAR, Roberto Fernández. Caliban. Revista Casa de las Américas, La Habana, n. 68, sept./oct., 1971.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Entre Próspero e Caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n. 66, p. 23-52, 2003.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes. In: SANTOS, Boaventura de Souza; MENESES, M. P. org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

SARMIENTO, Domingos Faustino. Facundo. Buenos Aires: Libraria La Facultad, 1921.

SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Unthinking Eurocentrism: Multiculturalism and the Media. New York: Routledge, 2014.

VIEIRA, Fátima. The Concept of Utopia. In: CLAEYS, Gregory (org.) Utopian literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. p. 3-27.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002.

WA THIONG’O, Ngugi. A grain of wheat. Londres: Heinemann, 1967.

Downloads

Publicado

2024-04-30

Edição

Seção

Dossiê 44: Colonialismo/orientalismo: figuras e figurações do Império em narrati

Como Citar

GODOY, José Roberto Araujo de. A ilha como maquete ficcional: colonialismo e miscigenção em Utopia, de Thomas More. Via Atlântica, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 506–536, 2024. DOI: 10.11606/va.i1.199514. Disponível em: https://revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/199514.. Acesso em: 15 maio. 2024.