Humanizar os legados feridos do passado colonial: o dever de pós-memória em Estranha Guerra de Uso Comum
DOI:
https://doi.org/10.11606/va.i1.200000Palavras-chave:
memória, pós-memória, colonialidade, dever, reconhecimento, compaixãoResumo
Este trabalho procura pensar os legados feridos do colonialismo sob uma perspetiva da pós-memória, isto é, sob o signo de uma urgência em compreender, humanizar e de universalizar os males que resultaram da experiência portuguesa nos territórios africanos colonizados, nomeadamente, no que concerne aos traumas, silêncios e cicatrizes criados por essa vivência ultramarina. Rasurar o passado é, à luz desta pretensão, um erro. Por conseguinte, o mérito deste emergente paradigma do estudo da memória realça a vontade histórica de uma geração que, por proximidade familiar, procura mediante processos de reconhecimento e de compaixão trazer para o lugar da mágoa uma luz mais positiva, compreensiva e fraternal.
Downloads
Referências
ALMEIDA, Miguel Vale. Ninguém imagina de verdade um português preto. Portuguese Literary and Cultural Studies, Dartmouth, v. 34 , n. 35, p. 32-41 , 2021.
ANCHAROFF, Michelle R.; MUNROE, James F. ; FISHER, Lisa M. The Legacy of War Trauma: Clinical Implications of Intergenerational Transmission. In: DANIELI, Yael. International Handbook of Multigenerational Legacies of Trauma. New York: Plenum , 1998 . p. 257-276.
ARENAS, Fernando. Africanos e afrodescendentes no cinema português contemporâneo: imigrantes, cidadãos, humanos. Portuguese Literary and Cultural Studies, Dartmouth, v. 34 , n. 35, p. 237-259, 2021.
BELANCIANO, Vítor. Não dá para ficar parado : música afro-portuguesa : celebração, conflito e esperança. Porto: Afrontamento , 2020.
BORGES, Rovênia Amorim. (des)colonialidade linguística e interculturalidade nas duas principais rotas da mobilidade estudantil brasileira. Comunicação e Sociedade, Braga, v . 41, p. 189-208, 2022.
CAMMAERT, Filipe. Cristalizações de memórias alheias: a Guerra Colonial na escrita da pós-memória de Paulo Faria. Abril: Revista do Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana da UFF, Niterói, v. 13, n.°27, p . 79-94, out. 2021.
CAMMAERT, Filipe. Passados reapropriados : pós-memória e literatura. Porto: Afrontamento, 2022.
CASTELO, Cláudia. Africanos e afrodescendentes na metrópole portuguesa ( século XX): regresso ao “arquivo imperial”. Portuguese Literary and Cultural Studies, Dartmouth, v. 34 , n. 35, p. 131-152, 2021.
CRUZEIRO, Maria Manuela. As mulheres e a Guerra Colonial: um silêncio demasiado ruidoso. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, v. 68, p. 31-41, 2004. DOI : 10.4000/rccs.1077.
DIAS, Aida ; SALES, Luísa. War’s Mental Health Legacies for Children of Combatants. Peace Review: A Journal of Social Justice, London, v. 21, n. 2, p. 182-187, 2009.
DI CASTRO, Raffaella . Testimoni del non-provato : ricordare, pensare, immaginare la Shoah nella terza generazione. Roma: Carocci, 2008.
FARIA, Paulo. Estranha guerra de uso comum. Lisboa: Ítaca, 2016.
FARIA, Paulo. Gente acenando para alguém que foge. Lisboa: Ítaca, 2020.
FRANÇA, Thais ; ALVES, Elisa ; PADILLA, Beatriz. Portuguese Policies Fostering International Student Mobility: A Colonial Legacy or a New Strategy? Globalisation, Societies and Education, London, v . 16, p . 325-338, 2018. DOI : 10.1080/14767724.2018.1457431.
HENRIQUES, Isabel Castro. Africanos em Portugal: uma dialética de integração e de exclusão ( séculos XV-XX). Portuguese Literary and Cultural Studies, Dartmouth, v. 34 , n. 35, p. 69-91, 2021.
HIRSCH, Marianne. The Generation of Postmemory. Poetics Today, Durham, v. 29 , n. 1 , p. 103-28, 2008.
KHAN, Sheila. Eu não sou o ‘Outro’ : estranhos e ausentes no portugal a lápis de cor. Gerador, Portugal, 20 fev. 2023. Disponível em: https://gerador.eu/ensaio-eu-nao-sou-o-outro-estranhos-e-ausentes-no-portugal-a-lapis-de-cor/. Acesso em: 18 abr. 2023 .
KHAN, Sheila . Cartas, solidão e voz para uma pós-memória: Maremoto, de Djaimilia Pereira de Almeida. Abril , Niterói, v. 13 , n. 27 , p. 125-135, 2021a. DOI: 10.22409/abriluff.v13i27.50266.
KHAN, Sheila. Portugal a lápis de cor : a sul de uma pós-colonialidade. Coimbra: Almedina, 2015.
KHAN, Sheila . Um narcisismo colonial: implicações históricas nas tecnologias de vigilância. Revista Ciências Humanas, Taubaté, v. 14, n. 2, p. 54-62, 2021b. DOI: 10.32813/2179-1120.2121.v14.n2.a743 .
KHAN, Sheila; MACHADO, Helena. Postcolonial Racial Surveillance Through Forensic Genetics. In: KHAN, Sheila; CAN; Nazir Ahmed; MACHADO, Helena (ed.). Racism and Racial Surveillance : Modernity Matters. London: Routledge, 2021 . p . 153 -172.
LAMARTINE, Camila ; SILVA, Marisa Torres. O ciberespaço como denúncia: assédio e discriminação vinculados à colonialidade no Projeto Brasileiras Não Se Calam. Comunicação e Sociedade, Braga, v . 41, p. 209-229, 2022.
MATA, Inocência ; ÉVORA, Iolanda. Apresentação: as veias abertas do pós-colonial: afrodescendências e racismos. Portuguese Literary and Cultural Studies, Dartmouth, v. 34 , n. 35, p. 1-7, 2021.
NIMAKO, Kwame. Black Europe and a Contested European Union. Portuguese Literary and Cultural Studies, Dartmouth, v. 34 , n. 35, p . 11-31, 2021.
NUSSBAUM, Martha C. Compassion and Terror. Daedalus, Cambridge, v. 132 , n. 1 , p . 10-26, 2003.
RIBEIRO, António Sousa. Pós-memória: um conceito (ainda) emergente. A cena da pós-memória : o presente do passado na Europa pós-colonial. Porto: Afrontamento, 2021 . p. 15-28.
RIBEIRO, António Sousa. Pós-memória e compaixão : a razão das emoções. Memoirs Newsletter, Coimbra, p . 15, 2018. Disponível em: https://memoirs.ces.uc.pt/ficheiros/4_RESULTS_AND_IMPACT/JORNAL/MEMOIRS_ENCARTE_web.pdf . Acesso em 11 jul. 2022.
RIBEIRO, Margarida Calafate. O sentimento de um(a) ocidental declinado no feminino. Portuguese Literary and Cultural Studies, Dartmouth, v. 34 , n. 35, p. 331-352, 2021.
RIBEIRO, Margarida Calafate; RIBEIRO, António Sousa. Os netos que Salazar não teve: Guerra Colonial e memória de segunda geração. Abril , Niterói, v. 5 , n. 11 , p. 25-36, 2013. DOI: 10.22409/abriluff.v5i11.29660.
RIBEIRO, Margarida Calafate ; RODRIGUES, Fátima da Cruz. Des-cobrir a Europa : filhos de impérios e pós-memórias europeias. Porto: Afrontamento, 2022.
SALES, Luísa. Distúrbio de stress pós-traumático e peritagem médico-legal. Revista Portuguesa de Saúde Militar, Portugal, v. 1, p. 9-14, 2004.
SALES, Luísa. Por debaixo das pústulas da guerra : a Guerra Colonial (1961-1974). Braga: Centro de Estudos Lusíadas, 2006 . p. 73-80.
SALES, Luisa ; PEREIRA, Fernando Guardado ; DIAS, Aida. PTSD em ex-combatentes : dados de investigação em Portugal. In:PIRES , Carlos Lopes (ed./org.). Stresse pós- traumático: modelos, abordagens e práticas. Leiria: Diferença, 2006 . p. 91-100.
SILVA, Carlos ; DUARTE, Vera ; KHAN, Sheila. Entre a inserção e a exclusão: a identidade étnica de imigrantes dos palop. In: Congresso de Sociologia : Portugal Território de Territórios : Área Temática: Migrações, Etnicidade e Racismo , 9., 2016, Portugal. Anais […]. Portugal: [s. n.], 2016. p . 2-15 . Disponível em: https://associacaoportuguesasociologia.pt/ix_congresso/docs/final/COM0593.pdf. Acesso em: 11 jul. 2022.
SOARES, Zita. O lugar volátil da fala. Memoirs Newsletter, Coimbra, p . 11, 2018. Disponível em : https://memoirs.ces.uc.pt/ficheiros/4_RESULTS_AND_IMPACT/JORNAL/MEMOIRS_ENCARTE_web.pdf. Acesso em: 11 jul. 2022.
SOUSA, Vítor ; KHAN, Sheila ; PEREIRA, Pedro S. A restituição cultural como dever de memória. Comunicação e Sociedade, Braga, v . 41, p. 11-22, 2022.
VILAR, Fernanda. Slam: periferia, pós-memória e identidade. Confluenze : Rivista di Studi Iberoamericani, Bologna, v . 12, n . 2, p . 135-152, 2020.
ZAMBRA, Alejandro. Maneiras de voltar para casa. Lisboa: Divina Comédia, 2014.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Sheila Khan

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).