“A senhora disse-me que não ia mais comer as coisas do lixo”: a escrita inquietante como ferramenta de resistência e transformação social no testemunho da fome de Carolina Maria de Jesus
DOI:
https://doi.org/10.11606/va.v26.n1.2025.208268Palavras-chave:
literatura de testemunho, fome, racismo, favelaResumo
A obra Quarto de despejo (2014), de Carolina Maria de Jesus aborda as privações dos habitantes da favela do Canindé entre as décadas de 50 e 60 do século XX. Este artigo possui o objetivo de refletir acerca dessa obra, entendendo-a como testemunho do trauma da fome, persistente na realidade negra periférica do Brasil. Para isso, mobilizamos uma base teórica acerca da Literatura de Testemunho; da escrita como ferramenta de resistência e possibilitadora de transformação social; e da questão racial e de gênero. Concluímos que a autora expôs a sua realidade traumática da fome, do racismo e da sujeira através do discurso, utilizando-o como material de resistência e transformação social.
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