Literatura afrodescendente: uma leitura de Solitária à luz de Sueli Carneiro e de Grada Kilomba

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/va.v26.n1.209112

Palavras-chave:

Solitária, literatura afrodescendente, literatura contemporânea brasileira, construção do não-ser, outridade

Resumo

O artigo propõe uma leitura de Solitária, romance da escritora Eliana Alves Cruz. Para tal, analisa-se a narrativa das personagens Mabel e Eunice, em que o quarto de empregada e as outras estruturas arquitetônicas de segregação correspondem a uma metonímia para problematizar a persistência da colonialidade e o pensamento escravocrata no Brasil. A análise é desenvolvida a partir dos conceitos de construção do não-ser, da filósofa brasileira Sueli Carneiro, e de outridade, da psicóloga e artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba. Ao lançarmos luz sobre a literatura afrodescendente, face a questões relacionadas à História do Brasil, pretendemos instigar reflexões acerca do social.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Talita Rosetti Souza Mendes, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

    Doutora em Estudos de Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2022). Mestre em Estudos de Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2003), Pós-graduada em Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Faculdade de Formação de Professores (UERJ-FFP 2012), Graduada em Letras Português - Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Faculdade de Formação de Professores (UERJ 2009). Membro do grupo de pesquisa Linguagem, Cultura e Trabalho, da PUC-Rio. Desenvolve pesquisas nas áreas da linguística aplicada, análise da narrativa, sociolinguística interacional, ensino e decolonialidade. Interesses de pesquisa: articulação entre discurso, práticas e construções identitárias na educação.

  • Karine Aragão dos Santos Freitas, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutora em Letras / Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio (2017) e Mestre Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense (2012). Possui graduação em Letras também por essa instituição (2009). Professora Substituta de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os interesses de pesquisa debruçam-se, principalmente, sobre as relações entre: decolonialidade e o corpo feminino; estética e política; e as possíveis (re)construções de novas epistemologias sociais/acadêmicas, com base nos caminhos da decolonialidade.

Referências

BRASIL. Lei Complementar nº. 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico; altera as Leis nº. 8.212, de 24 de julho de 1991, nº. 8.213, de 24 de julho de 1991, e nº. 11.196, de 21 de novembro de 2005; revoga o inciso I do art. 3º da Lei nº. 8.009, de 29 de março de 1990, o art. 36 da Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991, a Lei nº. 5.859, de 11 de dezembro de 1972, e o inciso VII do art. 12 da Lei nº. 9.250, de 26 de dezembro 1995; e dá outras providências. Brasília: Câmara dos Deputados, 2015. Disponível em https://www2.camara.leg.br/legin/fed/leicom/2015/leicomplementar-150-1-junho-2015-780907-publicacaooriginal-147120-pl.html. Acesso em: 05 de março de 2023.

BRASIL. Emenda Constitucional nº. 72, de 02 de abril de 2013. Altera a redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais. Brasília: Presidência da República, 2013. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc72.htm.

BRASIL. Proposta de Emenda à Constituição nº. 66, de 2012. Altera a redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e demais trabalhadores urbanos e rurais. Brasília: Senado Federal, 2012. Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/109761 Acesso em: 05 de março de 2023.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

DALCASTAGNÈ, Regina. Uma voz ao sol: representação e legitimidade na narrativa brasileira contemporânea. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, v. 20, p. 33-77, 2002. Disponível em: <http://seer.bce.unb.br/index.php/estudos/article/viewFile/2214/1773>. Acesso em: 01 dez. 2022.

DUARTE, Eduardo de Assis. Por um conceito de literatura Afro-Brasileira. Terceira Margem, Rio de Janeiro, Número 23, julho/dezembro 2010.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. - São Paulo: Edições Loyola, 1996.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2020.

GONZALEZ, Lélia. Retratos do Brasil negro. Org.Alex Ratts e Flávia Rios. Rio de Janeiro: Selo Negro Edições, 2010.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Berlim: Editora Cobogó, 2008.

NASCIMENTO, Tamires e GONÇALVES, Renata. Entre a divisão sexual e a divisão racial do trabalho: a precarização das relações de trabalho das mulheres negras. Revista O Público e o Privado, nº 40, set/dez, 2021.

SOUZA, Jessé. A construção social da subcidadania: para uma sociologia política da modernidade periférica. 2ª ed, Belo Horizonte: UFMG

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América. Buenos Aires. Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales Editorial/Editor, 2005.

Downloads

Publicado

2025-05-22

Edição

Seção

Dossiê 45: As Literaturas de autoria afrodescendente no Brasil e em Portugal

Como Citar

MENDES, Talita Rosetti Souza; FREITAS, Karine Aragão dos Santos. Literatura afrodescendente: uma leitura de Solitária à luz de Sueli Carneiro e de Grada Kilomba. Via Atlântica, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 239–272, 2025. DOI: 10.11606/va.v26.n1.209112. Disponível em: https://revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/209112.. Acesso em: 15 nov. 2025.